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Projeto “Turismo Solidário” acompanha tribos indígenas do Litoral

Foto: UFPR

Eles são desconhecidos pela grande maioria dos paranaenses. Vivem em regiões afastadas dos centros urbanos, em pequenas e rústicas moradias de madeira construídas com as próprias mãos. Cercados pela mata, têm como companhia seus animais domésticos e poucos pertences – muitos deles doações de pessoas que se sensibilizaram com sua luta diária contra a pobreza. Mesmo assim, mantêm sua dignidade, suas tradições, sua cultura, sua alegria.

Descendentes dos guaranis e caingangues, dois grupos de índios das tribos Kuaray Haxa e Tupã Nhe’e Kretã são acompanhados pelo projeto de extensão “Turismo Solidário”, desenvolvido pelo Núcleo de Planejamento Turístico (Agetur) da UFPR.

O primeiro é formado por cinco famílias e vive em uma aldeia encravada na Reserva Biológica Bom Jesus, uma área com 34 mil hectares localizada em Guaraqueçaba, Antonina e Paranaguá.

O segundo tem 10 famílias e ocupa um pequeno pedaço de terra localizado dentro do Parque Nacional Guaricana, área com 49 mil hectares situada em Guaratuba, Morretes e São José dos Pinhais.

Sem assistencialismo

Lançado em 2016, o “Turismo Solidário” envolve alunos de todos os períodos do curso e surgiu, originalmente, com o objetivo de ajudar outros grupos (idosos, crianças, etc), mas sem assistencialismo. “Criamos o projeto para levar os alunos a desenvolver atividades de voluntariado e para fazer um bem à comunidade, sem assistencialismo”, explica a coordenadora do projeto, professora Luciane de Fátima Neri.

O relacionamento próximo com os Kuaray Haxa e Tupã Nhe’e Kretã mudou o público-alvo. Hoje, o foco do projeto são os índios. O grupo organiza campanhas de arrecadação de roupas (a última foi em julho), mantimentos, material escolar e outros itens, que depois são entregues a eles. As duas comunidades são pobres. Os tupã, por exemplo, não têm energia elétrica e recebem água potável por meio de uma caminhonete que abastece a comunidade.

Atividades culturais

Além disso, os participantes do “Turismo Solidário” desenvolvem atividades culturais com eles e ajudam as tribos em algumas das suas tarefas. Foi o que aconteceu em Guaraqueçaba, quando eles auxiliaram os Kuaray Haxa a construir a sua Casa da Reza. Em troca, recebem afeto, atenção, gratidão e o direito de assistir às apresentações culturais que os índios fazem, como os cânticos (em guarani) feito pelas crianças da comunidade de Morretes, que possui inclusive uma escola.

A professora Luciane explica que, quando começou a ser desenvolvido com os índios, o “Turismo Solidário” também tinha como objetivo inicial ajudá-los a desenvolver uma fonte de renda por meio do turismo e possibilitar a troca cultural. “Nós queríamos fazer uma grande troca de culturas e ajudá-los a ter uma fonte de renda, mas vimos que não era bem o que eles queriam. A comunidade de Guaraqueçaba queria que ficássemos um dia inteiro com eles. Queriam retribuir o que demos a eles e mostrar um pouco da sua cultura para nós”, conta. Para 2018, Luciane Neri pretende elaborar um curso de extensão sobre cultura indígena, que será lançado na Semana do Índio, em abril.

Um dos estudantes que participa do projeto é Erick Fernando Gonçalves, aluno-bolsista do 4º período do curso de Turismo. Ele acha que a experiência nas comunidades indígenas está sendo muito útil. “Quando se conhece uma cultura, a gente passa a respeitá-la mais”, diz o estudante, que neste ano desenvolveu duas atividades com as comunidades – uma em junho (com os Tupã Nhe’e Kretã) e outra em julho (com os Kuaray Haxa). “O respeito que adquirimos por eles é fundamental”, diz.

Fonte: UFPR / Edição: Correio do Litoral

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