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Ressonância magnética pode auxiliar diagnóstico de câncer de mama

Detecção precoce é importante para garantir tratamento mais efetivo e com melhores possibilidades de cura

Foto: Yuri Arcurs People images/Freepik

O câncer de mama é a primeira causa de morte por neoplasia maligna na população feminina no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Fazer exame de ressonância magnética das mamas é um método consolidado para a detecção e o diagnóstico precoce da doença, assim como para avaliar a resposta aos tratamentos instituídos. É necessário identificar esses casos quanto antes para garantir um tratamento mais efetivo e com possibilidades de cura.

A sensibilidade na detecção do câncer de mama por meio da ressonância magnética é superior a 95%. No entanto, essa característica de identificar todas as lesões da mama representa uma limitação desse método, já que ele também reconhece muitas lesões benignas que precisam de biópsia para excluir a possibilidade de tumor. 

O exame é indicado para situações específicas, especialmente para mulheres com maior risco de desenvolver ou com diagnóstico de câncer de mama. As informações são da Dra. Linei Urban, médica radiologista e coordenadora da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia, em artigo publicado no Portal Câncer de Mama Brasil. 

Quando a ressonância magnética é indicada

As principais indicações são para o rastreamento de pacientes de moderado ou alto risco para câncer. O exame detecta precocemente a doença em pacientes com fatores de risco, que incluem histórico familiar e pessoal, terapia de reposição hormonal e alterações genéticas hereditárias. 

As indicações para rastreamento com ressonância também são feitas quando as mamas são muito densas, porque elas contêm significativo componente de tecido glandular e pouco tecido adiposo, dificultando o resultado preciso da mamografia. 

Em casos selecionados, o método pode ser utilizado no estadiamento da paciente com diagnóstico de câncer de mama (para verificar a extensão da doença) e quando houver dúvidas ou discordâncias de achados da mamografia e ultrassom.

O exame auxilia também na avaliação da resposta à quimioterapia em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Pela alta acuracidade, a ressonância é indicada ainda para auxiliar na avaliação de implantes de silicone quando houver suspeita de complicação, que pode ser clínica, decorrente de mamografia ou ultrassonografia. 

Urban lembra que o mastologista ou o médico com amplo conhecimento sobre a área é quem deve solicitar o exame. A clínica que aplica a técnica deve contar com um setor especializado em mama. Se for indicada uma biópsia orientada por ressonância magnética, ela precisa oferecer essa possibilidade ou encaminhar a paciente a outra instituição.

Incidência do câncer de mama

Além de ser o que mais mata a população feminina, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões do país, excluindo os tumores de pele não melanoma. 

Até o final de 2022, são estimados 66.280 novos casos, representando uma taxa de incidência de 43,74 por 100 mil mulheres. Conforme o Inca, as taxas e o número de novos casos contabilizados são importantes para estimar a magnitude da doença no território e programar ações locais.

Causas e fatores de risco

O câncer de mama não tem somente uma causa, mas a idade é um dos fatores de risco mais importantes para a doença — segundo o Instituto, cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos. 

Além disso, outras condições aumentam as chances de seu surgimento. Eles incluem fatores ambientais e comportamentais, como obesidade, sobrepeso, falta de atividade física, consumo exagerado de bebida alcoólica, tabagismo e exposição frequente a radiações ionizantes para tratamento ou exames diagnósticos.

Histórico reprodutivo e hormonal também influenciam na incidência da doença, como primeira menstruação antes de 12 anos, uso de contraceptivos hormonais e menopausa após os 55 anos. Histórico familiar de câncer de ovário e câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos, são causas genéticas e hereditárias de risco que entram na lista. 

A presença de uma ou mais dessas características não significa que a mulher necessariamente terá a doença.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

O autoexame ajuda a mulher a conhecer o próprio corpo e identificar fatores fora do normal. O Inca alerta que o câncer de mama pode ser percebido nas fases iniciais por meio dos seguintes sintomas:

  • nódulo (caroço) fixo e indolor: é a principal manifestação da doença, presente em 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher;
  • pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
  • saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos;
  • pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
  • alterações nos mamilos.

Esses sinais devem sempre ser investigados por um médico para que seja avaliado o risco de se tratar realmente de câncer ou não. Além do exame clínico das mamas, podem ser solicitados exames de imagem, como ultrassonografia, mamografia e ressonância magnética.  

A confirmação só ocorre com o laudo de biópsia feito por um patologista. O profissional analisa o fragmento da lesão suspeita ou do nódulo e pode extraí-lo por punção com agulha ou cirurgia. 

Já o tratamento do câncer de mama depende do tipo de tumor e do estágio da doença. Pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (terapia-alvo). Quanto mais cedo o diagnóstico for estabelecido, maiores são as chances de cura. 

Como se prevenir

De acordo com o Inca, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, como praticar atividade física, manter o peso corporal adequado e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. 

Amamentar o máximo de tempo possível ajuda a proteger contra o câncer. O não aleitamento acarreta perda dessa vantagem, o que difere de significar fator de risco. 

Não fumar e evitar o tabagismo passivo também são medidas que podem contribuir para a prevenção.

Quando o paciente não apresenta sintomas, a recomendação é realizar a mamografia anual a partir dos 40 anos e, entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Quem tiver risco elevado de câncer de mama precisa conversar com o ginecologista sobre os exames necessários para prevenção.

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