Prefeitura de Paranaguá investiga crime ambiental após descarte de peças plásticas em manguezal
Objetos plásticos usados no tratamento de esgoto foram encontrados por moradores em área de preservação – não é a primeira vez que isso ocorre

Técnicos da Prefeitura de Paranaguá investigam as causas do aparecimento de milhares de pequenos objetos plásticos pretos em formato de espiral no manguezal no Jardim Figueira. Nesta terça-feira (14), o prefeito Adriano Ramos esteve no local com a equipe de técnicos.
As peças, identificadas como mídias biológicas – ou biomídias – utilizadas no tratamento de esgoto, possivelmente foram lançadas irregularmente pela empresa Iguá Saneamento. Embora essas estruturas sejam projetadas para abrigar bactérias que decompõem matéria orgânica, seu descarte em área de preservação representa um risco grave, já que podem ser ingeridas por peixes e caranguejos ou até mesmo causar contaminação em humanos.
O prefeito Adriano Ramos classificou o caso como um “dano irreparável ao patrimônio ambiental”. Ele destacou que as mídias já foram encontradas em outras localidades, como Pontal do Paraná, Ilha do Mel e comunidades pesqueiras próximas. Leia: Peças de plástico usadas em tratamento de água poluem praias do Paraná
“A empresa não pode se justificar. O relatório técnico, feito em parceria com Cagepar e IAT, comprova o descarte irregular”, afirmou. Adriano Ramos alertou ainda para os riscos à saúde, pois moradores relataram reações na pele após contato com os objetos, que concentram bactérias potencialmente nocivas.


A secretária de Fiscalização das Concessões e Contratos (Semfisc), Isabele Gonçalves Figueira Campos, detalhou como a denúncia foi descoberta.
“As denúncias partiram de moradores e pescadores da região, que alertaram sobre a presença de plásticos no manguezal. Ao investigar, constatamos que um dos locais afetados era o Jardim Figueira, onde uma residente encontrou uma pequena peça nas mãos do filho. Rastreamos a origem e identificamos que os objetos vinham da Estação de Tratamento. Nosso engenheiro ambiental confirmou no local que se tratava de equipamentos essenciais ao tratamento de esgoto, indevidamente descartados em área de preservação. Como destacou o prefeito, o dano ambiental é irreversível e gravíssimo. O crime está comprovado, e agiremos com rigor, em parceria com a Procuradoria da República, para garantir as sanções cabíveis”, disse a secretária.
Morador na região há dois anos, Eliel relatou ter tido contato com os objetos e apresentado irritação na pele. “Peguei os objetos na manhã sem saber o que era, e agora minhas mãos estão descascando”, contou. Ele afirmou que, após tocar nos itens, percebeu vermelhidão e descamação. Ainda não se sabe a origem da substância que causou a reação.
A Prefeitura de Paranaguá já acionou o Ministério Público Federal e a Procuradoria da República para tomar as providências cabíveis. Enquanto isso, a população é orientada a evitar contato com as peças e a comunicar novos achados às autoridades. “Estamos atentos também à segurança alimentar, já que peixes podem ingerir esses plásticos”, completou o prefeito, reforçando a necessidade de fiscalização rigorosa para evitar mais impactos ao ecossistema e às comunidades locais.

Fonte: PMP / jornalista: Sandro Martins