Defeso errado prejudica pesca sustentável do sete-barbas

Começou nesta quarta-feira (1º de março) e vai até o dia 31 de maio a proibição de pesca de camarão nas regiões Sul e Sudeste.
O período de proteção é definido pela Instrução Normativa n.189/2008 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Fica proibido a pesca de arrasto com tração motorizada das espécies rosa, sete-barbas, branco, santana ou vermelho e barba ruça.
Acontece que para muitos pescadores e pesquisadores o período de proteção só atende aos interesses da pesca industrial, principalmente das grandes empresas de Santa Catarina.
Nos três meses de proibição – 1º de março a 31 de maio – acontece a reprodução dos diversos tipos de camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis, F. brasiliensis e F. Subtilis), justamente os produtos deste setor industrial, pois eles são encontrados mais afastados da costa e exigem embarcações de grande porte para serem alcançados. O defeso garante a reprodução da espécie e a fonte de renda da indústria.
Já para o setor de pesca de Guaratuba e algumas comunidades pesqueiras artesanais de Santa Catarina e do restante do litoral paranaense, devido à estrutura e as embarcações que dispõem, se dedicam à captura do camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri).

Pesquisas do Centro de Estudos do Mar da UFPR e do Emater mostram que nos estados de Santa Catarina e Paraná, o período de reprodução do sete-barbas é em outubro, novembro e dezembro. A desova dos filhotes se estende até janeiro e quem pesca neste mês pega grande quantidade de filhotes, que têm pouco valor comercial.
Por outro lado, nos meses em que a pesca está proibida, entre março e maio, coincide com o período de maior abundância do sete-barbas no litoral do Paraná e também no de Santa Catarina.
O prejuízo ambiental é sentido no bolso das centenas de pescadores, além das mais de 1.000 pessoas envolvidas na cadeia produtiva da pesca – mulheres principalmente –, só em Guaratuba.