Alergias na família: o que os pais devem observar nos primeiros meses do bebê

A chegada de um bebê traz muitas expectativas, cuidados e, para famílias com histórico de alergias, um receio adicional. Quando há relatos de alergias alimentares, respiratórias ou dermatológicas entre os familiares próximos, os pais naturalmente ficam atentos a qualquer sinal que possa indicar que o bebê também desenvolva alguma reação alérgica.
A verdade é que a predisposição genética é um fator importante no desenvolvimento de alergias, mas não é o único. Por isso, conhecer o que observar nos primeiros meses de vida é fundamental para garantir o acompanhamento correto e prevenir complicações.
Predisposição genética e alergias: o que isso significa para o bebê?
Estudos científicos mostram que a genética tem um papel expressivo nas chances de um bebê apresentar alergias. Se um dos pais tem algum tipo de alergia, seja alimentar, respiratória (como asma ou rinite alérgica) ou dermatológica (como eczema atópico), o risco do bebê manifestar alergias aumenta consideravelmente. Quando ambos os pais possuem alergias, essa probabilidade é ainda maior.
Entretanto, é importante ressaltar que a hereditariedade não determina, de forma absoluta, que a criança terá alergia. Fatores ambientais, alimentação, cuidados no início da vida e até a flora intestinal influenciam esse processo. Ou seja, um histórico familiar alerta para uma necessidade maior de atenção, mas não deve ser motivo para alarmismo precoce.
Quais sinais os pais devem observar nos primeiros meses?
Aos primeiros sinais que fogem do comportamento esperado do bebê, os pais devem ficar atentos. Muitos sintomas podem parecer comuns ou passageiros, mas quando persistentes ou frequentes, merecem avaliação médica.
Sintomas digestivos
Reações alérgicas que envolvem o sistema digestivo são bastante comuns em bebês, especialmente alergias alimentares. Os pais podem notar que o bebê apresenta regurgitações frequentes, vômitos repetidos, cólicas intensas que não passam com técnicas convencionais, diarreia constante ou com presença de muco e sangue.
Outro ponto importante é a recusa alimentar ou a sensação de saciedade rápida, que pode indicar desconforto ou dor ao se alimentar.
Esses sinais indicam que pode haver algum tipo de reação inflamatória no trato gastrointestinal que, se não diagnosticada e manejada corretamente, pode interferir no crescimento e desenvolvimento da criança.
Sintomas respiratórios
Nem todas as alergias se manifestam apenas pelo sistema digestivo. Em alguns casos, os sintomas podem se apresentar no sistema respiratório. Bebês que apresentam coriza constante, obstrução nasal persistente, chiado no peito sem infecção aparente ou tosse crônica devem ser avaliados para descartar alergias respiratórias.
Esses sinais, quando associados a outros sintomas, podem indicar uma predisposição alérgica que merece atenção especial.
Sintomas na pele
A pele é um importante órgão de defesa do organismo, e em bebês com predisposição a alergias, pode ser o primeiro local onde os sintomas aparecem. Manchas vermelhas, urticária, eczema ou dermatite atópica — caracterizados por áreas secas, com coceira intensa, descamação e até feridas — são indicadores frequentes de alergia em crianças.
Essas manifestações não apenas incomodam o bebê, como também podem sinalizar uma resposta imunológica exacerbada que requer avaliação e tratamento.
Como os pais podem agir diante desses sinais?
A observação cuidadosa é o primeiro passo. Anotar os sintomas, sua frequência, duração e qualquer possível relação com a alimentação ou ambiente ajuda o médico a realizar um diagnóstico preciso.
É essencial que os pais evitem autodiagnósticos e a tentativa de tratamentos caseiros sem orientação profissional. Diagnosticar alergias, principalmente em bebês, envolve uma análise clínica detalhada, exames laboratoriais e, muitas vezes, testes de provocação supervisionados.
Por exemplo, uma dúvida comum entre as famílias é sobre a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Entender como saber se o bebê tem APLV é fundamental, especialmente para aqueles que observam sintomas gastrointestinais ou cutâneos após a ingestão de leite de vaca ou seus derivados. Identificar os sinais que indicam a necessidade de investigação médica, como ocorre na APLV, é essencial para garantir o cuidado adequado e o bem-estar da criança.
Quando procurar um especialista?
É fundamental que os pais busquem orientação médica assim que perceberem sintomas persistentes que podem estar associados a alergias. Um pediatra ou alergologista são os profissionais indicados para conduzir a avaliação, realizar exames e, quando necessário, indicar dietas de exclusão ou tratamentos.
A intervenção precoce pode evitar complicações como atraso no crescimento, desconfortos severos e até reações graves, como anafilaxia.
Observar com atenção os sinais e sintomas nos primeiros meses de vida é fundamental para identificar possíveis alergias e garantir um acompanhamento precoce e adequado. A predisposição genética aumenta o risco, mas o ambiente e os cuidados também influenciam no desenvolvimento do bebê.
Por isso, manter o diálogo aberto com profissionais de saúde, buscar informações confiáveis e contar com o apoio da família são passos essenciais para promover o bem-estar e o crescimento saudável da criança.
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Diagnóstico e manejo da alergia alimentar: revisão. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, São Paulo, v. 35, n. 6, 2012. Disponível em: http://aaai-asbai.org.br/imageBank/pdf/v35n6a03.pdf.
BRASIL. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Alergia alimentar: o desafio diário que exige atenção e apoio especializado. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/alergia-alimentar-o-desafio-diario-que-exige-atencao-e-apoio-especializado.
ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Alergia alimentar: perguntas e respostas. São Paulo: ASBAI, 2017. Disponível em: https://asbai.org.br/alergia-alimentar-perguntas-e-respostas/.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da alergia à proteína do leite de vaca. Brasília: CONITEC, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220427_pcdt_aplv_cp_24.pdf.