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Estudo mostra adaptação de animais em antigo lixão no Parque Rio da Onça


A cuíca | Fotos: Fernanda Gatto-Almeida/Acervo/Lamma-UFPR

Ainda estão lá as marcas do depósito de lixo a céu aberto que ocupou parte da área onde hoje fica o Parque Estadual Rio da Onça, em Matinhos. São clareiras que aparecem no meio da vegetação da Mata Atlântica, além de espaços onde se vê material de difícil decomposição, plástico e isopor, emergindo em meio ao substrato do solo, embolado com folhas e raízes. 

Além de visível aos visitantes, o impacto do lixão descontinuado nos anos 1990 também é percebido pelos pequenos mamíferos da região, que até hoje evitam as áreas mais degradadas.

Esse comportamento foi investigado por pesquisadoras do Laboratório de Análise e Monitoramento da Mata Atlântica (Lamma), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ao longo de 2018, eles analisaram o conjunto de espécies de pequenos mamíferos não voadores encontradas em três áreas do parque — uma de floresta original, outra de mata regenerada e outra que ainda tem indícios de degradação, porque era uma das que abrigava o lixão.

Além de serem o grupo mais diversificado de mamíferos do planeta e do Brasil, os pequenos mamíferos não voadores são um indicador relevante da situação de um ecossistema, porque expõem a disponibilidade de alimentos e locais de abrigo. Também são importantes espalhadores de sementes e controladores de pragas.

Para resumir: onde há pequenos mamíferos, há muitas formas de vida diferentes, a biodiversidade.

A principal conclusão das cientistas é de que pequenos marsupiais e roedores silvestres — mamíferos que pesam até um quilo — são, em geral, encontrados em menor número nas áreas mais degradadas do Parque Estadual Rio da Onça, apesar de algumas espécies estarem mostrando certa resiliência enquanto o ecossistema tenta se recompor. 

A análise foi registrada em artigo científico publicado em setembro no periódico Ecología Austral e é pioneira na avaliação de pequenos mamíferos em localidade onde houve lixão por tempo prolongado.

No apanhado geral, a avaliação é de que a existência de um espaço para despejo de lixo, a céu aberto e sem qualquer cuidado ou tratamento, não é uma situação que o ambiente consiga reverter rapidamente, mesmo com as leis de proteção ambiental. Ou seja, nesse caso, a unidade de conservação estadual se beneficiaria com investimento em metodologias menos passivas, como remoção do lixo, replantio de árvores nativas e monitoramento das condições e da sucessão da fauna e da flora.

Continua…

Leia a matéria completa, com galeria de fotos e infográfico, no site da Ciência UFPR

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