Correio do Litoral
Notícias do Litoral do Paraná

Alegrias naturais do inverno

Já chegamos na metade do inverno de 2017 e até agora houve pouquíssimos períodos de frio no litoral do Paraná.

Os períodos com temperatura mínima ≤ 10 ºC (medida na minha varanda, em Tagaçaba Porto da Linha, Guaraqueçaba) foram: 28 de abril (mínima: 10 ºC), 2 de junho (10 ºC), 10 a 12 de junho (5 ºC), 17 a 19 de julho (2 ºC), 21 de julho (8 ºC), 25 + 26 de julho (8 ºC), 1 de agosto (10 ºC) e 7 + 8 de agosto (9 ºC). (Não possuo dados do período de 25 de junho a 16 de julho, quando esteve em Curitiba).

Com tão poucos dias verdadeiramente frios a primavera poderá estar “se adiantando”.

Aves

No litoral do Paraná, todas as espécies de sabiá têm um período anual demorado em que não cantam. Desde que me mudei para o litoral, em 2003, tenho todos os anos anotado a data na qual cada espécie de sabiá voltou a cantar. A data média do recomeço do canto tem sido: 20 de agosto para o sabiá-poca

(Turdus amaurochalinus), 21 de agosto para o sabiá-una (T. flavipes) e 25 de agosto para o sabiá-laranjeira

(T. rufiventris). Este ano o sabiá-poca começou a cantar em 27 de julho e o sabiá-una começou em 2 de agosto; ambas muito mais cedo do que o esperado. O sabiá-laranjeiro não voltou a cantar ainda.

A data média para o saci (Tapera naevia) reiniciar a sua conhecidíssima vocalização monótona tem sido 20 de agosto. Neste ano ele começou em 24 de julho!

Até agora nenhuma ave de verão tem retornado da migração, mas neste mês elas podem começar a aparecer. No litoral norte as primeiras espécies a voltar costumam ser Progne tapera (andorinha-do-campo) e Stelgidopteryx ruficollis (andorinha-serradora), a data média da chegada delas (período 2003-2016) sendo 29 de agosto e 3 de setembro, respectivamente. Recomendo que fiquem em alerta, pois, a data mais precoce do retorno de uma ave de verão tem sido 27 de julho: um exemplar de Progne tapera, aqui em Tagaçaba, em 2016.

Mutucas

As mutucas fêmeas do gênero Chrysops atacam o alto da nossa cabeça, enquanto as fêmeas das outras espécies preferem as partes baixas do corpo da vítima. Fêmeas adultas de Chrysops varians, uma das mutucas mais numerosas do litoral, estão totalmente ausentes aqui na primeira metade do inverno. Tenho anotado todos os anos a data em que fui atacado pelo primeiro exemplar pós-inverno desta espécie. Este ano fui atacado em 2 de agosto, o que é três semanas antes da data média do primeiro ataque (a média, para o período 2004-2017, é 26 de agosto). Neste momento, uma semana depois, a espécie já está localmente abundante!

Tenho encontrado 32 espécies de mutucas no litoral norte e entre elas a mais numerosa é Tabanus occidentalis. É também a espécie com o período de voo mais extenso: tinha visto as suas fêmeas em todo o período de 31 de agosto a 21 de julho. No entanto, neste inverno de 2017, a espécie continuou ativa ao longo da estação! Este ano os cavalos do município de Guaraqueçaba não tiveram sequer uma semana de sossego!

Mulungu (Erythrina speciosa) florido e com vagens jovens, a planta ainda sem folhas; Tagaçaba de Cima, Guaraqueçaba (2014/08/09). A florada desta espécie se inicia tipicamente no início do inverno. As flores vermelhas não são visitadas por borboletas, mas são bastante procuradas pelos beija-flores.

Leia o texto completo em: http://www.andredemeijer.net/2017/08/11/alegrias-naturais-do-inverno/

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