Deputada denuncia precarização e intenção de privatizar Sanepar

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi questionada pela Assembleia Legislativa do Paraná sobre a crescente falta de água em diversas regiões do estado, após requerimento apresentado pela deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT). O documento cobra explicações formais da empresa diante do que a parlamentar considera a precarização do serviço e também aponta indícios de um possível processo de sucateamento com o fim de privatizar a estatal.
A deputada classificou como insatisfatória a resposta da Sanepar, enviada por meio da Casa Civil em 15 de maio. Ana Julia informa que a companhia atribuiu os problemas a eventos climáticos registrados em 2024 – como estiagens prolongadas e temperaturas elevadas em regiões como Londrina e Maringá – além de fatores como vandalismo, obras, falhas energéticas e aumento da turbidez da água em decorrência de tempestades.
Segundo Ana Júlia, a resposta não apresenta nenhum plano concreto de contingência, nem medidas estruturais para evitar que as falhas se repitam. A empresa ainda enfatizou que os usuários devem manter reservatórios com autonomia de 24 horas, conforme determinações legais — o que, para a deputada, representa uma tentativa de transferir a responsabilidade pelo abastecimento à população, mesmo em casos críticos como o de hospitais.
Ana Júlia considera que o problema não se resume a falhas pontuais, mas revela uma crise de gestão. “A água, bem essencial à vida humana, quando afetada, atinge diretamente a dignidade da pessoa humana”, afirma o requerimento. Um dos episódios mais graves citados é o do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que teve o fornecimento interrompido e precisou racionar água, mesmo atendendo casos de urgência.
24 horas para uma resposta emergencial
A situação no hospital causou indignação, salienta a deputada. A unidade ficou quase 24 horas sem solução definitiva, sendo socorrida apenas por caminhões-pipa entre os dias 17 e 18 de março – cinco deles destinados ao hospital apenas no segundo dia. Para Ana Júlia, o episódio demonstra negligência grave e falta de preparo por parte da empresa. “Não é aceitável que um hospital público precise esperar um dia inteiro para garantir o mínimo: água para manter atendimentos de emergência.”
A parlamentar também refutou a justificativa climática utilizada pela companhia. “Desde o ano passado, o Paraná tem registrado volumes históricos de chuvas, afastando a hipótese de uma crise hídrica semelhante à de 2020”, escreveu.
Privatização como pano de fundo
No requerimento, Ana Júlia também levanta a hipótese de que a má gestão da Sanepar não seja acidental. “É inadmissível que o sucateamento do serviço, buscando a sua privatização, desumanize a população paranaense”, afirma. Para ela, fragilizar uma empresa pública para justificar sua entrega à iniciativa privada é um modelo perigoso, que sacrifica a qualidade de serviços essenciais em nome do lucro.
A deputada afirmou que continuará acompanhando a situação e cobrando ações efetivas, com atenção especial aos casos que comprometem diretamente o funcionamento de instituições públicas, como hospitais e escolas.