APUFPR diz que Pontal não tem estrutura para mais professores e alunos
Pontal do Paraná não tem condições de receber mais professores e alunos que virão com a ampliação do número de cursos no Centro de Estudos do Mar, reclama a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR). Vídeo mostra carências da instituição.
A partir de 2015, o CEM passará a ter dois novos cursos: Engenharia Civil (50 vagas), Engenharia Ambiental e Sanitária (50 vagas). Ficam mantidos os cursos de Engenharia em Aquicultura (antigo Tecnologia em Aquicultura), Oceanografia e Licenciatura em Ciências Exatas.
A associação publicou, nesta quinta-feira (11), e seu site um texto denunciando os problemas da cidade – entre eles o valor das tarifas do transporte coletivo, as carências na saúde pública e o valor dos aluguéis – e a falta de moradias para os estudantes prometidas pela Reitoria também para o Setor Litoral, em Matinhos. A reportagem publicada no site da associação é ilustrada com uma rua alagada. Leia:
O município de Pontal do Paraná possui aproximadamente 23 mil habitantes distribuídos em 48 balneários e uma estrutura precária com serviços voltados principalmente a turistas durante o período de temporada.
O Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fica sediado no balneário de Pontal do Sul, e possui um prédio no balneário de Mirassol para os cursos de Aquicultura e Ciências Exatas.
Com a economia ligada à pesca, ao comércio e ao turismo, o município oferece poucas opções para os habitantes, inclusive em serviços básicos e infraestrutura.
“Não tem pronto-socorro, não tem suporte, os bombeiros pra chegar aqui demoram mais de meia hora. Um ambiente em que apenas algumas das torneiras têm água tratada, isso de poucos anos. Não temos saneamento básico”, diz o docente do curso de Ciências Exatas Eduardo Marone.
O transporte coletivo, por exemplo, além de não possuir linhas para muitos trechos, possui uma tarifa alta para os moradores, com a maioria dos valores em R$ 4,50.
A segurança é um problema que atinge não só a comunidade acadêmica, como toda a população, visto que há falta de iluminação nas ruas e há pouco policiamento na maior parte do ano, apenas em período de temporada.
“A falta de segurança que tem na cidade preocupa. Nunca tem policiamento, a iluminação é terrível. A gente não se sente muito seguro aqui na cidade, só quando sai um com outro, mas sozinha não dá pra andar, principalmente menina”, afirma a estudante do curso de Oceanografia Vanessa Ballardin.
Até mesmo operações simples como sacar dinheiro podem ser muito complicadas para a comunidade acadêmica do CEM. O balneário de Pontal do Sul possui apenas uma agência bancária, as outras três agências existentes estão em outros balneários do município e muitos quilômetros distantes do campus.
“Tem gente que procura outras coisas na faculdade e que não tem, por exemplo, meu banco foi retirado aqui da cidade. A maioria das faculdades oferece banco dentro do seu espaço para os alunos, e aqui eu não tenho isso. Preciso fazer uma viagem de meia hora para poder retirar dinheiro”, explica a estudante do curso de Oceanografia Liége Toffoli.
Moradia estudantil
Os estudantes do CEM sofrem com a questão da moradia, pela falta de casas disponíveis na cidade e os altos custos de aluguel, visto que a Universidade ainda não desenvolveu nenhum projeto de moradia estudantil no campus.
Em 2011 os docentes da UFPR aprovaram como ponto de pauta da categoria a garantia de moradias estudantis em todos os campi da UFPR. No termo da negociação assinado com docentes e estudantes, a administração da universidade firmou o compromisso de construir a moradia no então campus Palotina em 2012, no Setor Litoral em 2013 e em Curitiba em 2014. Para isso, foi desenvolvido um estudo diagnóstico e foi elaborada uma proposta de moradia entregue pela comissão à Universidade em novembro de 2011.
Porém, até agora nenhuma das obras prometidas foi realizada. Para o CEM não há previsão de construção de moradia estudantil.
Para os estudantes, a falta de moradia estudantil, reflete o descaso e desrespeito com a comunidade acadêmica.
“Acho que a cidade já está comportando muitos estudantes, então era bom o governo olhar pra gente e fazer uma casa de estudantes”, defende Vanessa Ballardin.
Em Pontal do Sul não há muitas casas disponíveis para aluguel durante o ano letivo, visto que a maioria dos imóveis é locada apenas durante a alta temporada.
Além disso, de acordo com os estudantes, os valores dos aluguéis variam bastante conforme a chegada de grandes empresas no município, pois as imobiliárias aumentam os preços e dão preferência de moradia aos trabalhadores das empresas em vez de aos alunos, que muitas vezes estão no imóvel há bastante tempo.
“O pessoal está aumentando mesmo o preço justamente porque a demanda está sendo maior, não somente de estudantes, mas também de funcionários de uma empresa grande que abriu, que traz muitos funcionários de fora pra cá que competem com a gente nesse mercado de aluguel. Então acabamos tendo que alugar uma casa com menos qualidade para poder pagar menos, e longe da faculdade normalmente”, conta a estudante.
A chegada dos novos estudantes com a implementação dos novos cursos no CEM também preocupa a comunidade acadêmica pela falta de residências disponíveis para aluguel na região e pelo aumento dos valores dos imóveis com o crescimento da demanda. “Vai acontecer com certeza o aumento do meu aluguel”, afirma Vanessa.
Reportagem em vídeo da APUFPR trata das deficiências de Pontal e destaca os problemas de infraestrutura do próprio CEM.