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Exposição sobre Guarani Mbyá do Litoral segue com visitação gratuita

Fotos: Cook Filmes TCP

Na última quarta-feira (2), foi inaugurada oficialmente em Paranaguá a exposição “Mbyá Rekó Arandu: A cultura Guarani Mbyá do Litoral Paranaense”, que reforça os vínculos históricos e culturais da região com os povos originários.

A exposição segue aberta e com visitação gratuita de terça a domingo, das 8h às 20h, no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE/UFPR), localizado na Rua XV de Novembro, 575 – Centro Histórico de Paranaguá.

A mostra é uma realização da TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, em parceria com o MAE/UFPR, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.

A cerimônia de abertura reuniu cerca de 40 pessoas, entre representantes das aldeias Guarani Mbyá, autoridades municipais e convidados. O destaque da programação foi a apresentação do Coral Guarani da aldeia Araçaí, de Piraquara, que emocionou o público com cantos e danças tradicionais. Houve ainda uma palestra de abertura e visita guiada pelos ambientes da exposição.

A curadoria da exposição foi conduzida ao longo de 2024 por meio de encontros entre representantes das aldeias, técnicos da Acquaplan e equipes do MAE/UFPR. Juntos, definiram as temáticas, os objetos e materiais da exposição, orientando a construção da mostra a partir das próprias memórias e perspectivas Guarani.

“Desde o início, nosso objetivo foi apoiar um projeto que refletisse os valores e as escolhas das próprias comunidades Guarani Mbyá. Mais do que uma ação cultural, essa exposição representa o fortalecimento de vínculos, o reconhecimento da diversidade e o respeito aos modos de vida que moldam a identidade do litoral paranaense”, afirma Kayo Zaiats, gerente de Meio Ambiente da TCP.

“Para o MAE-UFPR, essa exposição reafirma o papel do museu como espaço de escuta, mediação e visibilidade para as narrativas indígenas. Foi um processo cuidadoso, que levou em conta os tempos das comunidades e a escuta ativa de suas lideranças. O resultado é uma mostra construída com respeito, que oferece ao visitante uma experiência rica sobre os saberes tradicionais dos povos originários do nosso estado”, destacou o diretor em exercício do museu, o arqueólogo Sady Pereira do Carmo Junior.

Detran Julho 2025

Vozes indígenas no centro: um olhar profundo sobre a cultura Guarani Mbyá

A exposição representa seis aldeias do litoral paranaense: Araçaí (Piraquara), Karaguatá Poty e Guaviraty (Pontal do Paraná), Pindoty (Paranaguá), Kuaray Haxá (AntoninaGuaraqueçaba) e Kuaray Guata Porã (Guaraqueçaba). Ao visitar o espaço, o público pode conhecer — pela ótica de pesquisadores indígenas — os vínculos entre espiritualidade, língua e território, bem como formas de organização social e estratégias de preservação dos modos de vida tradicionais.

“Essa exposição é muito importante porque mostra que os jovens das aldeias também estão ocupando espaços de diálogo e construção. A gente trabalha para fortalecer a cultura dentro da comunidade, mas também para que ela seja respeitada fora dela. É uma oportunidade de mostrar que os conhecimentos do nosso povo são atuais, vivos e têm muito a ensinar”, explicou Edenilson Moraes Florentino, pesquisador da aldeia Guaviraty.

Ao todo, a exposição reúne 28 fotografias, três vídeos inéditos e cerca de 12 objetos cerimoniais, como o Petynguá (cachimbo), Takuapu (bambu), Mbaraká (violão), Mbaraká Mirim (chocalho) e o Angu’apu (tambor). Os conteúdos abordam elementos centrais da cultura Guarani, como o território sagrado (Yvy Rupá), a casa de reza (Opy), o ritual de batismo (Nhemongaraí), os guardas espirituais (Xondaro), a língua Guarani e os lugares sagrados (Tava).

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