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Vídeoaulas mostram a arte dos mestres fandangueiros

Mestre Brasílio Santos Ferres – Foto: Guilherme Romanelli

Registros de Toques de Mestres do Fandango foi lançado na noite de sábado (17), no Mercado do Café, em Paranaguá.

Tratam-se de quatro videoaulas de 40 minutos em média com os mestres fandangueiros da cidade. O projeto é da pesquisadora e cineasta Lia Marchi.

No lançamento, o público pode participar de um bate-papo com os mestres e Lia Marchi. Em seguida, foi realizado Baile de Fandango, também no Mercado.

Nas videoaulas, os mestres Brasílio Santos Ferres, Waldemar Barbosa Cordeiro e José Martins Filho (Zeca) tocam seus repertórios de viola e comentam os toques. O mestre Zeca dá uma aula de rabeca. “Os três representam a tradição do fandango com maestria. Toda uma vida de bailes nas suas comunidades e inúmeras apresentações nos grupos de fandango dos dias atuais fizeram destes mestres nomes reconhecidos como a nata desta cultura. Um privilégio ouvi-los, aprender com seus toques e suas histórias”, comenta a diretora Lia Marchi.

Com este projeto, além da preservação da tradição, disponibiliza-se, tanto para quem está em Paranaguá como em outras localidades, ferramentas gratuitas de estudo.

A parte mais frágil para a manutenção do fandango é o aprendizado dos instrumentos. Muitos jovens já sabem dançar e bater o tamanco, entretanto, poucos são os que tocam. Ao registrar com uma equipe profissional e com larga experiência em documentação de tradições musicais populares estes toques, oferece-se um produto de qualidade para interessados em conhecer, aprender e tocar o fandango.

Lia Marchi acredita que “estas aulas serão pontes para trazer mais e mais gente para o baile em si, que é fundamental. Estar com os mestres no baile é uma experiência única e estas aulas com certeza vão despertar o interesse de muita gente que ainda não descobriu o fandango e espero trazê-los até os mestres, ao vivo.”

Lia Marchi é pesquisadora, professora, autora de diversos trabalhos sobre a cultura caiçara. Também é coordenadora dos projetos: Tocadores, Folias do Norte do Paraná, Arquivo das Danças do Alentejo, Música sem fronteiras. São 18 anos de experiência em registros da tradição. É autora de onze documentários e quatro livros, entre outros produtos culturais, como exposições, seminários e cursos.

Um dos propósitos deste projeto é aproximar a tradição e seus mestres de uma público alargado, com uma ferramenta contemporânea como a internet. Todas as videoaulas estarão disponibilizados no You Tube gratuitamente, a partir do diz 20 de dezembro, centralizados no Canal Olaria Cultural, que já tem diversos vídeos abordando temas das culturas tradicionais.

A Olaria Projetos de Arte e Educação nasceu em 1999 e está sediada em Curitiba, Paraná, Brasil e foi criada por Lia Marchi, com o objetivo de desenvolver e participar de projetos artísticos e educacionais que abrangem temáticas variadas com destaque para as linhas de trabalho, envolvendo patrimônio cultural, culturas populares, música e dança tradicional e educação pela arte. Para cada projeto, conta com a participação de profissionais e parceiros de diversas áreas.

Registros de Toques de Mestres do Fandango”

Videoaulas gratuitas a partir de 20/12/2016:
https://www.youtube.com/olariaculturalcombr

Saiba mais sobre o fandango

O fandango é um baile característico da região litorânea de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. É dançado em “batidos” e “bailados”. Nos “batidos” os homens executam em roda um tradicional sapateado e nos “bailados” dança-se em pares. O conjunto instrumental do fandango é composto por duas violas, uma rabeca e um adufo, o nome dado na região ao pandeiro. Podem aparecer também outras percussões como a caixa e as colheres. Antigamente, o machete, uma espécie de pequena viola, era usado para iniciar os jovens na tradição. O fandango foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Imaterial do Brasil.

Ficha Técnica:
Pesquisa, roteiro e direção: Lia Marchi
Produção executiva: LM Stein
Consultor musical: Guilherme Romanelli
Fotografia: Bruno Ravagnolli
Som direto: Maria Clara Cervantes
Montagem: Nilton Felício das Flores
Design gráfico: Adalberto Camargo
Mestres registrados: Brasílio Santos Ferres, José Martins Filho, Waldemar Barbosa Cordeiro

Com texto de Karen Monteiro

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