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Eu não falei?!

daniel-lucio-colunaAs falsas promessas do governador ao Litoral do Paraná

Lembra quando alguém da nossa intimidade nos cobra com a famosa frase: “Eu não falei pra você?!”

Pois é, as eleições estão aí, no mês de outubro. E o que fazemos? Em geral as pessoas esquecem até em quem votaram nas últimas eleições, e por isso os políticos tradicionais estão há décadas no poder.

Afinal, manipular as expectativas populares é uma arte para poucos: Os políticos inescrupulosos. Prometem, prometem… empurram com a barriga, se reelegem, prometem de novo, empurram com a barriga, dão um docinho na boca do povo, e o ciclo se repete.

Me lembro do jovem e bem-apessoado candidato ao Governo do Paraná com um rótulo de campanha que ficou denominado de “Choque de Gestão”. Uma frase vaga, meio dúbia e que cabe alhos e bugalhos, mas que deixou uma leve impressão que é o seguinte:

– Ele vai dar um choque na gestão pública do Paraná e as coisas vão desatar e o Estado vai fluir pro desenvolvimento e blá blá blá!

Ganhou a eleição a eleição de 2010 e tomou posse em Janeiro de 2011, e de lá pra cá ficamos de olho!

Primeiro a gente dá um tempo, tipo: “Calma, ele mal assumiu, precisa montar a equipe e implantar sua filosofia de trabalho”.

Passado um ano, a gente começa a se coçar na cadeira e pensar: “Então, quais são mesmos os projetos do Governador do Paraná? Acho que vai decolar agora!”…. e nada.

No terceiro ano, pra acalmar o povo inquieto, veio um pacote de “boas notícias”, competentemente montado pelo seu marketing político numa lavagem cerebral genial. O sinal amarelo foi acendido pela demissão do secretário da Fazenda Luiz Carlos Hauly, quando saiu em 2013 dizendo que o Estado estava ”quebrado”, sem dinheiro. Pegou o boné e reassumiu a cadeira de deputado federal em Brasília.

Às pressas, a procuradora-geral do Estado do Paraná foi convocada pra assumir o caixa do Estado, um belo pepino pra Doutora Jozélia Nogueira, que sequer ficou seis meses. Falou a verdade na Assembleia Legislativa:

“O Paraná está quebrado” disse ela sinceramente …. e lá ganhou uma demissão do Governador: Não era pra falar!

O atual secretário? É da tropa de choque do Governador: não falará nada que não faça parte do seu marketing eleitoral.

Então como ficariam as “promessas”?

Sobre a Ponte da Baía de Guaratuba: movimentos populares deflagrados em junho de 2013, retomaram a antiga bandeira da sonhada ponte, pra que enfim, o velho e romântico ferryboat não fosse mais a única ligação de Guaratuba com os demais balneários paranaenses e à Curitiba via a rodovia BR-277.

Somemos a isso a nova rodovia Paranaguá-Praia de Leste e suas melhorias pra minimizar gargalos e mortes nos perímetros urbanos.

O trecho rodoviário entre Praia de Leste e Pontal do Sul, é pré-condição para desamarrar o Porto de Pontal, e impulsionar o polo industrial local que só conta com o estaleiro Techint, abalado pela quebra do grupo EBX do ex-bilionário Eike Batista.

O Porto do Paranaguá embarcou nessa onda: maquetes digitais maravilhosas, entrevistas e foguetórios de “bilhões” em investimentos e? … nada.

Se não fossem as obras privadas do Terminal de Contêineres de Paranaguá, o TCP, nenhuma coxinha ou empadinha com guaraná seria comida nos salamaleques portuários.

Na minha gestão em 2009, com o Ibama-Brasília desatamos os nós ambientais que culminaram na dragagem do Canal da Galheta que realizamos naquele ano, e nas licenças que permitem hoje as dragagens que normalizaram as operações do nosso porto. Se não fosse 2009, não haveria 2014!

Com o Estado “quebrado”, como atestaram os dois secretários demitidos, só restaram os “Estudos”.

E dá-lhe anúncio de concorrências públicas para “Estudos”. São estudos pra todos os gostos e enrolações: engordamento da praia de Matinhos, Ponte de Guaratuba, pra rodovias das ligando Paranaguá, praias, Pontal do Sul, etc etc.

Até uma ferrovia chegou a ser notícia em nossas praias, pui, puiiiiii!!! E lá vai o trenzinho virtual das maquetes digitais mentirosas.

Enquanto isso, aqui na minha modesta coluna no bravo Correio do Litoral, eu alertava que era cortina de fumaça e manipulação de expectativas com fins apenas político eleitorais, pra disfarçar o fracassado “Choque de Gestão”.

Faltam apenas algumas semanas pra acabar o atual governo estadual, pois se o atual governador não se reeleger, o resto do ano será de limpeza de gavetas palacianas.

Então, o que fica de legado pra população do litoral é o que já existia há quatro anos pra trás…. nada de novo.

Não são os políticos os únicos culpados dessas falsas promessas, mas nossa ingenuidade, falta de politização e memória curta.

Pensemos sobre isso, afinal, 5 de outubro chegará rapidamente. Elegeremos deputados estaduais e federais, governador do Estado do Paraná e Presidente da República.

E lembrem da minha frase: “EU NÃO FALEI?!”

É minha opinião!

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