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Litoral tem 5 cidades entre as 10 com maiores taxas de emissão negativa de CO2 no Paraná

Imagem da APA de Guaratuba | foto: Célia Cristina Lima Rocha

O Paraná possui 98 municípios com índices negativos de liberação do gás na atmosfera, ou emissões líquidas negativas de dióxido de carbono (CO2). Destas, cinco estão no Litoral e fazem parte das 10 cidades que apresentaram as maiores taxas de emissão negativa, nesta ordem: Guaraqueçaba, Guaratuba, Paranaguá, Antonina e Morretes. Matinhos e Pontal do Paraná têm emissão positiva, mas estão na faixa mais baixa, entre .

As demais cidades com resultado negativo ficam nas regiões Oeste (Céu Azul, Foz do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu e Guaíra) e Noroeste (Alto Paraíso). Como característica comum, todos esses municípios apresentam amplas áreas de vegetação, seja pela presença de parques estaduais, unidades de conservação ou pela proximidade com bacias hidrográficas.

O levantamento integra o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa – 2005 a 2019, relatório produzido pelo Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e o Instituto Água e Terra (IAT).

Esse resultado é fruto da existência de Unidades de Conservação (UCs). Há atualmente no Paraná 26.250,42 km² de áreas protegidas por legislação, formadas por ecossistemas livres que não podem sofrer interferência humana ou àquelas com o uso sustentável de parte dos seus recursos naturais, como os parques abertos à visitação pública. Imensidão verde que atua como um filtro na reabsorção do CO2, diminuindo as consequências negativas do efeito estufa no planeta.

Como parte do ciclo biológico do carbono, o CO2 é um componente essencial para todas as formas de vida. Na natureza, o gás é utilizado pelas plantas no processo de fotossíntese, e é liberado durante a decomposição dos seres vivos de volta para a atmosfera, onde o composto ajuda a manter o planeta aquecido por meio do efeito estufa.

No entanto, mesmo sendo um fenômeno natural, a emissão do gás em excesso na forma de poluentes desequilibra muito esse ciclo, resultando em um aquecimento anormal do planeta e, consequentemente, em uma série de problemas ambientais.

Como explica o pesquisador Christiano Campos, do Simepar, a reabsorção do carbono pelas árvores é um processo que ajuda a mitigar parcialmente os impactos desse processo. “Em uma floresta madura, o CO2 que é liberado quando uma árvore morre é reabsorvido de forma natural pelas árvores que estão nascendo, assim reduzindo as emissões do gás para a atmosfera”, comenta Campos. “E esse equilíbrio é bem mais presente nos municípios que possuem amplas áreas verdes, como Unidades de Conservação”.

Mesmo sendo um fenômeno que acontece em todos os tipos de floresta, a reabsorção de carbono é quantificada apenas nas UCs. Campos ressalta que essa decisão se deve à uma definição metodológica de Inventário de Gases de Efeito Estufa.

“O processo de medição manual da reabsorção é longo e complexo, então nós nos baseamos em estudos feitos em florestas similares de outros locais para fazer o cálculo. Por isso, o procedimento é avaliado apenas nas UCs, que são totalmente delimitadas, e que por estarem sujeitas à interferência humana, são ideais para analisar os impactos da emissão de carbono”, complementa o pesquisador.

Paraná terá 4 novas UCs, uma delas em Guaratuba

Essa rede de proteção ao patrimônio natural que está em crescimento no Paraná. O Estado vai ganhar quatro novas Unidades de Conservação: Estação Ecológica Tia Chica, em Reserva do Iguaçu (Centro-Sul); Estação Ecológica Reserva de Bituruna, em Bituruna (Sul); Área de Proteção Ambiental (APA) do Miringuava, em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba); e o Refúgio da Vida Silvestre das Ilhas dos Guarás, em Guaratuba (Litoral).

As três primeiras têm origem em condicionantes de licenciamentos de empreendimentos hídricos da Sanepar e da Copel. Já o refúgio possui o objetivo de proteger os guarás, aves que deram o nome à Guaratuba, e que retornaram à baía depois de décadas sem serem avistadas na região.

As futuras Unidades de Conservação possuirão, juntas, área de 5.393,24 hectares, e se somam aos 70 complexos já existentes no Paraná. A previsão é que sejam inauguradas nos próximos meses.

Ciclo do carbono

A reabsorção do CO2 é uma manifestação natural do ciclo biológico do carbono. Nesse processo, o gás é absorvido da atmosfera pelas plantas por meio do processo da fotossíntese, que usa a substância para a construção de matéria orgânica, e também libera o oxigênio usado na respiração de outros seres vivos no processo.

Para completar a etapa, o CO2 retorna para o ar como resultado da respiração e do processo de decomposição dos seres vivos. Quando está presente na atmosfera, esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, um fenômeno natural que ajuda a aquecer o planeta retendo parte da radiação solar que volta para o espaço após ser refletida pela superfície da Terra.

Entretanto, as ações humanas vêm causando impactos cada vez maiores no equilíbrio desse ciclo. A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento em excesso liberam uma quantidade imensa de CO2 na atmosfera, resultando em um efeito estufa mais acentuado e, consequentemente, em um aumento anormal da temperatura do planeta. Por isso a importância cada vez maior dos filtros naturais que são as Unidades de Conservação espalhadas pelo Paraná.

Fonte: IAT PR

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