Correio do Litoral
Notícias do Litoral do Paraná
Navegando pela Categoria

Op-Ed

Carta 151. Descalço – resenhas

Há um mês recebi como presente de um amigo os seguintes livros: Van Roosmalen, M.G.M. 2013. Barefoot through the Amazon – On the path of evolution. http://www.amazon.com Print version: 1-498. Paperback https://www.createspace.com/4177494 Van Roosmalen, M.G.M. 2013. A shaman’s apprentice: traditional healing in the Brazilian Amazon.http://www.amazon.com Print version: 1-155. Paperback https://www.createspace.com/4232714 Van Roosmalen, M.G.M. & T. Van Roosmalen . 2013. On the origin of allopatric primate species and the principle of metachromatic bleaching.http://www.amazon.com Print version: 1-145. Paperback https://www.createspace.com/4549738

Caiçaras: a sina da estupidez

Vivendo na costa atlântica desde o sul do Rio de Janeiro, por toda a extensão da orla paulista e paranaense, habitando ilhas isoladas, grotões e aldeias perdidas nos contrafortes da Serra do Mar, os caiçaras são constituídos por grupos tradicionais de pessoas que vivem ligados entre si, por um modo diferenciado de comportamento social nessa região. Íntimos do mar e muito próximos da natureza, que ao longo dos quinhentos anos de história, a mantiveram preservada, formam um povo pacífico e que conservam saberes adquiridos por gerações.

Prevenir ou remediar

Uma doença, descoberta no início é fácil ser curada, o difícil é percebê-la. Mais tarde é fácil ser percebida, o difícil é curá-la. Assim ensinou Nicolau Maquiavel¹ em “O Príncipe”, livro dedicado ao magnífico Lourenço, filho de Pedro de Médici.

Uma grande surpresa

Confesso que fiquei surpreso com o resultado de nossa enquete dessa semana.

Cultura do quanto pior melhor

Fico espantado como algumas pessoas de má índole e negativas por natureza insistem em falar mal de nossa cidade. Parece que impera nas suas pregações sempre a dificuldade e o desprezo às coisas boas que acontecem em nossa linda cidade, e olha que de bom temos muito a oferecer. Óbvio que temos problemas, como também os têm todas as cidades do mundo, mas pregar sempre a desgraça já está enchendo o saco. Não admito que aventureiros venham pregar a tese do quanto pior melhor, pois não sabem o quanto esta cidade significa para nós guaratubanos, especialmente aqueles, como eu, que escolheram esta terra abençoada para transformar seus filhos em cidadãos e bradar com orgulho o amor por Guaratuba. Choca os apaixonados por esta beleza rara, de utópica comparação, quando a mesma é agredida de forma vil e com total desconhecimento de causa. Alguns almofadinhas não sabem como é bom morar na Piçarras há mais de 20 anos e poder com um simples balançar de cabeça cumprimentar todos aqueles que lhe fitam a visão. Mesmo orgulho deve ter quem mora no Mirim, no Coroados, no Mirim, Nereidas, Cohapar etc. Fico me perguntando: por que será que uma cidade que sempre luta para atrair mais visitantes para compartilhar nossas belezas possui pessoas que insistem em realçar nossos defeitos, ao passo que tentam esconder nossas virtudes? Para alguns, Guaratuba serve apenas na temporada, para outros serve apenas para trampolim ou trampolinagem, para outros serve apenas para visitas temporárias de 4 em 4 anos, entretanto, para a grande maioria serve como lar, como refúgio, como opção de vida e até de descanso eterno. Então, meus amigos, quando um destes adeptos da cultura do quanto pior melhor se aproximar, mande ele de volta para o buraco de onde saiu e diga que aqui é uma terra abençoada e que seu povo ama muito tudo isso aqui. Parafraseando um guaratubano apaixonado: Guaratuba é a mais bela cidade do sul do mundo. Eu acho! E não tente me convencer do contrário.

Alvará de funcionamento: filho da burocracia

São inúmeros os chegantes que diariamente se apresentam trazendo na bagagem além do interesse em investir, criatividade e muita força de vontade de se estabelecer em Florianópolis.

Carta 150. Na pista de pouso de Guaraqueçaba

Examinando o mapa topográfico do IBGE 1992, tive a surpresa de encontrar, logo ao leste da cidade de Guaraqueçaba, um símbolo de aviãozinho. Significa, segundo a legenda,“campo de emergência”. Chequei a informação no mapa topográfico mais detalhado da DSG 2002, onde reaparece como “Campo de Pouso”. Resolvi ir conhecer o lugar em campo. Chega-se ali seguindo a Rua Superagui até o fim e continuando na Rua Laerte Weisheimer, atravessando a ponte. A cem metros depois da curva comece o “campo” indicado naqueles mapas. Consiste de uma faixa reta de areia nua branca, de 700 metros de comprimento e 25 metros de largura média. Por causa do formato linear a palavra ‘pista’é mais apropriada do que ‘campo’. No Google Earth, a pista é muito conspícua e as suas coordenados, no meio do trecho, são 25º18'10”S, 48º18’36”O. Tanto o mapa da DSG 2002, quanto o Google Earth mostram que a pista desce gradualmente em direção ao rio Cerco Grande, que passa a sudoeste. Segundo pessoas que residem na margem deste terreno, a pista tem sido usada por teco-tecos, mas nos últimos três anos nenhum destes aviõezinhos teria pousado ou decolado ali. Nas minhas visitas ao local testemunhei que esta pista não pavimentada é ocasionalmente transitada por algum carro ou caminhão leve, os últimos para jogar, na vegetação ao fim da pista, restos orgânicos, principalmente de palmito provenientes da fábrica local do produto. Uma vez por ano, na festa do aniversário do município (11 de março), a pista é usada para uma corrida de cavalos. Este uso ocasional por automóveis e equinos é a razão da pista não ter sido retomado pela vegetação. Na sua margem há várias espécies de ciperáceas e gramíneas que avançam sobre a areia nua por meio de estolhos, ou através de mudas surgidas de sementes. São particularmente chamativos e lindos os longos estolhos superficiais da pteridófita Lycopodiella cernua, às vezes chamado de ‘pinheirinho-do-campo’. Poucas outras plantas pioneiras fazem parte deste trabalho de ocupação. São, principalmente, acariçoba (Hydrocotyle leucocephala), uns poucos indivíduos da campainha (Ipomoea spp.) e, somente na parte final da pista, anil-trepador (Cissus verticillata). A razão que resolvi dedicar uma carta ao local é que a pista foi aberta no meio de uma área de restinga. Não conheço outro lugar na parte continental do município de Guaraqueçaba, onde o acesso à restinga foi tão facilitado e esteja tão convidativo quanto aqui. Caminhando ao longo da sua margem, você encontrará em abundância várias espécies de plantas típicas da restinga herbácea úmida e dificilmente encontradas em outros locais de fácil acesso dentro do município. São particularmente as seguintes: A) nos trechos que alagam na chuva: Drosera capillaris É chamada de ‘orvalhinha’ em Santa Catarina (Santos 1980). Vi-a com flores e sementes maduras em outubro e novembro. Planta insetívora. Folhas rosuladas (roseta de 15-27 mm de diâmetro), prostradas; lâmina 4-5 x 4 mm, obovoide, coberta de tricomas glandulares vermelho-amarronzadas, de 2-3 mm de compr.; pecíolo 2-3 mm de compr., glabro; inflorescência com 4-8 flores, 50-120 mm de altura incluindo escapo; escapo reto, glabro; pétalas rosa-pálidas; sépalas verdes, glabras; sementes 0,52 x 0,22-0,25 mm, levemente obcônicas, densamente papilosas, com 3-4 estrias longitudinais em vista lateral. A espécie foi identificada com Santos 1980, Silva 1996 e Silva & Giulietti 1997. No Sul do Brasil, é restrita à restinga herbácea (Santos 1980). Tem distribuição disjunta no Brasil: ocorre no litoral, de RS a RJ e reaparece em Amapá, no extremo norte do país, mas também em alguns locais na Amazônia distante do litoral (JBR 2010). É interessante que a única coleta de Amapá também procede de um campo de aviação (Silva & Giulietti 1997). Eleocharis sp. Foi encontrada madura emoutubro e novembro. Planta cespitosa, ocorrendo em agregações extensas. Caule 40-100 (compr.) x 0,25-0,4 (espessura) mm, anguloso, sólido, liso; inflorescência em espigueta solitária terminal, 3-4 x 0,7-1 mm, ovado-aguda, pálida, contendo 3-4 flores; glumas 1,6-1,8 x 1,1 mm, ovadas, carenadas, verdes na carena, bordas não escariosas; perianto com ±5 cerdas, as cerdas cobertas por células retrorsas agudas; estigma 3-fido; aquênio 0,8 x 0,5 mm, obovoide, liso, verde-pálido, com rostro piramidal, 0,35 (largura) x 0,2 (compr.) mm; anteras 0,62 x 0,01 mm. Usando Barros 1960 e Muniz 2001, não consegui identificar a espécie. Lindernia rotundifolia Sinônimo: L. microcalyx. É chamada de ‘papa-terra’ em Santa Catarina (Ichaso & Barroso 1970). Foi encontrada florida em outubro. Planta delicada, ocorrendo em agregações extensas. Folhas opostas, 0,6 x 0,6 mm, ovais, sésseis; flores solitárias, cálice 5-partido, glanduloso-piloso; corola 1,2 cm de compr., bilabiada com lábio superior arredondado e o inferior trilobado, em parte branco, em parte azul-acinzentado; estames 2, surgindo do tubo da corola, filetes sem apêndices, anteras com ambos os lóculos férteis, divergentes; estaminódios 2, claviformes, azul-acinzentados, surgindo da fauce da corola. Até recentemente, o gênero Lindernia era incluído na Scrophulariaceae (Ichaso & Barroso 1970, Silvestre 1981, Souza & Giulietti 1990), mas atualmente está na Linderniaceae, uma família segregada da anterior (Souza & Lorenzi 2008). Duas espécies bem distintas de musgos do gênero Sphagnum: - sp. A (seçaõ Cuspidata): planta inteiramente verde-amarelada; - sp. B (seção Acutifolia): planta de aspecto marrom-alaranjado, devido ao caule vermelho-escuro e com folhas bem menores do que a anterior. A sua identificação em nível de espécie é tarefa para especialistas. Do gênero Sphagnum, no Paraná, são conhecidas nada menos que 22 espécies! (JBR 2010). (B) nos trechos que não alagam: - o musgo Polytrichum sp., que forma tapetes extensos e abertos e cujas plantas rígidas têm folhas apicais atingindo 12 mm de comprimento. - a hepática Telaranea nematodes, que forma tapetes extensos e densos, mas rasos,…

A ficha caiu

Demorou, mas parece a ‘ficha caiu’. A falta d’água nas cidades brasileiras é fato, uma triste realidade. A população, sem alternativa, está poupando o precioso líquido. O que não se sabe é se a economia resolverá o problema da água.

Terrenos de Marinha: considerações diversas

Cabral quando lançou ferros junto ao porto seguro da ilha de Vera Cruz, a par das miçangas, espelhos e provavelmente bacalhaus, azeite puro de oliva e o tinto do Minho, entregues amistosamente aos perplexos nativos expostos que lhe deram boas vindas, tomou posse em nome do Rei a que servia e impôs a cultura europeia à nova possessão política, inclusive toda a legislação vigente à época, sob a qual se submetiam os súditos da metrópole das então recentes conquistas que se espalhavam pelos sete mares.