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Advogada e deputado denunciam Terin no caso do vazamento de nafta

Vazamento de nafta na Terin
Foto: Rádio Ilha do Mel

O drama das famílias desalojadas pelo vazamento de nafta da Terin ainda não acabou, denuncia a advogada dos moradores do bairro Rocio mais afetados pelo acidente, ocorrido no dia 9 de abril, em Paranaguá.

Na última sexta-feira (28), seis famílias puderam voltar para suas casas, com uma garantia da Defesa Civil de que o perigo havia passado e com uma promessa da Terin de que receberiam uma indenização pelos 19 dias que tiveram que se abrigar em casas de parentes e amigos.

A Terin chegou a divulgar uma nota em que dizia que os moradores haviam aceitado um “auxílio emergencial” oferecido pela empresa, num acordo “com a participação do Ministério Público, da Defensoria Pública e da representante das famílias”.

A representante das famílias, a advogada que as defende, encaminhou ao Correio uma nota denunciando que a empresa não está cumprindo o que foi combinado. Ela informa que a Terin se comprometeu a fazer duas medições diárias do risco de explosão, o chamado “nível de explosividade” citado pelo Corpo e Bombeiros desde o vazamento do produto, que alcançou a rua e a galeria de águas pluviais.

“Esse escritório de advocacia, na pessoa da Dra. Isabella Nacle, vem, por meio desta nota oficial, informar que as famílias já retornaram para suas casas novamente, mais especificamente na sexta-feira dia 28/04/2023.

Infelizmente o pactuado para o retorno das famílias não vem sendo cumprido pela empresa Terin, a qual não tem honrado as medições do nível de explosão, conforme relatos dos próprios moradores.

Lembrando que a empresa firmou compromisso perante o Ministério Público do Estado do Paraná a fazer duas medições por dia nos territórios que foram interditados.

Por fim, essa advogada esteve presente na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em audiência, na data de hoje (segunda-feira, 2) com o Deputado Estadual Dr. Artagão, e expôs os sofrimentos constantes passados por toda a população do bairro Rocio.

O deputado mostrou-se extremamente preocupado com a situação e comprometeu-se em levar ao plenário proposta para que todos os moradores sejam melhor assistidos pelo Estado.

Mister ressaltar que esse escritório aguardará a conclusão das investigações criminais e, após irá propor as ações cabíveis em face da Terin e de todo e qualquer que tenha causados danos.”

“A mercê da boa vontade de um grande empresário”

Artagão Junior ocupou tribuna na segunda-feira (2) | Reprodução TV Assembleia

O deputado Artagão Junior (PSD) tratou do assunto na tribuna da Assembleia, durante a sessão desta terça-feira (2). Além de falar das famílias atingidas, propôs uma audiência pública para debater uma regulamentação no Porto do Paranaguá que evite novos acidentes com “danos ambientais e sociais”.

O deputado lembrou que é autor – junto como presidente da Casa, Ademar Luiz Traiano, e de Alexandre Curi, ambos do PSD – de um projeto de lei que propõe estabelecer procedimentos de proteção ao meio ambiente que devem serem cumpridos por embarcações fundeadas ou atracadas em áreas de zona costeiras, águas continentais ou baías do Paraná.

Segundo o deputado, denúncias apontam que o duto subterrâneo da empresa Terin por onde vazou a nafta e onde foram encontrados 8 pontos de ruptura, é diferente do que foi apresentado no projeto para licenciamento.

Ao defender que a Assembleia acompanhe de perto o desenrolar do caso e promova medidas preventivas, o deputado citou a explosão do navio Vicuña, ocorrida em 2004, quando descarregava combustível no Porto de Paranaguá. Segundo ele, “as empresas, uma vez que acontece o problema, se envolvem na proteção de bons advogados e o processo se arrasta e as medidas não são adotadas”.

“Nós não podemos mais ficar à mercê da boa vontade de um grande empresário ou da presença firme e efetiva Ministério Público depois que o problema aconteceu”, disse. O deputado se referiu ao empresário Alceu Elias Feldmann, um dos homens mais ricos do Paraná, dono da Fertipar, e que adquiriu a Terin no início de 2022.

O Correio procurou a Terin na tarde desta quarta-feira (3) e a empresa ainda não se manifestou a respeito dos assuntos.

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