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Paranaguá e Morretes discutiram impactos e intervenções da Nova Ferroeste

Audiência Pública Nova Ferroeste em Paranaguá (foto: Ferroeste)

A audiência pública realizada em Paranaguá, nesta segunda-feira (23), abriu a segunda semana de encontros para apresentar e discutir o Estudo de Impacto Ambiental do projeto da Nova Ferroeste.

A ferrovia vai ligar Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, com ramais até Foz do Iguaçu e Chapecó (SC). Assim, serão unidos por trilhos dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Será o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do país, perdendo em capacidade apenas para a malha paulista.

Até agora, mais de 2 mil pessoas já participaram das audiências, que foram solicitadas e são realizadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em Paranaguá, mais de 300 moradores do próprio município e de Morretes estiveram presencialmente no Complexo Mega do Rocio e mais de 200 pessoas acompanharam de forma virtual.

O encontro em Paranaguá teve, ainda, uma outra atividade. À tarde, antes do início da audiência, a equipe do Ibama fez vistoria técnica do trajeto entre a Região Metropolitana de Curitiba e o Litoral, na descida da Serra do Mar, por onde devem passar os trilhos. Parte da equipe sobrevoou o trecho de helicóptero, enquanto outros seguiram por terra, observando as particularidades da região.

Algumas das áreas de maior atenção, visitadas pelos técnicos, foram as comunidades do Rio Sagrado, Mundo Novo e Candonga, no município de Morretes. “Nosso time esteve nestas comunidades para conhecer as características das áreas e ouvir as pessoas que vivem nesses locais”, declarou o diretor de Licenciamento Ambiental do Ibama, Jonatas Trindade.

Todo o projeto da Nova Ferroeste foi desenvolvido para ter o mínimo possível de impacto socioambiental, sem interceptação em comunidades indígenas, quilombolas ou em Unidades de Proteção Integral.

Os técnicos responsáveis pela proposta alinharam o traçado a um distanciamento mínimo de cinco quilômetros desses pontos. Já no final do percurso, toda a estrutura da nova ferrovia que vai cortar a Serra do Mar foi alinhada com o Plano Sustentável do Litoral.

ÚLTIMAS ETAPAS – As audiências públicas e as vistorias técnicas são as últimas ações do processo para a emissão da Licença Prévia Ambiental (LP) requerida pelo Governo do Paraná ao Ibama. Encerrada esta fase, os técnicos retornam a Brasília onde devem concluir a análise do Estudo de Impacto Ambiental.

Depois das vistorias e das audiências eles vão emitir um parecer, no qual podem pedir complementações ou adequações do projeto antes do parecer final.

O Estudo de Impacto Ambiental foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e envolveu o trabalho de profissionais em campo durante quase um ano de coleta de dados. Foram avaliadas as condições do solo, das rochas e cavernas. Bacias hidrográficas e nascentes foram mapeadas e amostras da água analisadas.

Os pesquisadores estiveram em oito pontos amostrais de maior cobertura verde ao longo de 1.291 quilômetros, entre Maracaju, no Mato Grosso do Sul e Paranaguá, no Litoral. Dois destes pontos ficam na Serra do Mar.

“Fizemos quatro campanhas de fauna, que permitiram a listagem dos animais que habitam estes locais, alguns deles ameaçados de extinção, como é o caso da onça-parda e da anta, na Serra do Mar. É um retrato bem detalhado que está catalogado e disponível no EIA”, disse Daniel Macedo Neto, coordenador geral do EIA/Rima.

NOVA DESCIDA – O projeto da Nova Ferroeste prevê uma nova descida por trilhos na Serra do Mar. Esse traçado está alinhado com o PDS-L, que foi elaborada em parceria entre a sociedade civil, ONGs, ambientalistas, prefeituras e o Governo do Estado.

Segundo o coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, a Serra do Mar foi tratada com atenção especial por questões ambientais e de engenharia.

“O traçado proposto pela Nova Ferroeste desvia de Áreas de Proteção Integral, como o Parque Nacional de Guaricana e o Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange. E, diferente do caminhão, o trem precisa de rampas mais suaves, por isso o trilho se afasta da rodovia em alguns momentos até superar a geografia acidentada do trecho e se aproximar novamente”, explicou.

Dos 55 quilômetros de trilhos na Serra do Mar, a metade será feita em túneis e viadutos para diminuir a subtração da floresta. Para os outros trechos, indicamos a passagens de fauna a cada 500 metros.

VIADUTOS – Em Paranaguá o investimento será de R$ 240 milhões para a construção de viadutos rodoviário e ferroviário. Todo o acesso por trilhos será revitalizado. Está previsto um viaduto ferroviário na Avenida Roque Vernalha e um viaduto rodoviário na Avenida Coronel Santa Rita para dar maior fluidez para o trânsito e diminuir a interferência da passagem das cargas na área urbana.

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