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APA de Guaraqueçaba completa 30 anos

Imagem: ICMBio – fotos: Alan Mocochinski
Imagem: ICMBio – fotos: Alan Mocochinski

Responsável por abrigar parte do maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do País, a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba completa 30 anos de existência neste dia 31 de janeiro.

Com mais de 282 mil hectares de área protegida, a APA de Guaraqueçaba tem grande relevância na região e abriga duas Unidades de Conservação (UCs) federais dentro de seus limites: a Reserva Biológica (Rebio) Bom Jesus e a Estação Ecológica (Esec) de Guaraqueçaba.

“A APA fica numa área muito importante para o bioma Mata Atlântica, apresentando uma extensão bem grande e muito preservada. Há ainda uma diversidade nas paisagens da UC, com a parte marinha, o largo trecho de terra – utilizado para agricultura – e a parte montanhosa”, avalia Fátima Guedes, chefe da Unidade.

Turismo e lazer

Além de proteger várias espécies ameaçadas de extinção, como o gavião-pomba, o sabiá-pimenta e o mico-leão-da-cara-preta, a APA também tem vocação turística: as inúmeras belezas naturais atraem visitantes que desejam aproveitar os rios, cachoeiras e piscinas naturais.

“A região é muito rica em atividades e o uso da baía é bastante significativo. Há também muitas trilhas e cachoeiras, como a do Salto Morato, que encanta os visitantes”, destaca Fátima Guedes.

Na parte marinha, os praticantes de turismo náutico (vela, caiaque e stand up paddle, por exemplo) têm a oportunidade de apreciar a beleza imponente da Serra do Mar, e a diversidade natural da APA.

A região é considerada uma das melhores do país para observação de aves da Mata Atlântica. Lá ocorrem mais de 300 espécies de aves – entre elas, o papagaio-da-cara-roxa e o garimpeirinho – o que atrai grupos de observadores e fotógrafos de várias regiões do Brasil.

Gestão participativa

A APA de Guaraqueçaba busca dialogar com as comunidades e contribui com a preservação dos modos de vida das populações tradicionais. Além dos agricultores, há também a população caiçara, que vive da pesca, morando nos limites da Unidade.

“As comunidades moram e trabalham na APA, mas não existem ocupações irregulares nas áreas da Rebio Bom Jesus ou da Esec de Guaraqueçaba”, esclarece a analista ambiental, Kelly Cottens.

A partir da criação do Conselho Consultivo, em 2002, a gestão participativa da APA de Guaraqueçaba passou a ter grande força. “Foi inovador, pois vivíamos o início da gestão participativa. Naquele momento, ainda havia pouca participação social nas Unidades”, destaca Cottens.

Para Amarildo Costa, líder dos pescadores tradicionais caiçaras, desde 1997, através do Conselho ocorre o diálogo e o entendimento entre a comunidade e os gestores da UC. “A coisa boa é que agora nós temos voz própria, podemos nos expressar e somos ouvidos”, ressaltou.

Uma câmara técnica foi criada para ouvir os pescadores e discutir a questão do período de defeso (quando a caça, coleta e pesca ficam vetadas ou controladas) do camarão branco e do caranguejo-uçá. “Na teoria é uma coisa, mas quem conhece a realidade do dia a dia é o pescador”, argumenta Costa. Segundo ele, a fase de desova do camarão branco, por exemplo, que ocorre entre setembro e novembro, deveria ser contemplada pelo período de defeso, o que ainda não ocorre.

Com a chegada de uma equipe nova em 2013, a administração da UC ganhou fôlego e a APA conquistou uma nova sede, na cidade histórica de Antonina. Este núcleo complementa a sede antiga, que continua em funcionamento no município de Guaraqueçaba.

Fiscalização e educação ambiental

As ações de fiscalização realizadas na APA de Guaraqueçaba têm importância estratégica na região, uma vez que a APA funciona como zona de amortecimento – isto é, o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas – para a Esec de Guaraqueçaba e para a Rebio Bom Jesus.

Durante o ano de 2014, duas grandes operações de fiscalização combateram o desmatamento, o roubo de madeira e a pesca irregular.

A administração da UC é também responsável por verificar se os empreendimentos da região – que geram impactos na natureza – estão executando as compensações ambientais exigidas pelo licenciamento. Plantio de árvores em áreas de erosão, melhorias na infraestrutura e monitoramento da qualidade da água – realizada em parceria com as comunidades locais – são algumas destas compensações.

A UC realiza ações de educação ambiental com o objetivo de estimular práticas sustentáveis e informar a população local sobre o trabalho da APA de Guaraqueçaba. Com isso, a comunidade passou a entender melhor o papel da Unidade e o trabalho do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ICMBio) na conservação da natureza.

Comemoração

Para celebrar seus 30 anos, a APA de Guaraqueçaba produziu algumas chamadas para exibição na TV pública estadual, além de um material impresso de divulgação da UC, que será distribuído com o auxílio da Polícia Militar Ambiental do Paraná. Também no intuito de marcar a data, o fotógrafo Marcos Maranhão, de Antonina, realizou um ensaio fotográfico da APA, que será exposto em um hotel da cidade.

Texto: Nana Brasil / ICMBio
Mapa Turístico da Cooperguará Ecotur - Cooperativa de Ecoturismo de Guaraqueçaba
Mapa Turístico da Cooperguará Ecotur – Cooperativa de Ecoturismo de Guaraqueçaba
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