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Estudo encontra praias de Guaratuba e Pontal contaminadas com microplásticos

Amostras são das Praias do Leste e Pontal do Sul, em Pontal do Paraná, e Central e Brava, em Guaratuba

Yan Mesquita realiza coleta na praia | foto: Divulgação UFPR

Yan Mesquita é oceanógrafo, formado no Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fez mestrado e, agora, doutorado com bolsa Caps, no Programa de Pós-Graduação em Sistemas Costeiros e Oceânicos da UFPR. Atualmente, compõe a rede de pesquisa “Paraná pela Década do Oceano” da UFPR.

Qual a sua linha de pesquisa?

Tenho trabalhado, desde o mestrado e, agora, no doutorado, com a contaminação dos oceanos por microplástico. Avalio a presença, a distribuição e a classificação do que tem sido encontrado. O mestrado foi voltado para uma região de praias do Paraná e, agora, estou estudando a presença do microplástico na Baía do Almirantado, na Antártica, onde está a base de pesquisa Estação Antártica Comandante Ferraz.

Quais os resultados?

Na época do mestrado encontramos, nas quatro praias analisadas (Praia do Leste e Pontal do Sul, em Pontal do Paraná, e Praia Central e Praia Brava, em Guaratuba), microplástico de vários tipos e cores, o que indica a contaminação vinda de fontes diversas. Eles estavam dispersos e as zonas mais superiores da praia, mais próximas da vegetação ou do calçadão – principalmente praias com bares e restaurantes – apresentaram quantidade maior de microplásticos. A declividade e o movimento de ondas e marés acumulou o resíduo ali. Então se pensa muito nos organismos que estão nessa zona superior, como as aves, que podem se engasgar, ter danos no trato digestivo ou serem contaminadas pelos aditivos químicos que são colocados nos plásticos. Assim como eles, é ruim para todos os serem que interagem com as partículas.

E como será a continuidade no doutorado?

No doutorado, sob orientação da professora Renata Hanae Nagai, vou olhar amostras da Baia do Almirantado para buscar um padrão de distribuição dessas partículas e ter uma análise temporal. Olhando para testemunhos de segmentos, vemos que cada camada de sedimento, areia ou lama corresponde a alguma época. E a gente consegue analisar, ao longo do tempo, se houve alguma variação. Entrei há seis meses, estou pesquisando a área e qual é o conhecimento que já sem tem sobre contaminação na Antártica, para entrar na próxima etapa de análise das amostras. Eu acredito que terá havido aumento de contaminação por microplástico.

Qual é a relevância da sua pesquisa?

O ambiente antártico é bastante desconhecido. Embora haja outros trabalhos, o nosso analisa a distribuição e tenta identificar as fontes de que estão contribuindo para a poluição: se causada pelas estações de pesquisa, por navios de cruzeiro, ou se é contaminação generalizada, com partículas vindo de outras regiões. Além disso, a abordagem temporal – recuperar o que aconteceu ao longo do tempo – é inédita nessa região. Queremos entender se aconteceu algo parecido em outros lugares do mundo, onde também tem gente, e qual é a resposta do ambiente para essa fonte de poluição.

Fale sobre o projeto Paraná pela Década do Oceano da UFPR.

Esse é um projeto de extensão, da UFPR, alinhado com a iniciativa ‘Década do Oceano’, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A ideia é difundir o conhecimento sobre os oceanos como forma de fomentar a conscientização e a conservação, levando esse conhecimento tanto para dentro das escolas e da Universidade, quanto para o poder público, dialogando com casas parlamentares, Ministério Público e outros, para que todos os atores tenham a melhor informação possível para tomar decisões. A ideia é levar o conhecimento para fora de forma mais ativa.

Qual a importância da Capes na sua vida acadêmica?

A bolsa foi essencial. No mestrado e no doutorado estamos fazendo um curso, uma especialização que é trabalho também, e a bolsa CAPES é a nossa remuneração por esse trabalho de pesquisa que, no fim do curso, gera conhecimento novo para a sociedade, para o País. É difícil dedicar mais tempo a outra coisa, esse trabalho com amostras requer que a gente fique manhã, às vezes tarde e noite, ou quando estamos conduzindo experimentos,  final de semana. É o sustento realmente.

Yan Mesquita analisa amostra em laboratório no Centro de Estudos do Mar da UFPR | foto: Divulgação UFPR

Fonte: Redação CGCOM/Capes (MEC)

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