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Paranaguá compra remédio indicado por alguns médicos e criticado por outros

“Paranaguá realizará a aquisição inicial de 1 milhão de comprimidos de Ivermectina”, um medicamento para verminoses, informou a Prefeitura nesta quinta-feira (9).

DE acordo com o site oficial, “o medicamento tem sido base de estudos científicos e tem mostrado efeitos benéficos no tratamento a Covid-19 quando utilizado precocemente, ou seja, em pacientes na fase de sintomas leves ou ainda assintomáticos”. É o que pensam alguns médicos, como Dorival Ricci Júnior, cirurgião do Hospital Paraíso, de Paraíso do Norte, cidade do Noroeste do Paraná com 13.830 habitantes (IBGE-2019).

Ricci Júnior foi convidado para apresentar seu ponto de vista desta quinta-feira, em uma reunião remota da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa. Ele defende a administração nos pacientes, de acordo com a fase da doença, de hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e a azitromicina. De acordo com ele, os municípios brasileiros que adotaram o uso profilático dos medicamentos apresentaram números proporcionalmente muito inferiores aos que entraram em colapso em seus sistemas hospitalares, ainda segundo ele, por não terem tomado os tratamentos como regra.

Já o infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns, enfatizou a necessidade das pesquisas de segurança e eficácia para todos medicamentos usados contra qualquer doença. “No momento temos apenas dois remédios aprovados para o Covid: a dexametasona e o Remdesivir, que não tem no Brasil e é caro”.

De acordo com ele, a hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada por nenhum estudo mundial. “Ontem (8) saiu mais um artigo pela revista New England, tida como referência médica, que comprova que o medicamento é inócuo, com o exemplo do uso de hidroxicloroquina e placebos em estudos randomizados tendo a mesma porcentagem de contágio após contato com pessoas infectadas”, explicou sobre os indivíduos que ingeriram a cloroquina e os que tomaram cápsulas sem ela.

Clóvis Arns comparou o uso da cloroquina com a pílula do Câncer e alertou que a disseminação da ideia de que ela cura é “desespero”. “Há a analogia de que estamos em uma guerra, mas não podemos matar nossos soldados”, exemplificou. Sobre a ivermectina, Arns explicou que o remédio para verminose teve estudos clínicos que comprovam que é ineficaz para o combate à Covid-19. De acordo com ele, a dose para o Coronavírus deveria ser de cem a mil vezes maior do que a usada para verminoses. “Ninguém do mundo desenvolvido recomenda a Ivermectina na fase inicial”, afirmou.

O médico citou as dificuldades dos estados e municípios com a falta de remédios e aparelhos de oximetria, o que para ele deve ser o foco nas pautas dos debates. “Como cidadão paranaense, eu ficaria muito triste em ver qualquer dinheiro público, como foi o caso de Itajaí que gastou R$ 4,5 milhões para a compra de Ivermectina no lugar de Equipamento de Proteção Individual”, exemplificou. Ele reforçou que o isolamento social é ainda o único meio de evitar a disseminação da doença.

Segundo a Prefeitura de Paranaguá, depois de adquiri 1 milhão de doses da Ivermectina, “o próximo passo que já está sendo estudado pela Secretaria Municipal de Saúde é a utilização de um kit de medicamentos elaborado para o tratamento à Covid-19”.

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