Fumaça de queimadas da Amazônia cobre a Região Sul
Um corredor de fumaça se intensificou nesta sexta-feira (9) com correntes de vento de norte horas antes da chegada de uma frente fria vinda da região amazônica cobriu grande parte do Sul do Brasil e até trouxe redução de visibilidade em algumas cidades do Noroeste do Rio Grande do Sul e do Paraná, onde a concentração de material particulado era maior na atmosfera.
A fumaça atingiu ainda parte do estado de São Paulo e foi densa com visibilidade reduzida em parte do Centro-Oeste, como em pontos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
O corredor de fumaça foi trazido para o Sul por uma grande corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que se originava no Sul da Amazônia e descia até o Rio Grande do Sul.
Foi este corredor de vento quente e seco, carregado de fumaça, que fez com que o dia fosse quente no Rio Grande do Sul com máximas acima de 33ºC na área metropolitana de Porto Alegre.
No Paraná, de acordo com o Simepar, a massa de ar quente ocasionou forte aquecimento atmosférico e as temperaturas ultrapassaram os 30°C em todas as regiões paranaenses.
Destaques para os municípios de Antonina, 36,0°C, Morretes, 36,3°C, Loanda, 35,3°C e Capanema, 35,0°C. Em Curitiba fez 29,7°C.
Normalmente, nesta época do ano, estes corredores de fumaça alcançam o Sul do Brasil. Isso se dá quando as correntes de vento passam a ser de Norte, especialmente horas da chegada de uma frente fria, como era o caso de hoje.
Diferentemente da região amazônica, onde a fumaça atua mais perto da superfície e traz piora da qualidade do ar com problemas respiratórios para a população local, no Sul do Brasil está na maioria das vezes em suspensão na atmosfera e seus efeitos se percebem pelo tom mais acinzentado do céu com um aspecto fosco e ainda por cores realçadas do sol ao amanhecer e no fim da tarde.
Nesta sexta, porém, em algumas cidades do Sul do Brasil a fumaça estava em níveis mais baixos e podia ser percebida com aspecto de nevoeiro e com odor de fuligem.
O efeito da fumaça foi perceptível no Rio Grande do Sul em grande número de cidades da Metade Norte, onde o tempo esteve mais aberto nesta sexta. Assim como em diversos pontos dos estados catarinense e paranaense. Vários pontos que deveriam estar com céu azul pelo ar seco e quente pré-frontal mal conseguiam enxergar o sol, tamanha era a quantidade de fumaça no ar.
É sabido que a presença de fumaça na atmosfera inibe maior aquecimento assim que poderia ter aquecido ainda mais, não fosse a presença do material particulado trazido pelas correntes de vento do quadrante Norte.
O CAMINHO DA FUMAÇA
Imagens de sensores de aerossóis confirmam que muita fumaça cobria parte do Sul do Brasil hoje. Em algumas áreas, as nuvens impediam o registro dos aerossóis pelo satélite. A pedido da MetSul, a divisão de aerossóis da NOAA, a agência climática norte-americana, gerou imagem dos sensores ABI de aerossóis de profundidade ótica do satélite GOES-16 entre 10h e 13h de hoje.
O marrom na imagem de satélite mostra uma alta densidade de aerossóis, o que se verifica quando há muita fumaça. Mesmo áreas que aparecem em cinza no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pela presença de nuvens que impede o registro dos aerossóis, havia fumaça nesta sexta. A imagem deixa evidente que o corredor de fumaça que alcançou o Sul do Brasil veio principalmente de fogo na Amazônia do Brasil e de países vizinhos e que possivelmente foi reforçada no caminho por fumaça de queimadas no Centro-Oeste (Sul da Amazônia, Cerrado e Pantanal).
MAIS DE 20 MIL FOCOS NESTE MÊS NA AMAZÔNIA
O número de focos de calor na Amazônia brasileira, nos primeiros oito dias do mês, chegou a 20.261, o que é superior à metade da média histórica (1998-2021) de setembro inteiro que é de 32.110. Os dias 2, 3 e 4 deste mês registraram mais de 3 mil focos diários.
A Amazônia não tinha um começo de setembro com tanto fogo desde 2007. Os piores anos de queimadas na região se deram entre 2002 e 2007. Em 2002, agosto terminou com 43.484 focos. Em 2003, 34.765. Já em 2004, 43.320. Em 2005, o recorde da série histórica do mês com 63.764. Em 2006, 34.208. E, por fim, 2007 com 46.385 focos de calor em agosto.
Em 2011, o menor número em agosto com 8.002 focos. O número de focos de calor somente nos primeiros oito dias deste mês no Amazonas de 4.415 supera em muito a média histórica de setembro de 2.768. O mês se encaminha para ser o pior setembro de fogo já registrado no Amazonas, batendo por enorme margem o recorde mensal de setembro de 2015 com 5.004.
Com fonte do MetSul (leia o conteúdo completo).