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Ana Julia denuncia que 8,8 mil professores foram afastados por sofrimento mental em 2024

Deputada Ana Júlia Ribeiro no plenário da Assembleia | foto: Divulgação

A morte de uma professora da rede estadual dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, em Curitiba, reacendeu o debate sobre o adoecimento mental de profissionais da educação no Paraná. A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (2) para denunciar o que classifica como um processo sistemático de assédio e pressão institucional imposto aos professores pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).

Segundo dados da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência (Seap), obtidos por meio de requerimento apresentado pela deputada, mais de 8.800 professores foram afastados por motivos relacionados à saúde mental somente em 2024. O número representa cerca de 13% do total de docentes da rede estadual, que atualmente conta com 68.837 profissionais, conforme dados do portal Consulta Escolas.

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As informações foram apresentadas por Ana Júlia em sua atuação como coordenadora da Frente Parlamentar de Saúde Mental.

“É um assunto muito delicado, que merece ser tratado com a devida atenção pelo governo. Os dados demonstram o quanto o assédio e a pressão sobre os professores têm aumentado, principalmente por conta de metas abusivas, cobrança excessiva e a falta de autonomia em sala de aula”, afirmou a deputada.

Ana Júlia também criticou o uso intensivo de plataformas digitais, que, segundo ela, ampliam a sobrecarga dos docentes e reduzem a autonomia pedagógica nas escolas.

Durante o pronunciamento, a parlamentar relatou o caso de um professor que, mesmo hospitalizado, foi obrigado a participar de uma formação promovida pela Seed. “No dia 22 de maio, solicitamos, via ofício, esclarecimentos sobre a política de faltas e pedimos uma revisão das diretrizes. Até hoje, não recebemos qualquer resposta”, denunciou. Para ela, o silêncio da secretaria evidencia uma “política de assédio moral institucionalizada”.

Ana Júlia também prestou solidariedade à família da professora Silvaneide Andrade, que faleceu na última sexta-feira (30) no colégio Jayme Canet, e a todos os profissionais da rede estadual. “São os estudantes e o próprio Estado do Paraná que mais perdem com esse cenário. Estamos assistindo à retirada silenciosa do direito à educação”, concluiu.

FOTO: Deputada denunciou colapso da educação no Paraná
Crédito: Divulgação

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