Enio Verri é escolhido como o novo diretor-geral da Itaipu
O deputado federal Enio Verri será o novo diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Seu nome foi confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o recebeu nesta tarde em seu gabinete junto com a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Também participou da reunião o presidente do partido do PT no Paraná, deputado estadual Arilson Chiorato.
Enio foi escolhido entre vários nomes cogitados, inclusive Chiorato, o deputado federal Zeca Dirceu, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o ex-governador Roberto Requião, o ex-vice-governador Orlando Pessuti, o advogado Luiz Carlos Rocha e, principalmente, o ex-diretor da Itaipu Jorge Samek. A disputa acabou afunilando entre Verri e Samek e o escolhido teve o reforço do apoio do PT paranaense, incluindo Gleisi, Chiorato e Zeca Dirceu.
“Aceito esse desafio para contribuir com o projeto de Lula para Itaipu e para o país. Já tinha afirmado anteriormente, estou no PT há 40 anos e sempre defendi que os interesses coletivos se impõem ao individual. E, hoje, esse projeto coletivo é a reconstrução do Brasil. E Itaipu faz parte desse grande projeto”, afirmou o futuro diretor-geral.
Enio afirma que desde que foi consultado sobre a possibilidade de assumir o cargo, sabia da responsabilidade e do enorme desafio de colocar a Itaipu em novos rumos, seguindo os planos do atual governo. “O convite do Lula é como um chamado. Você aceita e toma para si esse desafio que é reconstruir um país voltado para o desenvolvimento com sustentabilidade e inclusão social. Sinto-me honrado do presidente Lula escolher meu nome para assumir essa nova missão. Itaipu tem um papel importantíssimo no planejamento do governo brasileiro, que é promover e financiar ações que tragam avanços econômicos, tecnológicos e sociais para o Paraná e o Brasil. E, ainda, ser um vetor de modernização e democratização do setor energético”, disse.
Em 2023, o Tratado de Itaipu completa 50 anos, e está prevista a revisão do Anexo C, o que envolve a reedição de cálculos e prestação de serviços entre Brasil e Paraguai, conforme destaca Enio. “Não tenho dúvidas que essa nova gestão, com os novos conselheiros e diretores, vai buscar o melhor para os dois países, sem afetar o preço da energia elétrica no Brasil”, comentou.
O futuro diretor-geral ressaltou que vai tomar conhecimento de todos os contratos de convênios firmados nos últimos seis anos. “Queremos dar total transparência e publicidade aos investimentos feitos pela empresa nos últimos tempos e a partir de agora. A ideia é que as realizações sejam creditadas à própria Itaipu, como realizadora de grandes obras, como já sabemos. Esse será um dos pontos que vamos trabalhar. Além de mirar em futuros investimentos estratégicos e robustos para o Paraná e o Brasil”, adiantou Verri.
Cargos e desafios a frente
Também serão nomeados em Itaipu, entre outros cargos, 5 novos diretores brasileiros da Binacional: administrativo, financeiro, de coordenação, jurídico e técnico. Também serão escolhidos o novo diretor superintendente do Parque Tecnológico Itaipu-Brasil (PTI-BR) e ainda 6 membros brasileiros do Conselho de Administração – um dos membros é o representante do Ministério das Relações.
Na lista de exonerações constam 28 nomes, sendo a maioria militares nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. As indicações devem ser divididas entre o PT e partido da base, inclusive com os nomes que foram preteridos para o cargo de diretor-geral.
Entre os desafios de Verri estão as negociações com o Paraguai do Anexo C do tratado de Itaipu, documento que trata das condições de comercialização da energia gerada na hidrelétrica binacional. A tarefa deve ser dividida, principalmente, com o Ministério de Relações Exteriores.
A curto prazo, o diretor deverá analisar as últimas ações do atual diretor-geral, o vice-almirante Anatalício Risden Junior fora da empresa, na parte de responsabilidade social da empresa com o entorno da usina. Entre elas estão as obras em andamento da Perimetral Leste, a Ponte da Integração e da duplicação da BR-469.
Também constam os projetos da Beira Rio e do Mercado Público, que teve anteprojetos anunciados em dezembro do ano passado por Risden, no apagar das luzes do antigo governo. O projeto da construção de uma arena multiuso, assinado pela usina com o Fundo Iguaçu, com custo estimado em R$ 1,7 milhão, deve ser também verificado.
Deputado é professor de Economia da UEM licenciado
Enio Verri foi eleito deputado federal pelo terceiro mandato consecutivo, com 95.172 votos. Ele tem 61 anos e nasceu em Maringá. É professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde foi admitido em 1997.
Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), concluiu mestrado em 1998, pela mesma universidade, com a tese “O desenvolvimento recente da indústria paranaense”; e doutorado, em 2003, com o trabalho “Reestruturação produtiva do Paraná nos anos 90: o papel da globalização e do Mercosul”.
Ingressou no Partido dos Trabalhadores em 1985. Foi secretário de Fazenda da Prefeitura de Maringá na gestão do prefeito José Cláudio Pereira Neto, entre 2001 e 2003, e também secretário de Governo do município entre 2003 e 2004.
No final de 2004, assumiu o cargo de assessor técnico da Presidência da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. Em 2005 foi convidado pelo ministro Paulo Bernardo para ser chefe de gabinete do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde permaneceu até 2006, quando foi eleito deputado estadual pelo PT.
Ao tomar posse na Assembleia Legislativa, em 2007, foi convidado pelo governador Roberto Requião a integrar a equipe de governo, assumindo a Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral. Ficou no cargo até 2009.
Reeleito, em 2010, assumiu a liderança da oposição na Assembleia. Foi presidente do PT do Paraná por oito anos. Em 2014, foi eleito deputado federal, pela primeira vez, se reelegeu em 2018 e 2022. Foi membro da Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados, vice-líder e líder da Bancada do PT na Câmara.
Enio Verri será substituído na Câmara dos Deputados pelo vereador de Toledo e ex-deputado estadual Elton Welter, que fez 21.118 votos.