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Trabalho de Ciências de estudante indígena de Pontal é destaque pelo Brasil

A aluna Liliane Hortega Acosta, de 16 anos, tem sido um orgulho para sua escola, para a aldeia Guaviraty e para Pontal do Paraná. Ela estuda no 9º ano da Escola Estadual Indígena Guavira Poty.

No ano passado ela foi a primeira aluna oriunda de escola indígena a participar da XI Feira Regional de Ciências do Litoral do Paraná no campus da UFPR em Matinhos, ficando em primeiro lugar na sua categoria com o projeto “Observatório Solar Tekoa Guaviraty”.

Entenda o projeto:

A astronomia é uma ciência presente na cultura dos povos indígenas brasileiros. A observação dos fenômenos celestes auxiliou os nativos originários no entendimento da natureza ao seu redor auxiliando nas tarefas diárias, no reconhecimento das estações do ano, no planejamento de épocas de plantio e na sua localização geográfica.

Nesse sentido, monumentos voltados para a observação indireta do Sol foram construídos com o intuito de identificar e facilitar essas observações e aplicações durante o ano.

A pesquisa de campo realizada pelo projeto da Liliane resgata os conhecimentos guaranis sobre a localização e contagem do ano através do caminho do sol no céu, resgatando as tradições dos seus ancestrais. Isto levou a construção de um observatório solar na aldeia Guaviraty para uso da comunidade e também com finalidades pedagógicas escolares.

Outro objetivo do projeto é divulgar essa metodologia em conferências educacionais, oficinas pedagógicas, palestras e eventos.

O desenvolvimento deste projeto contou com um momento de pesquisa científica, utilizando medições, cálculos e observações de fenômenos naturais e ainda um outro momento de resgate cultural com a presença do cacique Dionísio, outros caciques, pajés e professores guaranis, explicando sobre o observatório solar segundo a sabedoria guarani ancestral.

No último mês de março, o Projeto Observatório Solar Tekoa Guaviraty foi selecionado para apresentar-se na V Conane (Conferência Nacional de Alternativas para uma Nova Educação), realizada na Universidade de Brasília (UnB), sendo o único projeto selecionado do litoral paranaense.

Em abril, o projeto foi selecionado para a 4º Mostra Nacional de Feira de Ciências, financiado pelo Ministério da Ciência, que será realizada no mês de setembro em Brasília, com o apoio da Prefeitura de Pontal do Paraná. Apenas três projetos do estado do Paraná foram selecionados e o único do litoral paranaense novamente foi o Observatório da aluna Liliane.

No dia 2 de maio, Liliane Acosta e a professora Renata Zuba, que orientou o trabalho, foram recebidas pela vice-prefeita e secretária de Assistência Social, Patrícia Millo Marcomin: “É um orgulho para Pontal do Paraná e principalmente para as nossas comunidades tradicionais ter uma representatividade no V Coname e na 4º Mostra Nacional de Feira de Ciências. “A Prefeitura de Pontal do Paraná, em nome do prefeito Rudão Gimenes, tem a honra de apoiar projetos educacionais. Aproveitamos para parabenizar a aluna Liliane e as professoras envolvidas na pesquisa”, disse a vice-prefeita.

Quem são os orientadores do Projeto Observatório Solar Tekoa Guaviraty?
A orientadora é a professora Renata Zuba.
A co-orientadora é a professora Nahyr Carneiro.
A atual professora de Ciências é Patrícia Faustino.

Terra Indígena Sambaqui

A Terra Indígena Sambaqui, em Pontal do Paraná, tem pouco menos de 3 mil hectares e é composta por duas aldeias: Tekoa Karaguata e Tekoa Guaviraty, conhecidas em português como Sambaqui e Shangri-lá, respectivamente.

O processo de identificação da TI Sambaqui foi iniciado em 2008. Em 2016, foi identificada e aprovada pela Funai (atual Fundação dos Povos Indígenas). O processo não avançou nos últimos anos. No final de janeiro de 2023, o Ministério Público Federal expediu recomendação à Funai para que retome o processo com a demarcação dos limites da área, etapa anterior à homologação.

Leia mais: MPF recomenda à Funai que retome a demarcação da Terra Indígena Sambaqui

Com fotos e informações da Prefeitura de Pontal do Paraná

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