Correio do Litoral
Notícias do Litoral do Paraná

Monitoramento da pesca previne impactos da obra da Ponte de Guaratuba

Fotos: CSPG

Um dos condicionantes do licenciamento da obra da Ponte de Guaratuba é o monitoramento da atividade pesqueira, visando prevenir impactos durante a construção da ponte na pesca artesanal local.

O monitoramento é feito nas sete comunidades identificadas durante o processo de licenciamento ambiental da obra: Piçarras, Mirim, Caieiras, Cabaraquara, Parati, Prainha e Porto de Passagem.

O acompanhamento dos desembarques pesqueiros ocorre em 14 portos. Alguns desses portos são os trapiches de Piçarras, Rampa do Mirim, Caxeta, Cabaraquara, Prainha, Porto de Passagem, Praia Central, Praia de Caieiras e locais da área rural.

De acordo com o coordenador ambiental do Consórcio Supervisor da Ponte de Guaratuba, Robson Valle, entre as espécies mais capturadas nas regiões monitoradas estão o robalos, parati e o camarão sete-barbas. Ele detalha também a importância do monitoramento da atividade pesqueira para a região.

Segundo ele, os peixes e outros organismos marinhos, como siris, camarões e ostras, são essenciais para o equilíbrio ecológico da baía e para a subsistência das comunidades pesqueiras e ribeirinhas, sendo uma fonte importante de proteína e renda. “Nesse sentido, o monitoramento da atividade pesqueira é fundamental para identificar impactos do empreendimento na fauna local e avaliar sua influência na produção pesqueira de Guaratuba”, destaca o coordenador ambiental.

Comunidades

AMP Itaipu 4.0 formatura mob

O oceanógrafo Gabriel Domingues de Melo, do Consórcio Nova Ponte, que é um dos responsáveis por organizar, sistematizar e analisar os dados coletados, enfatiza que o monitoramento só é possível devido à colaboração e o interesse das comunidades locais.

“O monitoramento depende diretamente das informações fornecidas pelos pescadores e nas visitas das equipes ambientais aos pontos de desembarque, onde coletamos os dados. No caso da Ponte de Guaratuba, a adesão dos pescadores tem sido excelente, o que se reflete em uma recepção positiva durante as visitas e na qualidade dos dados gerados. O engajamento das comunidades tem sido um ponto fundamental para o sucesso dessa iniciativa”.

A bióloga do Consórcio Supervisor da Ponte de Guaratuba, Aline Prado, também enaltece a integração com as comunidades pesqueiras. “Os pescadores, com sua experiência diária no mar, são aliados essenciais no monitoramento, oferecendo uma visão única sobre o ambiente e a produção local. Esse trabalho conjunto tem sido fundamental para entender a influência da obra no ecossistema e na pesca”, diz a bióloga.

A profissional explica ainda que o estudo tem proporcionado uma caracterização detalhada da atividade pesqueira da baía de Guaratuba. “Identificamos as espécies mais capturadas e as peculiaridades de cada comunidade, que, apesar de geograficamente próximas, apresentam características distintas”, acrescenta.

Base de dados

Os principais resultados dessa iniciativa são a criação de uma base de dados, gerada pelo monitoramento da pesca e pela caracterização socioeconômica, e da atividade pesqueira das comunidades tradicionais.

Gabriel diz que essas informações são transformadas em produtos que subsidiam decisões e monitoram a atividade pesqueira nas proximidades do empreendimento da Ponte de Guaratuba.

“Como oceanógrafo, considero trabalhos que gerem dados sobre a pesca no Brasil como de extrema importância, especialmente porque iniciativas desse tipo são raras no país, principalmente envolvendo a pesca artesanal, praticada por comunidades tradicionais em áreas estuarinas, como a Baía de Guaratuba”, disse ele.

Os dados obtidos são comparados com informações de anos anteriores coletadas por outras instituições públicas e privadas, e os resultados são compartilhados com as comunidades a cada semestre, promovendo discussões participativas e, se necessário, abordando medidas necessárias para eventuais impactos identificados.

Leia também