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Tamanduá-mirim é devolvido à natureza no Parque Estadual do Rio da Onça

Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

Um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) resgatado em uma residência na tarde de sexta-feira (24) foi devolvido ao seu habitat neste sábado (25), nas proximidades do Parque Estadual do Rio da Onça, em Matinhos. A fêmea adulta, de 4,5 quilos, estava saudável e, após ser microchipada, pôde ser devolvida para a natureza. Foi a primeira “devolução” de um animal da espécie ao seu habitat neste ano.

O coordenador do Setor de Fauna do Escritório Regional do Instituto Água e Terra (IAT) do Litoral, Rafael Galvão da Silva, destacou que o animal silvestre passou por uma série de avaliações antes de ser liberado para soltura. “Nós tivemos um acionamento para resgate de um tamanduá-mirim, em uma residência próxima ao Parque Estadual do Rio da Onça. Ela acabou saindo da área de floresta e entrando nos fundos de uma residência. Fizemos uma avaliação técnica do animal e os procedimentos legais para poder realizar essa soltura”, explicou.

Nesses casos, além da avaliação técnica, a equipe do IAT faz uma avaliação ambulatorial para verificar a saúde do bicho antes da soltura. Já a microchipagem serve para que o órgão saiba por onde ele anda, se ainda se encontra dentro do seu habitat, e serve também para registro, como se fosse uma espécie de CPF.

O microchip também ajuda em caso de recaptura, em que o leitor indica, por exemplo, quantos anos se passaram entre as capturas e se aumentou de tamanho, contribuindo para a criação de programas e políticas públicas para incentivar o cuidado com a espécie.

No topo das árvores

O tamanduá-mirim é uma espécie que ocorre em todo o bioma da Mata Atlântica, na bacia amazônica e em um pedaço do leste da Bolívia e do Paraguai. “Diferente do tamanduá-bandeira, que estamos acostumados a ver andar pelo chão, principalmente no cerrado, esse é um animal quase 100% arborícola, então ele vai passar boa parte da sua vida no topo das árvores”, ressaltou Silva.

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As fêmeas podem ter até duas gestações por ano, com um filhote. Classificados tanto na lista paranaense quanto na lista nacional de ameaçados de extinção, a soltura do tamanduá-mirim e de outras espécies segue diversos parâmetros, principalmente na escolha do melhor habitat para o animal, que neste caso é justamente o parque, uma vez que ele foi encontrado nas proximidades.

“A gente tem certeza que esse animal estava aqui, então sempre iremos priorizar o habitat próximo do grupo que ele já está integrado, para não reintroduzir um animal fora do seu grupo. A distribuição desses animais, principalmente aqui no nosso bioma, é por conta da preservação que temos no nosso Litoral”, acrescentou o coordenador.

Como proceder

Os municípios, juntamente com o Estado, são os responsáveis por resgatar e atender animais silvestres feridos ou que circulam em zona urbana ou periurbana. Caso encontre um animal em sua residência ou em áreas urbanas, o ideal é entrar em contato com as prefeituras, secretarias municipais de meio ambiente (ou órgãos similares da cidade) e passar o máximo de detalhes. A partir desta triagem é que o animal será resgatado.

Se for um animal silvestre de menor porte e que não cause perigo, uma opção é deixar que o próprio bicho volte ao seu habitat natural. Mas se for um animal com elevado potencial agressivo e que seja uma ameaça à população, ou ainda que corra risco de morte, informe o Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde pelo número 181, o Corpo de Bombeiros pelo 193, ou o escritório regional do IAT mais próximo.

Há, ainda, o telefone da gerência de Biodiversidade do IAT – (41) 3213-3830 –, o contato dos veterinários do setor – (41) 3213-3767 – e o WhatsApp – (41) 99554-3114. No Litoral, o telefone de contato é o (41) 97401-6701.

ESTRUTURA — O Parque Estadual do Rio da Onça foi criado em 1981 e conta com diversas espécies de fauna e de flora em seu interior. Aberto de quarta a segunda-feira, das 8 às 17 horas, conta com uma trilha de 1,5 quilômetro bem estruturada.

Em 2022, o parque foi ampliado, passando de 118 hectares para aproximadamente 1,6 mil hectares. “Os visitantes conhecem um pouco da nossa Mata Atlântica, com bastante fauna e flora, uma variedade de plantas com mais de 80 espécies de bromélias”, contou Jeferson Pereira, que trabalha no receptivo do parque. “Qualquer turista pode vir conhecer, mas o foco mesmo é a educação ambiental. É fundamental ter esse parque no nosso município porque mostra o quanto é importante a natureza para todos.”

Ao chegar ao parque, a pessoa passa por um centro de visitante, onde é feito um cadastro e passadas orientações sobre a trilha. Possui também um auditório, onde são recebidas escolas, colégios e universidades para ações de educação ambiental. O nome do parque é em alusão a uma história contada por antigos moradores, que afirmavam que viam uma onça no rio aos fundos do parque, bebendo água.

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