Anvisa alerta sobre risco da vacina da dengue. E agora?
O alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgado nesta quarta-feira (29) que as pessoas que nunca tiveram dengue podem desenvolver formas mais graves da doença caso tomem a vacina causou perplexidade na população de Paranaguá.
Nas redes sociais pessoas manifestaram indignação e algumas publicavam a palavra-chave #NaoSouCobaia
Nem a Prefeitura, nem a Secretaria Estadual de Saúde se manifestaram sobre o assunto
Desde o ano passado, a cidade é uma das 30 cidades que recebem a vacina adquirida pelo Governo do Paraná. Segundo a Prefeitura, neste ano foram aplicadas mais de 35 mil pessoas.
A nota da Anvisa informa que o laboratório Sanofi-Aventis, fabricante da vacina da dengue, apresentou informações que sugerem que pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue podem desenvolver formas mais graves da doença caso tomem a vacina.
A possibilidade existe no caso de pessoas soronegativas (que nunca entraram em contato com o vírus) serem vacinadas e posteriormente serem expostas ao vírus da dengue, ou seja, após a picada de um mosquito infectado.
A vacina em si não desencadearia um quadro grave da doença nem induzia ao aparecimento da doença de forma espontânea. Para isso, é necessário o contato posterior com o vírus da dengue por meio da picada de um mosquito infectado.
As informações preliminares sobre alteração do perfil de segurança da vacina foram apresentadas para a Anvisa nesta semana. A Agência já realizou uma reunião com o fabricante e com o grupo de vacinas da Organização Mundial da Saúde para avaliar o caso.
Tomo a vacina ou espero?
Neste momento, e até que a avaliação seja concluída, a recomendação é que a vacina não seja tomada por pessoas soronegativas, ou seja, pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue. Esclarecemos que este risco não havia sido identificado nos estudos apresentados para o registro da vacina na população para a qual a vacina foi aprovada.
Secretaria de Estado da Saúde vai manter vacinação
A Secretaria de Estado da Saúde vai manter a oferta da vacina contra a dengue nos 30 municípios definidos para receber a campanha desde 2016. A afirmação, feita nesta quarta-feira (29), é uma resposta à Nota da Anvisa que incluiu a recomendação de que as pessoas não expostas ao vírus da dengue não devem ser vacinadas.
“Essa nota da Anvisa reforça a estratégia adotada pelo Estado, que ofereceu a vacina somente nos 30 municípios que concentravam 82% dos casos registrados no Paraná, 91% dos casos graves e 87% das mortes por dengue. São as cidades que enfrentaram epidemias consecutivas, com alta circulação viral e que registraram grande magnitude de casos”, esclareceu o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto.
O secretário ressalta que 80% dos casos de primeira infecção por dengue é assintomática, ou seja, a pessoa não identifica a doença. Portanto, mesmo aqueles que não tiveram o diagnóstico de dengue mas vivem em cidades endêmicas podem ter tido contato com o vírus, o que reforça a decisão do Paraná em vacinar nos municípios selecionados.
As evidências científicas apresentadas pela empresa produtora demonstram claramente que a vacina não causa dengue. “O risco encontrado no estudo NS1 aponta que a possibilidade de o indivíduo vacinado não previamente exposto ao vírus da dengue desenvolver dengue com sinais de alarme é 0,5% maior do que os indivíduos não vacinados e que nunca foram expostos ao vírus da dengue”, diz a diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani. A médica ressalta, no entanto, que todos os casos identificados de manifestações adversas tiveram recuperação total, com tratamento de rotina.Saúde mantém estratégia da vacina contra a dengue nos 30 municípios epidêmicos
São necessárias três doses, com intervalo de pelo menos seis meses entre elas, para garantir imunidade duradoura dos vacinados. A campanha do Paraná já teve três etapas: agosto/setembro de 2016; março/abril e setembro/outubro de 2017. Em março de 2018 será feita nova campanha para atender àqueles que receberam a primeira e a segunda dose em etapas anteriores. Foram vacinados 300 mil pessoas no Paraná.
Monitoramento – A secretaria estadual da Saúde monitora os vacinados nos 30 municípios que receberam a campanha e não registrou nenhuma reação adversa grave. Somente foram notificadas reações locais leves.
Além da vigilância sobre reações adversas, também está sendo feito o monitoramento cruzado entre vacinados e novos casos confirmados de dengue.