Filmagem de anta com filhote confirma importância do Parque Guaricana
Há poucos dias, uma anta e seu filhote foram flagrados caminhando no Parque Nacional Guaricana. A filmagem foi feita no dia 23 de junho por uma das câmeras instaladas na mata pelo pesquisador Daniel de Oliveira Lamberg, biólogo voluntário do parque e que já morou na Colônia Castelhanos, em São José dos Pinhais.
A presença confirmada dos dois animais – e ainda mais de um filhote – é uma demonstração da grande importância do Parque Guaricana. Com até 250 kg, a anta (Tapirus terrestris) é o maior mamífero terrestre da América do Sul e desempenha uma valiosa função na biodiversidade porque dispersa sementes dos frutos de que se alimenta por grandes extensões.
Na lista das espécies vulneráveis por ter sido caçada, quase desapareceu da Mata Atlântica e hoje ocupa apenas 1,78% do seu território, conforme estudo feito pelo norte-americano Kevin Flesher e pela brasileira Patrícia Medici. O mesmo estudo mostra que as populações da espécie têm se mantido estáveis e com indícios de aumento (Mongabay). A criação de unidades de conservação e de corredores de biodiversidade são decisivos para a preservação destes mamíferos.
Pesquisador voluntário
Daniel Oliveira já flagrou diversas aves e mamíferos, inclusive onça-parda (puma). As câmeras que utiliza fazem parte do Projeto Grandes Mamíferos da Serra do Mar, um monitoramento cujo objetivo é planejar a conservação da região e também sensibilizar a sociedade sobre a relevância da fauna da Mata Atlântica.
Daniel de Oliveira é graduado em ciências biológicas e bacharelando de sistemas de informação, em Curitiba. “Fui morador na Colônia Castelhanos e minha área de atuação é a informática”, contou ao Correio do Litoral.
“Em paralelo, sou voluntário do Parque Nacional Guaricana, atuando em pesquisas com mamíferos de médio e grande porte. Também auxílio pesquisadores na região tanto do parque, quanto na Área Estadual de Proteção Ambiental – APA de Guaratuba”.
“Como sempre estou na Colônia Castelhanos, busco registrar a fauna local, com câmeras traps e aplicativos de celular, registrando sua ocorrência e questões sanitárias (zoonoses). Além de informações de pressões que posteriormente são repassadas aos órgãos ambientais”, diz o pesquisador.
Parque Nacional da Guaricana
O Parque Nacional Guaricana fica na maior parte em Guaratuba, mas também alcança São José dos Pinhais e Morretes. O parque tem 49.286,87 hectares de área delimitados no entorno da antiga Fazenda Guaricana, de 7.900 hectares, que pertenceu ao extinto banco Bamerindus e passou para a União com a liquidação da instituição.
Atualmente, só a área da fazenda está consolidada como parque – a maior parte ainda é ocupada por propriedades rurais que precisam ser desapropriadas.
Foi criado em 2014, em um processo polêmico, atropelando a consulta da comunidade, que o Correio do Litoral acompanhou de perto. De lá para cá, o Correio também vem documentando o relevante papel que a unidade vem cumprindo na conservação da diversidade em uma região que faz parte do maior remanescente de Mata Atlântica do país, mas que também é ocupada pela agricultura, principalmente pelo cultivo de banana.