Correio do Litoral
Notícias do Litoral do Paraná

A pé ou de bicicleta, equipes percorrem praias para salvar animais

Na manhã desta quarta-feira (5), Bruna Canal postou, junto com uma foto da praia mostrando conchas em primeiro plano, o seguinte relato no Facebook: Barra do Saí #picoftheday Temperatura hoje entre 23° a 25° Velocidade do vento: 4 a 8 nós ➰ Direção do vento: predominante Sul Bióloga, Bruna é técnica do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) e integrante do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da UFPR. Ela é paranaense de Foz do Iguaçu e atuou junto ao Tamar, o importante projeto de proteção de tartarugas que atua em diversos estados. O relato de Bruna diz pouco sobre a missão que exerce junto com mais de 52 profissionais que trabalham na proteção e conservação da fauna no Litoral do Paraná. O projeto é financiado pelo Petrobras, como condicionante do licenciamento ambiental da exploração do Pré-Sal na Bacia de Santos. Entre os trabalhadores do projeto encontram técnicos altamente qualificados, professores e cientistas. Também existem jovens estudantes contratados para percorrer diariamente as as praias em busca de animais marinhos encalhados, ferido ou mortos. Todos os dias, jovens e técnicos percorrem – de bicicleta, a pé ou em veículos especiais – as praias de Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, além de trechos da Ilha do Mel e Superagüi. Semanalmente também são monitorados o trecho norte da Ilha do Superagüi e praias da Ilha das Peças. O atendimento de encalhes nas demais praias costeiras do Litoral, principalmente áreas rochosas de difícil acesso, é realizado pelos monitores locais e técnicos do PMP-BS por meio do acionamento da rede de colaboradores, incluindo as comunidades da região vistoriada. Também conhecido como “trabalho de campo”, o monitoramento na orla das praias também possibilita o contato com a sociedade. Muitos dos animais foram salvos e muitas das carcaças encontradas foram possíveis graças a informações da população. Por falar nisto, quem avistar um animal ferido ou morto nas praias do Paraná deve ligar para o telefone 0800 642 3341. Com informações e imagens do LEC-UFPR

Parcelamento do Guaraprev abre caminho para dinheiro federal

Os vereadores de Guaratuba aprovaram, nesta segunda-feira (3), a autorização para o Município parcelar dívidas com o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – Guaraprev. A PL 1.420 foi aprovado por unanimidade e em primeira votação e o projeto volta à Ordem do Dia em sessão extraordinária marcada para as 18h desta sexta-feira (7). Depois de aprovado em segundo turno, a Prefeitura vai correr contra o tempo para fazer o termo de parcelamento com o Ministério da Previdência e buscar recursos federais que já estão destinados ao Município. Em busca da CRP Até o parcelamento ser assinado, o Município fica sem poder requerer Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) que venceu em outubro de 2016. Sem o documento, a Prefeitura fica impedida de receber transferências voluntárias da União, celebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes, conseguir empréstimos, financiamentos, avais e subvenções de órgãos ou entidades da administração direta e indireta da União. O CRP só não é exigido nos casos de transferências relativas às ações de educação, saúde e assistência social. Ficam bloqueadas emendas de mais de mais de R$ 2 milhões que deputados federais destinaram para a cidade e têm grandes chances de liberarem no “pacote de bondades” do governo Temer para aprovar a Reforma da Previdência. Metade do valor são de emendas o deputado federal Leopoldo Meyer (PSB) – R$ 1,3 milhão. Também há R$ 450 mil do deputado Fernando Francischini (SDD), R$ 300 mil da deputada Christiane Yared (PR), R$ 190 mil de Fernando Giacobo (PR) e R$ 100 mil de Toninho Wandscheer (Pros). Estragos da ressaca – Da mesma forma os recursos federais emergenciais para recuperação dos estragos da ressaca de outubro 2016 ficam parados. O valor ainda não está definido, mas a liberação foi assegurada pelo ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, em reunião com o prefeito e deputados do DEM, entre eles o paranaense Osmar Bertoldi. Apenas R$ 631 mil do governo estadual para as obras de recuperação estão garantidas até agora. O relatório de danos apresentado pela Prefeitura prevê gastos de cerca de R$ 2,8 milhões – inclui situações que não tem a ver com a ressaca de outubro, como a reconstrução da passarela em Caieiras e do trapiche de concreto do bairro Piçarras. Dívida – A dívida com o Guaraprev é de cerca de R$ 35,5 milhões. Entre 2013 e 2016, a prefeitura de Guaratuba vinha pagando um parcelamento em 320 meses respaldada em liminar da Justiça – o governo federal só permite 240 meses. Pagou até julho de 2016, quando a liminar caiu. A Prefeitura informa que fará o o novo parcelamento em 240 meses. Reajuste de 4,69% para quadro geral e professores Na mesma sessão, também em primeira votação e por unanimidade foi aprovado, o reajuste salarial de 4,69% aos servidores do quadro geral e do magistério. O aumento tem valor retroativo aos salários de março e a diferença deverá vir em dobro no próximo pagamento. Leia o Projeto de Lei nº 1.422. O projeto do reajuste também está na Ordem do Dia da sessão extraordinária de sexta-feira.

Colégio 29 de Abril garantido no basquete da regional dos JEPs

A equipe de basquete masculino A (até 17 anos) do Colégio Estadual 29 de Abril foi a primeira a se classificar para fase regional dos Jogos Escolares do Paraná que acontece de 5 a 11 de maio em Matinhos. A vaga foi confirmada na tarde desta terça-feira no Ginásio de Esportes José Richa na segunda rodada da fase municipal dos JEPs em Guaratuba. O “29” veio com a vitória de 23 a 14 sobre o Colégio Monteiro Lobato. Na segunda-feira, já havia vencido o mesmo adversário por 25 a 16. Apenas o primeiro colocado avança na competição. Futsal O C.E. 29 de Abril também fez bonito na rodada desta terça-feira no futsal. No masculino A derrotou o Monteiro Lobato por 5 a 3, na parte da manhã. À tarde, a vitória foi sobre C.E. Cubatão por 3 a 2. Também pela divisão A, o C.E. Zilda Arns venceu o C.E. o Cubatão por 5 a 2. Já o Anibal Khury voltou a vencer na divisão B (até 14 anos). Nesta terça-feira derrotou Escola Estadual Léa Germano Monteiro por 5 a 3. Já o C.E. Joaquim Mafra goleou o Zilda Arns por 7 a 0. A terceira rodada acontece nesta quarta-feira, a partir das 8h15. A disputa vai até sexta-feira. Reportagem e fotos de Jairo Gomes

Prefeituras do Litoral recebem recursos para ambulâncias

Seis dos sete municípios do Litoral do Paraná recebem, nesta terça-feira (4) recursos para de emendas parlamentares para compra de ambulâncias e outros veículos de transporte de pacientes. Tratam-se de recursos do Orçamento do Paraná definidos pelos deputados estaduais. Pontal do Paraná receberá o maior valor: R$ 280 mil, sendo R$ 40,00 para compra de equipamentos de fisioterapia e R$ 240 mil para transporte. No site do Governo do Paraná, Guaratuba aparece com R$ 120 mil, que serão gastos na compra uma ambulância, conforme informou à Câmara Municipal o autor da emenda, o deputado Nelson Justus (DEM).  Segundo o site da Prefeitura, terá mais R$ 120 mil de uma emenda do deputado Pedro Lupion para compra de uma van que será usada no transporte de pacientes. Antonina, Paranaguá, Matinhos e Guaraqueçaba terão R$ 120 mil cada, valor suficiente para compra de um veículo. Apenas Morretes ficou de fora. Em todo o Paraná, as emendas na Saúde destinaram recursos para as prefeituras comprarem ambulâncias, ônibus, vans e veículos para o transporte de pacientes, reformar unidades de saúde, aquisição de kits de equipamentos e mobiliário para unidades de saúdes, conjuntos de equipamentos de fisioterapia, entre outros. A maioria dos municípios – 172 dos 206 que receberam emendas – optou pelo transporte.

Puxada de rede de Pontal do Paraná pode virar patrimônio nacional

A puxada de rede dos pescadores artesanais de Pontal do Paraná poderá ser reconhecida como patrimônio nacional cultural. O Departamento de Cultura da Prefeitura estão elaborando o um projeto para reconhecer a atividade como patrimônio imaterial cultural, e com isto, garantir a proteção da pesca artesanal, ameaçada pelo desenvolvimento econômico. O Projeto Patrimônio Imaterial Cultural da Puxada de Rede de Pontal do Paraná recebeu na sexta-feira (31) técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (iphan). Eles explicaram que bens culturais imateriais passíveis de registro pelo Iphan são aqueles que detém continuidade histórica, possuem relevância para a memória nacional e fazem parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. Constituição Federal, em seu artigo 216, prevê que sua preservação deve ser feita em parceria do Estado com a sociedade. Também marcaram presença na reunião membros do Institucional do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), estudantes e professores do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM), os vereadores Marco Rocha e Baiano, o secretário de Recursos Naturais Udo Leto, Marcos Girotto da mesma secretaria, representantes da Colônia de Pescadores Z-5 e pessoas da comunidade. A iniciativa da Prefeitura de Pontal abre caminho para a preservação da pesca artesanal em todo o Litoral do Paraná. Com informações a Assessoria de Comunicação de Pontal do Paraná

Muitos gols na largada dos Jogos Escolares em Guaratuba

Futsal e basquete movimentaram o primeiro dia da fase municipal dos Jogos Escolares do Paraná, em Guaratuba. A competição é seletiva para a fase regional dos JEPs que acontece no próximo mês em Matinhos. A rodada aconteceu no Ginásio de Esportes José Richa. O futsal começou com eficiência dos ataques e a marcação de 34 gols nas 5 partidas disputadas. O Colégio Estadual Joaquim Mafra marcou o maior placar ao golear o C.E. Cubatão por 11 a 2, no jogo da tarde. A partida foi válida pelo masculino A (até 17 anos). Na outra partida do grupo, pela manhã, o Joaquim Mafra venceu o C.E. Zilda Arns por 5 a 1. Na outra partida do masculino A, o Cubatão derrotou o Monteiro Lobato por 5 a 0. No masculino B (até 14 anos) o C.E. Anibal Khoury venceu o Colégio Monteiro Lobato por 5 a 2. Na outra partida do B, o Zilda Arns ganhou do C.E. Cubatão por 2 a 1. Na única partida do torneio de basquete, pelo masculino, o Colégio Estadual 29 de Abril venceu o Monteiro Lobato por 25 a 16, depois de fazer 8 a 6 no primeiro tempo. A competição prossegue nesta terça-feira com rodada a partir das 8h15 no Ginásio José Richa. Reportagem e fotos de Jairo Gomes / Divulgação SEET

Estrada de Garuva pode ter pedágio de até R$ 12

O Governo de Santa Catarina estuda privatizar a pequena SC-417, rodovia que liga Garuva a Guaratuba e Itapoá. As informações são do jornalista Jean Balbinotti, de “A Notícia”, de Joinville. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (3), os estudos ainda são preliminares, mas já existe até um cálculo aproximado do valor do pedágio: entre R$ 10,00 e R$ 12,00. O trecho catarinense da “Estrada de Garuva” se liga ao Paraná e a Guaratuba na PR-412. Com apenas 17 quilômetros de extensão, a SC-417 tem problemas crônicos de falta de manutenção. Os buracos na pista são causa constante de acidente e a manutenção costuma ser paliativa, com remendos e tapa-buracos. A estrada é intensamente movimentada durante o verão e tem um fluxo constante por ser a principal via de aceso de Guaratuba e de Itapoá. Também recebe o fluxo de caminhões que vai ao porto de Itapoá. O secretário do Estado de Planejamento, Murilo Flores, disse ao jornal que o pedágio de até R$ 12 para veículos de passeio vai permitir a duplicação do trecho durante a vigência da eventual concessão. “Não podemos cobrar um pedágio muito alto. O setor produtivo (empresas) entende que a cobrança de R$ 10 a R$ 12 é aceitável. Fizemos algumas simulações que chegaram a R$ 30. Não é o que queremos. Vamos cobrar um pedágio igual em todas as rodovias”, declarou o secretário, segundo o jornal. Leia a notícia completa: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2017/04/governo-estadual-estuda-concessionar-estrada-entre-itapoa-e-garuva-rodovia-do-arroz-e-estrada-dona-francisca-na-regiao-de-joinville-9762688.html

Policial rodoviário capota carro na avenida Paraná

Um carro do Batalhão da Polícia Rodoviária capotou, no início da tarde deste domingo (2), na avenida Paraná, em Guaratuba. De acordo com a Polícia Militar, o policial que estava no interior do veículo foi socorrido com ferimentos leves. A viatura foi desvirada e retirada do local por um caminhão guincho. O acidente aconteceu no trecho urbano da rodovia PR-412. A Polícia Rodoviária não divulgou as causas do acidente. Fotos divulgadas no Whatsapp – grupo Guaratuba Notícias

Vacinação contra a dengue é prorrogada até 7 de abril

A Secretaria de Estado da Saúde decidiu ampliar o prazo para imunizar mais pessoas, principalmente nas maiores cidades, como Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Paranaguá, que ainda estão com resultados abaixo do esperado. Até a manhã desta sexta-feira (31), 65% do público-alvo para a segunda dose foi vacinado. Público – São quase 250 unidades de saúde com salas de vacina nos 30 municípios da campanha. Em Paranaguá e Assaí, têm direito à vacina moradores com idade entre 9 e 44 anos. Já nas outras 28 cidades a vacinação abrange a faixa etária entre 15 e 27 anos. Além da segunda dose, a vacina é oferecida para quem não foi vacinado na primeira fase da campanha, em 2016. “Esta vai ser a última oportunidade para tomar a primeira dose. Na próxima etapa, em setembro, ela não será oferecida”, disse o coordenador estadual da Imunização, João Luís Crivellaro. Quem participa – Fazem parte da campanha os municípios de Paranaguá, Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Boa Vista da Aparecida, Tapira, Santa Isabel do Ivaí, Cruzeiro do Sul, Santa Fé, Munhoz de Mello, Marialva, Paiçandu, São Jorge do Ivaí, Maringá, Mandaguari, Sarandi, Iguaraçu, Ibiporã, Jataizinho, Porecatu, Bela Vista do Paraíso, Cambé, Londrina, Sertanópolis, Leópolis, São Sebastião da Amoreira, Itambaracá, Cambará e Maripá. Fonte: Sesa

Mestrado na UFPR insere transgêneros e indígenas

A Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial Sustentável, da UFPR Litoral, também está promovendo o ingresso de estudantes que fazem parte de grupos tradicionalmente marginalizados.Os editais de seleção do programa, desde a primeira turma, em 2014, reservavam vagas para negros, deficientes, docentes de escolas públicas, indígenas e transgênero, no entanto, as duas últimas categorias ainda não haviam sido preenchidas. Este ano, porém, no edital de aprovação estavam Davi Vergueiro e Dionne do Carmo Araújo Freitas. Vergueiro, tem 31 anos, faz parte da etnia Kaingang, e é morador do litoral paranaense. Sua aprovação no processo seletivo de mestrado reflete esforços de outras políticas, como das vagas complementares destinadas aos Povos Indígenas do Paraná, que permitiu que Vergueiro ingressasse na graduação, também concluída na UFPR Litoral. “Quando a gente sai da graduação percebe que pode fazer mais. Optei pelo mestrado em Desenvolvimento porque, além de me sentir muito à vontade no Setor Litoral, tenho a possibilidade de desenvolver projetos e pesquisas que podem auxiliar os povos indígenas a pensar um modelo de desenvolvimento coerente com nossa realidade, sem a necessidade de abrir mão de nossos valores culturais” – conta Vergueiro. O que é novidade nas vagas reservadas para cotistas é a destinação do benefício às pessoas transgênero, ou seja, aquelas cuja identidade de gênero/sexo difere do sexo biológico ou daquele designado no nascimento, tal como as travestis e transexuais. Dionne do Carmo Araújo Freitas é a primeira estudante trans a ingressar no PPGDTS por meio das vagas reservadas. Aos 27 anos a história de vida da mestranda ilustra e justifica a necessidade de cotas para trans. A história que as pessoas fingem não ver Terapeuta ocupacional formada pela Faculdade de Medicina da USP, Dionne fez residência multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso. Mas para chegar até a aprovação no processo seletivo de mestrado muitas barreiras precisaram ser enfrentadas: do preconceito à própria aceitação. Dionne foi registrada como menino e criada como tal, mas lembra-se que, já aos três anos, sabia que era uma garota: “Eu me sentia assim, ou seja, eu era uma criança transexual”. A terapeuta ocupacional nasceu com o cariótipo mosaico XXY, ou seja, seu corpo não funcionava nem como o de um homem, nem como o de uma mulher. Segundo Dionne, isso foi “sorte, porque como o corpo não produzia testosterona foi mais fácil a transição” para o corpo feminino. Apesar de descrever como mais fácil o processo, isso não significa que tenha sido um caminho tranqüilo. Dionne conta que passou por vários médicos que sugeriam a reposição hormonal com hormônio masculino, testosterona, uma vez que tanto seu corpo quanto seu registro eram masculinos. “Eu preferia morrer a aceitar o tratamento com hormônio masculino”. Como acontece com a maioria das pessoas trans, Dionne começou a tomar hormônio femininos por conta própria.Somente aos 14 anos, por meio do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto, que Dionne conseguiu acompanhamento médico. E só depois dos 20 anos conseguiu realizar a cirurgia de redesignação de sexo. Violência Além de sofrer com a aceitação da família e dos vizinhos, Dionne ainda precisava enfrentar a transfobia fora do seu círculo mais próximo. “Não podia andar sozinha no bairro onde morei, pois recebia pedradas e cusparadas. Sofri três tentativas de estupro coletivo”. Na escola não foi diferente. Dionne lembra que era ridicularizada, humilhada e isso piorou no ensino médio, quando a impediam, a força, de usar o banheiro feminino. “ Quando eu entrei na faculdade queria viver como uma pessoa cisgênera – que tem sexo psicológico igual ao físico e não passa pelos constrangimentos das pessoas transgêneras – , então não contei para ninguém minha condição e por ter nome ambíguo e fenótipo totalmente feminino passei despercebida na faculdade e na pós graduação também. Já na pós minha documentação estava retificada então não me preocupei com nada disso. Tudo isso me mostrou que realmente vivemos uma epidemia de transfobia no Brasil, pois quando me escondi não sofri nenhuma das coisas que passava lá como pessoa trans”. O porquê das cotas Trans A decisão pela cota para pessoas trans tem como base estudos que evidenciam como esse público é socialmente marginalizado. Segundo Marcos Signorelli, professor do PPGDTS e pesquisador sobre o tema “a expectativa de vida para uma pessoa trans é de 35 anos, metade da população em geral que chega a mais de 70 anos”. Além disso, Signorelli lembra que o Brasil é o país que mais assassina pessoas trans, concentrando mais da metade de todos os homicídios cometidos no mundo. A violência que culmina na morte dos trans é a expressão máxima da violência, no entanto muitas outras formas permeiam a vida dessas pessoas : “isto está diretamente relacionado ao preconceito, falta de informação sobre o tema e reflexo de uma cultura machista” lembra o pesquisador. Fora a violência há outras questões que intensificam os dilemas e dificultam o processo de auto aceitação da condição do trans, como a falta de apoio na família, que quase sempre culmina na expulsão do lar. E isso se mostra também no ambiente escolar, levando à evasão e, consequentemente, refletindo nas condições profissionais que essas pessoas poderão alcançar. “Muitas vezes a prostituição é o único caminho para a sobrevivência e disso desencadeiam-se vários outros problemas de saúde pública”, ressalta Signorelli. Para Dionne, a cota para pessoas trans é uma “oportunidade de formação acadêmica para as poucas e poucos que conseguem se formar. Devido a marginalização, e o ‘empurramento’ a prostituição, em 90% dos casos, desrespeito ao nome social e às políticas de retificação de documentos a fim de possibilitar o respeito a dignidade da pessoa humana”. Diante desse contexto, Signorelli acredita que “ao contrário do que muitas pessoas pensam, cotas não são um privilégio, mas uma possibilidade, mesmo que