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Lei de incentivo a cultura: uma necessidade nacional

Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva.”
Albert Camus, escritor ganhador do Nobel de Literatura

Vem dando pano para manga às discussões sobre as leis de incentivo a cultura. A cultura nunca foi levada a sério em nosso país, o que é uma bobagem, pois uma população sem bagagem cultural não consegue raciocinar direito, tem uma visão limitada das circunstâncias.

Por esta razão as leis de incentivo são um avanço para a sociedade brasileira: permitem que um escritor desconhecido publique seu livro, que um cineasta amador faça seu curta metragem, que uma cidade como Guaratuba possa ter um cinema e assim por diante.

Mas será que funciona a lei de incentivo a cultura?

Os pessimistas de plantão lembram logo das distorções como do caso da festa de casamento que foi paga com o uso da Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura). Mas isto é uma fraude e deve ser punida com máximo rigor. Não é por que aconteceu um problema que todo o projeto cultural que é aprovado pela lei de incentivo é uma farsa. Não acontece fraude com o SUS na saúde? Devemos punir os que fraudam ou acabar com o SUS?

Já que falei da fraude, deixa-me dizer um projeto cultural que deu certo e traz benefícios imensos para toda a sociedade: a empresa Randon, que entre outros produtos produz lonas para caminhões, tem um projeto espetacular que é o seguinte: eles montaram um teatro itinerante em um caminhão que viaja pelo sul do país com uma peça que tem como temática a segurança no trânsito. Nesta peça dois caminhoneiros estão mortos, um está no céu e outro no inferno, e conversam sobre as bobagens que já fizeram na vida como dirigir bêbado, ou com rebite, as imprudências no volante, ou seja, fazem uma reflexão sobre como poderiam ter feito melhor em vida. E com um detalhe: esta peça é encenada em postos de gasolina, em feiras e festas de caminhoneiros. Tudo com a aprovação do Ministério da Cultura. Não é um belo exemplo de Lei Rouanet trazendo benefícios para a sociedade?

Sem contar que a cultura é fonte de ascensão social e temos vários exemplos para acreditar nisto.

Sempre lembro da história do músico carioca Seu Jorge. Negro e favelado, Seu Jorge teve uma infância difícil, inclusive seu irmão foi morto pelo tráfico de drogas em um morro carioca. Quando tinha 16 anos, Seu Jorge desceu o morro para se matricular em um curso de teatro na UFRJ. Começou a estudar Shakespeare, Samuel Beckett, Moliere e outros grandes do teatro mundial quando descobriu que tinha uma boa voz para cantar. O resto todos já sabem: Seu Jorge é reconhecido internacionalmente tocando no mundo todo, falando francês (ou inglês) com a plateia esbanjando o carisma tipicamente brasileiro.

Quer exemplo melhor de ascensão social através da cultura?

Seria de extrema importância que começássemos a pensar em ter uma lei de incentivo a Cultura em Guaratuba assim como existe em Curitiba, Paranaguá e tantas outras cidades pelo Brasil afora.

Assim ficaria mais fácil para desenvolver projetos culturais em parceria com o município.

Prezado leitor, até a próxima coluna. Abraço!

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