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UFPR monitora as tempestades e os raios no litoral do Paraná

Foto: Helen Mendes / UFPR / Divulgação

O grupo de pesquisa em Fenômenos da Eletricidade Atmosférica, do Centro de Estudos do Mar da UFPR (CEM), faz o monitoramento de tempestades no litoral do Paraná.

As pesquisas são feitas em parceria com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) e outras instituições. O grupo é formado por alunos do CEM, professores da UFPR e também de outras universidades. O objetivo é estudar todos os fenômenos elétricos da atmosfera, entre eles, os raios e os eventos luminosos transientes, que são fenômenos visíveis que acontecem acima das nuvens de tempestades.

Os pesquisadores apresentaram os índices de densidade de raios no litoral do Paraná e explicaram a formação de tempestades na região em um evento de extensão realizado em Matinhos no início deste ano.

O monitoramento é realizado pela Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat), um sistema composto por uma rede de antenas em LF e VHF, dirigido pelo Simepar, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e FURNAS. “Esses quatro setores monitoram e capturam o sinal de radio dos raios, e conseguem localizar as descargas por triangulação”, explica Armando Heilmann, professor do CEM e coordenador do grupo de pesquisas.

A equipe de pesquisadores tem acesso aos dados gerados por essa rede nacional de detecção de raios, e pode usá-los para fins científicos, por exemplo, para a caracterização da densidade de raios no litoral do estado.

“Identificamos que as regiões de Guaraqueçaba e Guaratuba têm uma densidade muito alta de raios, comparando com outras regiões do Brasil. Chegam a estar em condição de moderada para severa”, conta Heilmann. Guaraqueçaba fica em um vale próximo a montanhas, o que explica por que as tempestades ocorrem mais ali do que na orla. No entanto, Heilmann ressalta que as praias são mais vulneráveis porque concentram um número muito maior de pessoas.

Vários setores demandam pesquisas sobre os fenômenos da eletricidade. Por exemplo, o setor elétrico, setor de refinaria, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, aeroportos e o setor agrícola. “As tempestades acontecem o ano todo. Logo, a preocupação desses setores com esse tipo de fenômeno dura o ano todo”, diz o professor.

Em parceria com o Simepar, o grupo tem projetos voltados ao estudo e monitoramento de raios para o setor elétrico.

O setor elétrico usa as informações do monitoramento de raios para saber qual é o local mais adequado para a instalação de uma rede elétrica. Depois da rede elétrica instalada, se acontece um desligamento na linha, a companhia precisa saber exatamente o local onde incidiu o raio – se o raio atingiu diretamente a linha, ou indiretamente, em uma árvore que caiu e bateu na linha. Com as informações da rede nacional de detecção, da qual o Simepar faz parte e o grupo do CEM tem acesso, a companhia consegue deslocar uma equipe para o local exato onde aconteceu o problema.

Fique seguro

De maneira geral, a época do ano mais propícia para raios é o verão, enquanto outono e inverno registram as menores incidências. Essa oscilação na intensidade de raios é uma característica mundial, explica Heilmann. “Nós também identificamos o horário em que ocorrem mais tempestades, sempre entre 17 e 20 horas. Isso também é uma característica mundial”, diz.

Para Heilmann, ao construir uma propriedade no litoral, o maior cuidado que se pode ter para evitar acidentes com raios é fazer a instalação de um para-raios – o que poucas pessoas fazem, de acordo com o físico.

Os turistas em férias de verão no litoral, funcionários em campo em uma refinaria de petróleo, técnicos trabalhando em uma linha de transmissão, entre outros devem estar atentos a alguns cuidados durante a aproximação de uma tempestade. “A pessoa deve procurar um lugar seguro, e o lugar seguro seria dentro de uma casa que tenha sistema de para-raios, ou dentro de um carro. Uma vez dentro de casa, alguns cuidados também são necessários”, alerta.

Entre as recomendações, estão: não usar o chuveiro, não usar máquina de lavar, liquidificador e outros eletrodomésticos, não usar o telefone fixo e nem o celular, não ficar próximo a tubulações e também não usar equipamentos que funcionem a base de gás.

Método 30/30

Nos Estados Unidos, o método chamado 30/30 é bastante usado para prevenção de acidentes com raios. A regra diz que se é possível escutar o trovão menos de 30 segundos após se avistar o relâmpago, o raio está próximo o suficiente para ser uma ameaça.

A regra 30/30 também diz que quando se ouve o primeiro trovão, deve-se retirar do local de risco “que são as áreas em aberto. Não ficar embaixo de árvore, de barraca, guarda-sol, não ficar em piscina ou na água do mar. A pessoa deve se retirar do ambiente externo para um lugar fechado e seguro, e esperar 30 minutos antes de volta à atividade externa”, recomenda Heilmann. Se nestes 30 minutos ocorrer outro trovão, a contagem de 30 minutos deve ser iniciada novamente.

Saiba mais sobre o Grupo de Pesquisa em Fenômenos da Eletricidade Atmosférica: https://www.facebook.com/FEAUFPR

Fonte: UFPR

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