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Expedição quer engajar comunidades na defesa da toninha

Fotos: Expedição “Eu sou Toninha” / LEC-UFPR

Pesquisadores que atuam no Projeto Conservação da Toninha na região de Santa Catarina, Paraná e São Paulo estão percorrendo o litoral para conhecer mais e engajar as comunidades na proteção da espécie de golfinho mais ameaçada do Brasil.

A expedição “Eu sou toninha” vai conversar com pescadores, gestores, pesquisadores e toda comunidade da região. Estão sendo produzidos vídeos e documentários falando sobre os locais onde a toninha ocorre, contando sobre os modos de vida e atividades das pessoas que vivem e dependem desta região. 

Os expedicionários fazem parte do Laboratório de Ecologia e Conservação, da Universidade Federal do Paraná (LEC-UFPR), e da Associação MarBrasil e vão percorrer a costa do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, para colher entrevistas, imagens, vivências e experiências de pessoas que estão envolvidas com o mar, com a sua cultura e conservação.

O objetivo é engajar a todos e ouvir as pessoas que, tanto quanto a toninha e outras espécies do mar, dependem desse território para viver. Em breve esse rico material estará disponível em diversas plataformas, inclusive no Google Earth. 

A bióloga Camila Domit, da Universidade Federal do Paraná, é quem coordena o projeto nestes estados, a área denominada de FMA II (da sigla em inglês para Franciscana Management Areas ou área de manejo da franciscana, um dos nome da toninha em países de língua espanhola e inglesa). 

É ela quem explica um pouco sobre o projeto na página do Facebook do LEC. “Esse projeto (de conservação da toninha) tem que ir além, tem de engajar as pessoas, tem que ouvir as pessoas que vivem e dependem deste território”, afirma.

No último dia 16, o LEC mostrou algumas imagens da passagem por Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Bertioga, Santos, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Cananéia, todos no litoral de São Paulo.   

“Entrevistamos pescadores que conhecem muito sobre o território das toninhas e trazem diversos olhares sobre os desafios para integrar conservação e uso de recursos naturais”, informam os expedicionários. 

Eles também conversaram com pesquisadores com ampla experiência científica e de vivência sobre impactos que já afetam a região como o Instituto Verde Azul (Viva),   Projeto Baleia à Vista, Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), Instituto Biopesca e Instituto de Pesca de São Paulo. A equipe do projeto também conversou e conferiu a experiência dos gestores de unidades de conservação deste território e sua biodiversidade, Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Sul e a Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro.

“Assim como as toninhas, todos sabem que conservar o oceano e sua biodiversidade é fundamental para a manutenção da vida no planeta”, diz o LEC.

No dia 18, a equipe contou um pouco sobre a Expedição Toninha no Paraná. 

Foram visitados o Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais, o Parque Nacional do Superagui, as estações ecológicas de Guaraqueçaba e a Ilha do Mel.

“Fomos recebidos e compartilhamos bons momentos junto das comunidades pesqueiras dos municípios de Pontal do Paraná e Matinhos. Tivemos uma aula com os pescadores e pescadoras sobre a relação do ser humano com o mar e seus recursos. Além disso, vivenciamos boas conversas com pesquisadores e visitamos espaços de desenvolvimento da ciência voltada à conservação da fauna marinha”. 

A expedição também documentou um pouco mais sobre o trabalho de recuperação da biodiversidade marinha e dos estoques pesqueiros da Associação Mar Brasil e ações de conservação realizadas aqui pelo UFPR

“Nesta viagem conectamos lugares, histórias e pessoas para contar sobre as belezas e importância da zona costeira, do oceano, da vida no mar, contemplando a toninha, o golfinho mais ameaçado do oceano Atlântico Sul.” 

Depois do Paraná foi a vez de visitar as comunidades pesqueiras de Itapoá e a Baía Babitonga, no litoral norte de Santa Catarina. As comunidades pesqueiras atuam principalmente com a pesca de emalhe e mesmo com o tempo feito foram ao mar buscar seu sustento e peixe fresco para a venda nos seus mercados.

A vida dos pescadores exige muita dedicação e relação estreita com a natureza e foi sobre estes temas que conversamos com os comunitários.

“Ao chegar na baía da Babitonga nos deparamos com uma imensa reserva natural da biodiversidade, a qual junto das florestas dos estados de São Paulo e Paraná, compõem o último grande remanescente de Mata Atlântica”.

A baía abriga uma população residente de toninhas. Essa condição única no mundo, já que as toninhas possuem hábitos costeiros, mas em geral não residem em estuários.

Durante a viagem, a equipe conversou com pesquisadores do Projeto Toninhas, da Univille e com um representante do Ministério Público Federal na região. “Todos os entrevistados, cada um a partir de sua perspectiva, nos reforçam o entendimento de que a conservação só é possível por meio da união de diferentes atores. A mesma linha de ideias surgiu na fala dos pescadores de Itapoá e de muitas regiões que visitamos! Somos mesmo uma grande rede que bem conectada pode trazer melhorias à qualidade do ambiente e à conservação da toninha.

A expedição dá uma pausa agora e retoma no final de julho ou começo de agosto, seguindo a partir da Babitonga até Torres, no Rio Grande do Sul. Na terceira fase vai até o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. A expedição “Eu sou toninha” continua e o Correio do Litoral vai acompanhar as novidades.

Redação do Correio com informações e publicações do LEC-UFPR

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