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Tartarugas no litoral do Paraná são monitoradas por satélite

Entre os dias 27 e 31 de agosto o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar) realizou mais uma campanha de pesquisa de campo e marcação de tartarugas marinhas no litoral paranaense.

A atividade dá sequência ao trabalho de monitoramento do comportamento e dos parâmetros de saúde de tartarugas-verde juvenis, feito desde de 2014 pelo Rebimar com apoio do Programa Petrobras Socioambiental, em parceria com o Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC-UFPR).

As ações consistem em capturas intencionais para pesquisa de tartarugas-verde (Chelonia mydas) utilizando protocolo padronizado e equipe de profissionais habilitados que garantem a segurança dos animais. As tartarugas são avaliadas quanto à sua condição de saúde e marcadas com anilhas numeradas. Nesta campanha, que é a nona que o projeto realiza no litoral do Paraná, foram marcadas 14 tartarugas marinhas, sendo que 10 delas já haviam sido registradas em campanhas nos anos anteriores, indicando o uso recorrente do litoral paranaense.

Para a bióloga Camila Domit, coordenadora das atividades com tartarugas marinhas do Rebimar, estas campanhas são fundamentais para compreender o comportamento destes animais no Litoral do Paraná e propor medidas mais eficientes de conservação. “Estas ações nos permitem avaliar a distribuição e forma de ocorrência delas aqui no nosso litoral”, disse a bióloga.

“Após 8 campanhas realizadas entre 2014 e 2018, podemos afirmar que as tartarugas-verdes juvenis, que ocorrem aqui no nosso litoral, vêm de 12 lugares diferentes, inclusive do outro lado do Atlântico, próximo à África. Elas vêm para cá anualmente para se alimentar, e alguns animais ficam mais de 4 meses aqui no nosso litoral”, disse Camila.

Duas das tartarugas-verdes estudadas nesta campanha também foram marcadas com sensores de rastreamento por satélite, chamados TAGs. Estes aparelhos de alta tecnologia são instalados na carapaça de animais desta espécie, o que otimiza a geração de resultados sobre o padrão de migração e uso da área.

“Com o auxílio destes transmissores satelitais, percebemos que as tartarugas permanecem no Paraná, principalmente no entorno do Parque Estadual Ilha das Cobras, mas também na Ilha do Mel. Após este período elas costumam migrar, principalmente para as regiões Sudeste e Nordeste, possivelmente buscando águas mais quentes”, contou Domit.

Saúde das tartarugas marinhas alerta para a saúde do ser humano

Os técnicos do Rebimar e o do LEC-UFPR também realizam a análise de parâmetros sanguíneos das tartarugas marinhas, assim como a análise de presença de doenças, informações que refletem a qualidade ambiental de nosso litoral e de toda a costa brasileira.

A ocorrência de doenças em vários espécimes de tartarugas que foram avaliadas pela equipe se tornam um sinal de atenção, não apenas para as tartarugas marinhas, mas também para o próprio ser humano. “A degradação do ecossistema marinho, que afeta a saúde dos animais, também afeta a saúde do ser humano”, disse Camila, se referindo à quantidade de lixo descarregado nos oceanos.

O plástico, quando está no ecossistema marinho, acaba sendo agregado por algas e algumas plantas do mar, assim navegam pelos oceanos, e as partículas plásticas adquirem cor, cheiro e gosto de alimento. Com isso, espécies como as tartarugas e golfinhos, entre outros, confundem este lixo com o alimento, e acabam por comer o plástico. “Quando o plástico chega dentro do estômago destes animais, ele causa uma sensação de saciedade. Como está satisfeito, deixa de se alimentar e acaba ficando doente, e este processo pode levar estes animais à morte”, explicou Domit, que alerta:

“Precisamos abrir os olhos: se a saúde de animais marinhos como a tartaruga e os golfinhos está afetada, nossa saúde estará afetada também, afinal comem os mesmos peixes que nós comemos. Se eles estão doentes, nós também estaremos doentes!”

Rebimar

O Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (REBIMAR), é um conjunto de ações socioambientais que têm como base a utilização de Recifes Artificiais para auxiliar a recuperação da biodiversidade marinha e dos estoques pesqueiros em locais que sofreram impactos antrópicos. Desde que instalados em locais adequados, essa iniciativa é benéfica tanto para pescadores artesanais, que têm potencial incremento e diversificação de pescados, quanto para os ecossistemas marinhos, devido ao aumento da biodiversidade nos locais onde os recifes são instalados. O Rebimar foi iniciado em 2008, a partir da emissão da primeira licença do Ibama para a instalação de Recifes Artificiais no litoral paranaense. Hoje, 11 anos depois de seu início, o Rebimar ainda é o único projeto a obter este documento, obrigatório para projetos de instalação de recifes artificiais em todo o Brasil. A instalação foi pautada em robusta avaliação técnica de forma a obter ganhos ao meio ambiente e evitar impactos em locais conservados.

Desde 2010 com patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, o projeto atualmente ampliou as ações de conservação e recuperação de espécies ameaçadas da biodiversidade marinha e seus habitats na região costeira e marinha do Paraná e de São Paulo, além de monitorar os ganhos ambientais dos recifes artificiais instalados no litoral paranaense.

Fonte: Vinicius Araujo / MarBrasil / Rebimar / LEC-UFPR

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