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O nosso amigo Mariozinho Lobo

Mario Lobo Filho, em 2013 (Foto: Rodrigo Felix leal / Arquivo Portos do Paraná)

Estava andando pela Rua das Flores, muito triste, meu irmão mais velho Luiz Henrique tinha falecido há poucos dias. Encontrei com o Mariozinho e começamos a falar sobre ele. Logicamente, tinha muita dor na minha fala e ele me interrompeu de supetão. Pediu para eu que nunca mais falasse assim, que meu irmão era alegre e divertido e que pensar nele sempre renderia boas risadas. Sim, absoluta verdade. E assim será esta crônica. Divido minha coluna com Carlos Augusto Costa e Gustavo Fruet ou Talo e Guga. Não é difícil escrever sobre o Mariozinho, o difícil é escolher só uma história.

Talo, o primo

Talo fala sobre um carnaval em Ilha Bela, em 2012. Talo, Mariozinho e seus filhos foram para lá em companhia de uma funcionária para ajudar com as crianças. Talo saiu para pedalar e achou um clube de praia com piscina, alpendres, bares e muita música. Um bom lugar para todos, inclusive para as crianças. Começaram a ir todos os dias, no terceiro dia deu confusão. Do nada, um rapaz resolveu arrumar um quiprocó com Mário, Talo interviu e aquela situação foi resolvida de imediato. Até aqui tudo normal, mas se não tiver uma dose de realidade fantástica, não é história dos dois. “A coisa virou uma confusão generalizada, generalizada! Coisa de filme, briga de baile que todo mundo briga e não sabe o porquê. Eu, Mario e um cara que conhecíamos ficamos em cima de um platozinho, em meio a uma folhagem, observando a maior quebradeira. As pessoas começaram a fugir, uns não queriam brigar,  outros não queriam pagar a conta e arrombaram a roleta. O cara que estava conosco sugeriu que também fôssemos embora. Mário disse não, negativo. Eu e o primo somos da casa e somos fregueses, vamos pagar a conta e ajudar arrumar tudo. Esse é o caráter de Mariozinho”. Que boa história, Talo.

Guga, o amigo

Em 1986 ou 1987, Mariozinho, Gustavo e Ivan Bonilha foram para Cuba participar de um encontro de estudantes de Direito. Obviamente, seguiram as recomendações do escritor Ernest Hemingway. “Mi mojito en La Bodeguita, mi daiquiri en El Floridita”. E lá foram os três tomar mojitos e daiquiris nos bares preferidos de Hemingway. Tudo muito cult e lúdico? Só que não! “Fomos a tarde ao La Bodeguita e depois, caminhando até o El Floredita onde tem uma foto do Hemingway e o recorde dele eram oito daiquiris. É evidente que os daiquiris não eram servidos em copos grandes, não sabíamos disso e tomamos grandes. Nós, estudantes espertos, resolvemos tomar mais daiquiris que ele e pedir para colocar uma foto nossa ao lado da foto dele. O barman ou cantinero (em espanhol) ria muito da nossa insistência e queria saber tudo sobre nós. Nisso chegou a polícia cubana e tivemos um ataque de risos. Para contornar, Mariozinho começou a cantar Roberto Carlos e ele cantava bem ao ponto dos policiais começarem a bater palmas e dançar. Tudo virou em festa, mas ficamos sem nossa foto da parede do El Floridita.” Que frustração, hein, Guga?

Eu mesma

Em 1992, Mariozinho foi candidato a prefeito de Paranaguá. Eu e a jornalista Silvia Vicente Macedo fomos para lá com uma ideia bem simples: fazer um bate-papo dele com umas três pessoas para apresentar as propostas de campanha e fazer um jornal. Pensem numa coisa que saiu de controle. Fomos até a Ilha de Valadares com tudo certo. No começo, foi ótimo. Ele falava, as pessoas interagiam e nós anotávamos tudo. Só que foi chegando muita gente e de repente já tinha trinta pessoas e o assunto era o Clube Rio Branco ou Leão da Estradinha. Eu tentava voltar para o assunto principal e nada. Derivou para torneio de vôlei na Ilha do Mel, parentesco com a dona fulana e assim foi. Um calor absurdo e nós só na água mineral, até que alguém perguntou se o doutor queria uma cervejinha. Eu larguei a caneta e me rendi. Deu tudo certo, voltamos outro dia para as entrevistas sem Mariozinho por perto.

Um pouco das inúmeras boas lembranças de um cara inteligente, com coração gigante, excelente em todas as argumentações. Um amigão de toda minha vida e que adorava me provocar com tudo ou por qualquer coisa. Mariozinho foi gigante!

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