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Pescadoras de todo o Brasil visitam mercados de peixe em Pontal

Foto: Campanha Nacional pela Regularização do Território Pesqueiro
Foto: Campanha Nacional pela Regularização do Território Pesqueiro

Participantes do IV Encontro da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP) visitaram mercados de peixe e locais de comercialização de pescados Pontal do Paraná para trocarem experiências.

“Achei muito ricas as visitas. Aprendi novas formas de tratamento do pescado, vi novos formatos para comercialização e até mesmo a forma como eles vão pescar, o jeito de levar os barcos que é diferente do nosso. Vou levar comigo para compartilhar com minha comunidade. Outra coisa que gostei foi a receptividade das pescadoras e dos pescadores conosco”, comentou a pescadora de Juazeiro/BA, Alice Borges.

Previdência e saúde de qualidade

O IV Encontro da ANP acontece desde a última segunda-feira e vai até esta sexta-feira (29) na Associação Banestado, em Praia de Leste, Pontal do Paraná. O foco principal está sendo a definição de estratégias de luta para garantir os direitos previdenciários e a saúde de qualidade para essas mulheres no mundo da pesca.

Representantes do Ministério da Previdência Social do Paraná e do Ministério da Saúde participam dos debates.

As pescadoras reclamam de racismo institucional que sofrem nos serviços do SUS e da falta de um atendimento especializado e de qualidade por parte dos médicos. “Nos tratam como nada, não olham para a gente. Por considerarem o SUS importante para a sociedade, a ANP exige a sua melhor qualificação para que ele possa atender a todos e todas de forma democrática.

E se no SUS as mulheres das águas passam por casos de opressões, nos atendimentos com os peritos do INSS essa situação é ainda maior. Há discriminação também nesse meio, o que prejudica o acesso aos direitos das pescadoras.

Segundo a pescadora Maria Eliene (Maninha), o INSS não reconhece as mais de 60 doenças ocupacionais que acometem as pescadoras, exemplo a LER (Lesão por Esforço Repetitivo), e que já são conhecidas em outros setores do Estado. “É necessário que exista um cruzamento de dados entre o Ministério da Saúde, o Ministério do Trabalho, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e o INSS para serem levantados de forma mais precisa as incidências de acidentes de trabalho no mundo da pesca”, comenta Maninha.

Para as pescadoras, o INSS deve capacitar melhor seus agentes para que esses possam oferecer um atendimento adequado e digno. “O INSS precisa compreender profundamente a vida dos homens e das mulheres das águas, então, que façam capacitações para se pensar a questão do território pesqueiro e a vida das nossas comunidades”, comentou a integrante da ANP, Elionice Sacramento.

Proteção do Território Pesqueiro

Muitas falas no Encontro remetem à defesa do território pesqueiro livre e preservado à garantia da saúde de qualidade para pescadores e, principalmente, pescadoras artesanais. Atribuem a isso o fato do modelo desenvolvimentista atropelar os povos e as comunidades tradicionais, destruindo seus territórios, o que inclui a poluição das águas.

São inúmeros os casos de pescadoras com doenças, como as de útero, devido aos agrotóxicos nos rios, mares e lagoas. Para a ANP, garantir o território de pescadoras e pescadores é contribuir para a saúde de qualidade das comunidades pesqueiras, especialmente das mulheres.

Com fotos, informações e com base em texto da Campanha Nacional pela Regularização do Território Pesqueiro – http://peloterritoriopesqueiro.blogspot.com.br

Foto: Campanha Nacional pela Regularização do Território Pesqueiro
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