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Abertura da pesca do camarão traz alívio em um ano com atraso no seguro-defeso

Foto: Arquivo do Correio do Litoral

Termina hoje, terça-feira, 31 de maio, o período de proibição de captura de diversas espécies de camarão nas regiões Sul e Sudeste: rosa (Farfantepenaeus paulensis, Farfantepenaeus brasiliensis e Farfantepenaeus subitilis), sete-barbas (Xiphopenaeus kroyerl), branco (Litopenaeues schimitti), santana (Pleoticus muelleri) e barba ruça (Artemesia longinaris).

Em Guaratuba, o camarão sete-barbas é uma das principais fontes de receita da cidade. Em 2020, um ano atípico devido a pandemia, a captura do camarão marinho representou um Valor Bruto de Produção de aproximadamente R$ 58 milhões, mais do que um terço do VLB total do município (R$ 149 milhões), incluindo a bananincultura (R$ 64 milhões).

A abertura traz alívio para a economia de Guaratuba, principal porto pesqueiro do Paraná. Os últimos dias de defeso são de intensa movimentação nos trapiches e na preparação dos barcos. Pescadores e suas famílias se preparam para uma permanência no mar que vai durar, em média, entre uma e duas semanas. Neste ano, a situação dos pescadores ficou ainda mais complicada com a falta de pagamento do seguro-desemprego pelo governo federal. O pagamento do chamado seguro-defeso está atrasado em todo o país.

A liberação da captura também reacende a polêmica sobre o período correto de defeso do camarão sete-barbas da sustentabilidade da espécie e da atividade econômica em torno do crustáceo. O Correio do Litoral tem repetido este assunto há anos. Isso vai mudar em 2023, quando o período de defeso deverá ser de 28 de janeiro a 30 de abril, conforme portaria Portaria nº 656, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Entenda como é até agora.

Rosa – Nos três meses de proibição – 1º de março a 31 de maio – acontece a reprodução dos três tipos de camarão rosa, justamente os produtos do setor industrial, pois eles são encontrados mais afastados da costa e exigem embarcações de grande porte para serem alcançados.

O defeso no período correto garante a reprodução da espécie e a fonte de renda da indústria da pesca de Santa Catarina, que é bem melhor estruturada que a do Paraná.

Sete-barbas – Já o modesto setor empresarial da pesca do Paraná e as algumas comunidades pesqueiras artesanais do Paraná e de Santa Catarina se dedicam à captura do camarão sete-barbas.

De acordo com estudos científicos e com o conhecimento empírico dos pescadores, época de defeso estabelecida pelo governo federal (Portaria nº 74/2001 do Ministério do Meio Ambiente e pela Instrução Normativa 189/2008 do Ibama) não protege o camarão sete-barbas. Segundo pesquisas, pelo menos entre os estados de Santa Catarina e Paraná, o período de reprodução é em outubro, novembro e dezembro.

A desova se estende até janeiro e quem pesca neste mês pega grande quantidade de filhotes, que têm pouco valor comercial. Segundo os estudos, é no período em que a pesca está proibida, entre março e maio, que ocorre a maior abundância do sete-barbas no litoral do Paraná e também no de Santa Catarina.

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