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Habemus Poligonalis!

Uma nova poligonal portuária por decreto

coluna-daniel-lucio-peqUm dos monstros da Ciência Econômica, o britânico John Maynard Keynes, dizia: “No longo prazo, estaremos todos mortos”. Às vezes meu idealismo ideológico é freado por este ensinamento do mestre, cujos livros lia quando estudante de Economia.

A tão discutida, propalada e polêmica “nova poligonal portuária”, que a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) vinha propondo nos últimos anos, enfim passou. Um decreto assinado pela Presidente da República Dilma Rousseff, oficialmente redesenha geograficamente as áreas onde os empreendedores privados terão autonomia para seus investimentos portuários e onde a Autoridade Portuária pública, representada no Paraná pela Appa, ainda terá atuação.

A novela chega ao seu fim (…ou ainda haverão novos embates?).

Os trabalhadores portuários através de seus sindicatos e da Federação Nacional dos Portuários, acompanhados pelos senadores Gleisi Hoffmann e Roberto Requião, dizem que conseguiram seu espaço para trabalharem nestes novos empreendimentos privados que lhes foram prometidos e assegurados pelo ministro Hélder Barbalho da Secretaria Especial de Portos (SEP).

Mas, não vi nada disso no curto, limpo, enxuto decreto minutado pela Secretaria dos Portos, com apenas cinco artigos. Não há nele absolutamente nada. Apenas as coordenadas geográficas do novo Porto Organizado, que fica menor e abre espaço às áreas imobiliárias privadas para seus investimentos.

Talvez o acordo mediado pela senadora, ministro e entidades sindicais tenha outro amparo legal, pois no decreto datado de 11 de fevereiro de 2016 e publicado no Diário Oficial do dia 12, não há essa garantia, que foi o centro da discussão em relação ao novo traçado: a garantia do trabalho portuário sindicalizado.

Minha torcida, é ver tornar-se realidade os quatro grandes projetos de Terminais de Uso Privativo, os chamados TUPs, nos municípios de Pontal do Paraná e Paranaguá.

As cifras são as mais variáveis possíveis: alguns falam desde R$ 4 até R$ 8 bilhões em investimentos, além dos milhares de empregos prometidos.

Como profissional em serviços na área de logística, torço pela concretização de bons projetos, que agreguem desenvolvimento, educação, renda com elevação do padrão de vida das pessoas das regiões onde os empreendimentos serão gerados.

O meio ambiente e a qualidade de vida deverão ser rigorosamente ser contemplados nesta nova agenda. O mesmo com a tão prometida infraestrutura rodoviária, saneamento básico, urbanização das comunidades, escolas, transporte coletivo com qualidade, energia e bem-estar.

Portos e negócios que deles se originam, podem e devem ser ferramentas de elevação do bem-estar das pessoas e não apenas as taxas de retorno sobre os investimentos dos que detêm o capital para estas instalações logísticas.

O decreto já foi assinado, a nova poligonal altera “a velha” de 2002 e um novo cenário competitivo se estabelece.

Se o mundo atual está sedento por investimentos, empregos e renda, aí está a promessa a ser cumprida por aqueles que estes anos suplicaram pelo novo desenho do Porto Organizado de Paranaguá.

Os resultados, a partir de agora ficaremos acompanhando e torcendo pelo sucesso social, econômico e ambiental.

E no longo prazo, qual será a cara dos portos do Paraná? Não sei. Só repetirei a frase do mestre Keynes: “No longo prazo, estaremos todos mortos!”.

Se este é o novo jogo global, então que venham os bilhões de reais e os milhares de empregos.

É a minha opinião!

 

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