Correio do Litoral
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Carta 164. O barranco de Antonina 1

Se você esteve em Antonina nos últimos anos, com certeza sabe a qual lugar o título desta carta se refere. Para quem não teve a oportunidade de visitar a encantadora cidadezinha da margem da baía, peço para dar uma olhada no Google Earth, onde o barranco está bem visível. Ele fica no bairro Laranjeiras, de Antonina e os coordenados do ponto central são 25˚25’42,06″ Sul e 48˚42’51,91″ Oeste.

Quem reside no litoral paranaense, com certeza se lembra dos grandes deslizamentos e escorregamentos de solo e rocha que – num período extremamente chuvoso – ocorreram nas encostas dos morros da região toda no dia 11 de março de 2011 (veja Silveira et al. 2013, fig. 2). Aquela data, em que havia grandes enchentes em todo o litoral do Paraná, será mundialmente lembrada por uma catástrofe natural ainda muito maior, ocorrida no lado oposto do globo: o tsunami no Japão que, no horário do Paraná, aconteceu às 2h46 daquela data e acabou causando a morte de 19 mil pessoas!

Em Antonina, os desmoronamentos desse dia afetaram todos os morros ao redor da cidade. No referido bairro Laranjeiras, situado na base e na encosta do Morro do Bom Brinquedo, mais de vinte casas foram destruídas por soterramento. Seus moradores foram transferidos para outras áreas da cidade e houve a proibição de erguer novas edificações no local. O barranco desta carta se trata de uma obra de estabilização do talude, realizada exatamente ali a partir de outubro de 2013. Na atual imagem de Google Earth, que é de 27 de outubro de 2014, é bem visível que então a obra ainda não estava concluída. Foi encerrada um mês depois e logo em seguido (7 de dezembro de 2014) eu tirei uma foto panorâmica do local: ver Foto 1.

Obra da estabilização de talude (no plano de fundo), recém-concluída, visto a partir do quarto andar do Hotel Monte Castelo, no centro da cidade de Antonina (7 de dezembro de 2014).
Obra da estabilização de talude (no plano de fundo), recém-concluída, visto a partir do quarto andar do Hotel Monte Castelo, no centro da cidade de Antonina (7 de dezembro de 2014).

A obra foi financiada pelo Governo do Estado e pelo Ministério de Integração Social e executada pela empresa CSO Engenharia (com sede em Maringá, PR). Consiste de uma faixa de talude em forma de um trapézio isósceles, de 136 m de largura na base e 65 m de largura no topo. A encosta tem 90 m de comprimento. A base está situada a 23 m s.n.m. e o topo a 58 m s.n.m. O ponto mais alto do Morro do Bom Brinquedo fica a 145 m s.n.m. Fiz todas estas medidas através do Google Earth.

Na obra foi aplicado o mesmo método que conhecemos de outros locais do litoral paranaense. Após a remoção total dos restantes de árvores e arbustos (raízes, troncos, galhos) o talude foi alisado e a cada 15 m de comprimento da encosta foi introduzido um degrau, totalizando seis degraus ao longo do talude inteiro. Cada degrau é uma plataforma transversal estreita (3 m de largura), ao longo do qual corre um canaleta de concreto (ver Foto 2), cujos extremos terminam nas canaletas laterais da obra.

Leia mais cartas e outros textos de André de Meijer em http://www.andredemeijer.net/

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