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Uma estação de sustentabilidade

Estação de Sustentabilidade – Via Rápida/Curitiba (Foto Divulgação)
Estação de Sustentabilidade – Via Rápida/Curitiba (Foto Divulgação)

A construção chama atenção de quem segue em direção ao centro pela via rápida do bairro Santa Candida. Ao primeiro olhar parece um novo terminal de ônibus, ou outro ponto de entretenimento, como tantos espalhados pela cidade.

Mas, não. É a ‘estação de sustentabilidade’ do projeto experimental “Sistema de Entrega Voluntária de Resíduos Sólidos”, desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente do municipio em parceria com as associações de catadores, para atendimento ao preconizado na Politica Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010).

Serve, especificamente, para receber resíduos recicláveis e tem como objetivo envolver a população na gestão dos resíduos sólidos, melhorar a coleta seletiva do lixo, além de criar mecanismo de inclusão social delegando a administração dos resíduos para as associações de catadores.

Pode receber 12 tipos de recicláveis, como vidro incolor e colorido, papel branco e colorido, papelão, embalagem longa vida, plásticos, rótulos, tampas e garrafas pet, latas de alumínio e outros metais. Esses materiais, antes de serem descartados na estação, devem estar separados e limpos.

A capacidade de armazenamento temporário da estação é de 5.700 litros e está estruturada em contêiner marítimo com vida útil vencida, – desses que se vê transitando em direção ao porto de Itapoá – adaptado para receber resíduos.

Atende os moradores do bairro, situados num raio médio de 300 metros da estação. A unidade permanece aberta 24 horas e o descarte pode ser efetuado na hora que for mais conveniente, não precisando que se espere pela coleta seletiva domiciliar. Pretende evitar o descarte irregular de resíduos e os consequentes problemas ambientais e sanitários.

A gestão dos resíduos sólidos é um dos principais problemas nas cidades. Curitiba, segundo o prefeito Gustavo Fruet, foi pioneira quando implantou há 20 anos o programa de coleta domiciliar “Lixo que Não é Lixo” e agora, seguindo a vocação inovadora, avança na educação para a sustentabilidade, incluindo a população na gestão do lixo reciclável.

Para o secretário municipal de Meio Ambiente, o primeiro passo foi conscientizar as pessoas sobre a quantidade de lixo produzido na cidade e a necessidade de um consumo consciente. Para isso foi desenvolvida campanha publicitária sobre consumo e reutilização de materiais e agora se pretende o envolvimento da população na destinação correta dos resíduos e, principalmente, na gestão do lixo domiciliar.

Proposta que poderia ser multiplicada, ou testada em outras cidades brasileiras que se defrontam com problemas semelhantes.

Em Itapoá, por exemplo, a coleta é terceirizada e está universalizada, ou seja, atende a todos os domicílios urbanos, porém a do lixo reciclável necessita aperfeiçoamentos. O sistema limita-se ao recolhimento do material por um caminhão em dias predeterminados. O resíduo deve estar acondicionado em sacos plásticos depositados ao pé das lixeiras individuais. Porém, nem todo material é coletado e fica no local aguardando os ‘carroceiros’ que se interessarem.

A divulgação é feita através de folheto distribuído aleatoriamente na cidade. Contém poucas explicações sobre a seleção dos materiais e quase nada sobre consumo consciente e reutilização de materiais.

O serviço recebe muitas criticas, pois com o lixo domiciliar é colocado nas lixeiras individuais que, frequentemente, tem os pacotes rasgados e revirados por cães e outros animais que perambulam nas ruas da cidade.

Talvez, um projeto similar, adaptado às condições e necessidades locais, possa ser construido e posteriormente testado, no entorno de uma escola pública, para ser analisado, avaliado e aperfeiçoado participativamente com a comunidade.

Por que não inspiração para uma ‘indicação’ na Câmara de Vereadores ao Executivo, como tantas outras contribuições.

De fato, Curitiba é surpreendente, uma cidade inovadora.

Itapoá (outono), 2015

 

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