Mesmo sendo improvável, Paraná se prepara para chegada de óleo no mar
Plataforma que permite prever acidentes marítimos no Litoral paranaense foi lançada nessa terça (5), em Curitiba.
O Brazilian Sea Observatório (BSO), ou em português, Observatório Brasileiro do Mar, permitirá maior capacidade de reação do governo em relação a acidentes marítimos como, por exemplo, monitorar o aparecimento de manchas de óleo.
O projeto foi desenvolvido pela empresa EnvEx Engenharia e Consultoria, em parceria com pesquisadores do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná e pela Universidade de Lisboa, com recursos provenientes de projeto da União Europeia. O objetivo é utilizar a tecnologia de imagens e satélite para monitorar fatores que possam ocasionar desastres marítimos na costa brasileira.
Plataforma – O BSO é uma plataforma gratuita da internet disponível para o público em geral através dos links: https://observatoriodomar.org/ e http://portal.brazilianseaobservatory.org/, na qual mostra dados amplos de todo o Litoral brasileiro, com maior detalhamento do Litoral paranaense e catarinense.
“Com essa plataforma as pessoas saberão quais são as condições marítimas, como: nível, velocidade, temperatura, salinidade, quantidade de oxigênio, nutrientes, entre outras informações que permite prever o uso da água naquele local”, explica o diretor da EnvEx, Helder Nocko. “A ferramenta está sendo atualizada aos poucos para disponibilizar ainda mais informações”.
Para o professor da UFPR e coordenador geral do projeto, Maurício Noernberg, essa é uma grande oportunidade de mostrar que o desenvolvimento científico da Universidade. “Em parceria com empresas, podemos oferecer produtos de forma gratuita para a comunidade e ser muito útil para o setor acadêmico, produtivo, órgãos governamentais e não governamentais”.
Simepar – O Sistema Tecnológico e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) já acompanha o monitoramento realizado pelo Ibama em relação às manchas de óleo que estão se espalhando pelo Litoral nordestino. “Hoje a possibilidade das manchas de óleo chegarem até o Litoral paranaense é baixa, mas estamos atentos para qualquer eventual que possa acontecer e tomar as medidas cabíveis com antecedência”, diz o presidente do Simepar, Eduardo Alvim.
A ideia é fortalecer esse monitoramento utilizando os dados da nova plataforma, bem como também disponibilizar informações convenientes do Simepar para alimentar e ampliar os dados do BSO. A parceria ainda está sendo discutida.
“A plataforma permitirá, por exemplo, maior capacidade de reação do governo em relação a acidentes com óleo, mapeamento da movimentação de navios, maior conhecimento sobre as condições de navegabilidade no Litoral do Paraná, fomento à pesquisa científica e estudos sobre pesca, aquicultura e qualidade das águas de toda Costa no nosso Estado”, ressalta o secretário Márcio Márcio Nunes.
Nordeste – O óleo encontrado nas praias nordestinas apresenta características específicas em relação a sua densidade que dificultam a sua observação por imagens de satélite ou mesmo fotos aéreas.
Segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil (MB), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde o início do aparecimento das manchas, mais de 4 mil toneladas de resíduos já foram retiradas desses locais.
Há várias hipóteses ainda para a origem desse óleo, mas o fato é que até o momento não houve uma conclusão nem sobre o que causou e nem o ponto exato onde esse óleo surgiu, apesar de haver estudos indicando que a provável origem é uma região entre 600 km e 700 km da costa, na altura dos Estados de Sergipe e Alagoas.
Considerando a distância, a quantidade do material e as correntes marinhas da costa brasileira e do Litoral paranaense, considera-se pouco provável que essa mancha de óleo atinja as praias, baías e mangues do Paraná.
As localidades que ainda permanecem com vestígios de óleo e com ações de limpeza em andamento são as seguintes: Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel, Coruripe, Feliz Deserto e Piaçabuçu, em Alagoas; Artista, em Sergipe; Arembepe, Berlinque, Barra Grande, Cueira, Pratigi, Alcobaça, Mar Moreno e Piracanga, na Bahia.