Comunidade deixa claro: não quer pedreira em Garuva
A comunidade da Mina Velha e boa parte da população de Garuva deixaram claro para a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) que não querem a Pedreira da Rudnick na cidade.
Eles puderam expor suas opiniões na audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (27), no salão comunitário da Capela Santa Rosa de Lima, à margens da rodovia SC-417.
Ao lado deles, moradores de diversos bairros de Garuva, em especial das localidades rurais de Sol Nascente e Bom Futuro, que ressentem das mesmas agressões ambientais e ao modo de vida por causa da crescente industrialização da região.
Também compareceram moradores de Itapoá e de Guaratuba, entre eles ciclistas que organizaram uma pedalada de algumas dezenas de quilômetros para participarem da audiência. Havia ainda vereadores e representantes da Prefeitura de Garuva.
Mineradora prometeu água encanada
Depois da longa apresentação do resumo do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), a comunidade foi impedida de apresentar uma contestação elaborada pela Comissão de Defesa do Morro da Mina Velha, formado por moradores locais.
O público pode apenas fazer perguntas, com tempo de três minutos cada. Os representantes da empresa Rudnick Minérios Ltda. tinham tempo livre para responder.
E responderam uma das principais questões da comunidade com uma promessa. Para compensar a contaminação e eliminação de nascentes de água que abastecem as famílias, a Igreja e a escola, a empresa se dispôs a levar rede pública de água a todas as residências da estação de tratamento de Garuva, numa extensão de 12 km.
Um detalhe: em parceria com a Prefeitura. No entanto, segundo reportagem de Joelcio Andrade na Rádio Litorânea, o secretário de Saneamento Ambiental de Garuva, Márcio Herpich, disse que nenhum projeto foi elaborado e apresentado pela mineradora à secretaria. Na opinião do secretário, se o projeto demonstrar ser viável, a obra poderá fazer parte do processo de licenciamento para a instalação do empreendimento.
Riscos ambientais
A comunidade também manifestou outras preocupações com as questões ambientais, como supressão de vegetação em área de preservação permanente e questionou o que consideram não cumprimento de leis municipais e federais relacionadas ao meio ambiente, riscos de segurança pessoal e patrimonial, desconforto quanto a poluição e sobre a perda da água utilizada não só no consumo familiar como também na agricultura.
Entre os pontos questionados, está o impacto que o empreendimento provocará no rio Saí Guaçu, onde a Sanepar capta água para distribuir em Guaratuba. Por afetar outro estado, moradores consideram que o licenciamento ambiental não deveria ser feito pela Fatma e sim por um órgão federal, o Ibama.
De acordo com uma moradora da Mina Velha que conversou com a reportagem do Correio do Litoral, próximo da divisa dos dois estados existe um marco geodésico (utilizado para marcar coordenadas geográficas). Segundo a fonte, que técnicos da empresa paranaense estiveram no local e fizeram estudos para fazer captação de água mais para cima no rio Sai Guaçu, projeto que pode ficar comprometido com a pedreira.
A Rádio Litorânea também informa que o promotor de Justiça de Garuva, Joel Zanelatto, também participou e “apresentou vários aspectos negativos da obra sobre os impactos com a instalação da pedreira”.
Ainda de acordo com a reportagem, João Pimenta, do departamento jurídico da Fatma, declarou que a audiência pública forneceu contribuições de extrema importância para a equipe que vai analisar se concede ou não a licença de mineração. “Não há nenhuma liberação por parte da Fatma até o momento”. Também afirmou que a Fatma vai analisar se será necessário realizar uma segunda audiência pública.
Ao Correio do Litoral, a assessoria da Fatma disse que “todas as manifestações, assim como os estudos, serão analisados” e que “não há previsão para finalizar a análise”.
Colaboração de Maria Lúcia Serafim Pinheiro e informações da Rádio Litorânea / Joelcio Andrade