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Projeto de Monitoramento de Praias resgatou e soltou mais de mil animais em 2023

Soltura de tartaruga marinha pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), em Angra dos Reis | foto: Divulgação

Os projetos de monitoramento de praias (PMP), patrocinados pela Petrobras como condicionante do licenciamento ambiental do Ibama, resgataram 1.145 animais em 2023, ao longo de três mil quilômetros de costa brasileira. Eles foram reabilitados pelas equipes de atendimento veterinário e devolvidos à natureza. 

Os quatros PMPs, que atuam nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e Potiguar, monitoram os encalhes – animais vivos encontrados debilitados ou mortos – de aves, tartarugas e mamíferos marinhos no litoral de dez estados. Os animais mais encontrados foram as aves, mas as equipes acharam também tartarugas e mamíferos marinhos.

Os estados com maior número de registros no ano passado foram Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao todo foram encontrados 27.255 animais nas praias. 

Desses, 3.861 estavam vivos e foram encaminhados para a rede de 26 instalações de atendimento veterinário dos projetos. As espécies encontradas mortas são necropsiadas, com objetivo de identificar a causa da morte, que pode ser natural, não identificada ou relacionada aos efeitos de diferentes atividades humanas.  A interação com a pesca, resíduos, agressão ou vandalismo e colisão com embarcações são as causas mais comuns de óbitos. 

Os PMPs também contribuem com informações sobre 25 espécies ameaçadas de extinção, que subsidiam as ações dos Planos de Ação Nacionais de Espécies Ameaçadas, coordenados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Em 2023, em virtude da emergência sanitária da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), os PMPs tiveram um papel relevante de identificação precoce de casos suspeitos da doença na fauna alvo do projeto e comunicação às autoridades. Além deste papel de “sentinela” para detecção da IAAP nas suas áreas de execução, os PMPs adotaram uma série de medidas preventivas para proteção das equipes técnicas e dos animais em reabilitação nas instalações veterinárias, com o estabelecimento de áreas de quarentena para animais das espécies de interesse veterinário para esta infecção. 

Os PMPs ratificam o compromisso da companhia com a biodiversidade. De acordo com o Plano Estratégico 24-28, a Petrobras tem como objetivo alcançar ganhos de biodiversidade até 2030, com foco em florestas e oceanos. Para isso, trabalha para ter 100% das instalações com planos de ação em biodiversidade (PABs) até 2025, além de um impacto líquido positivo em áreas vegetadas nas regiões em que atua até 2030 e aumento em 30% dos esforços de conservação da biodiversidade.

Mais sobre o projeto

Nos projetos de monitoramento das praias, a Petrobras trabalha em parceria com diversas organizações científicas e com as comunidades locais. As empresas contratadas pela Petrobras para a execução do projeto trabalham conjuntamente. Muitas vezes um animal é resgatado em uma região e transferido para soltura ou tratamento em outro estado, levando em conta características ideais para as solturas, de acordo com cada espécie.

O monitoramento é fiscalizado pelo Ibama e compreende o registro, resgate, necropsia (no caso dos animais mortos), reabilitação e soltura de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, contribuindo com as políticas públicas para a conservação da biodiversidade marinha. A população também pode participar, acionando as equipes de monitoramento ao avistar um animal marinho vivo ou morto, pelos telefones abaixo.

Tratamento a bordo

A Petrobras executa também Projetos de Monitoramento de Impactos de Plataformas e Embarcações sobre a Avifauna (PMAVE). São dez no total, que trabalham com as aves que chegam às unidades marítimas e embarcações de apoio às atividades de exploração e produção da companhia. Nas bacias sedimentares em que há produção de petróleo, os projetos são executados de forma contínua, enquanto nas sondas de perfuração e embarcações de aquisição sísmica o projeto é executado durante o período das operações.

Mais de mil aves já foram registradas pelo projeto, inclusive espécies ameaçadas de extinção, como Numenius hudsonicus (maçarico-de-bico-torto), Procellaria aequinoctialis (pardela-preta), Sterna hirundinacea (trinta-réis-de-bico-vermelho, mas a maioria é de origem terrestre e chega na região das plataformas junto com diferentes tipos de embarcações, como as de pesca. As debilitadas jáiniciam o tratamento a bordo, com orientação do serviço de suporte veterinário em terra e a utilização de equipamentos de captura, caixas de transporte e alimentação que integram o kit PMAVE, disponível em cada unidade marítima. As aves encontradas vivas e as carcaças de aves mortas são desembarcadas para reabilitação ou necropsia nas instalações veterinárias em terra.

A influenza aviária também demandou medidas especiais para a execução dos PMAVEs em 2023, com especial atenção à proteção da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras embarcados. Foram emitidas orientações específicas para a execução do projeto durante a vigência da emergência sanitária e em atendimento às diretrizes dos órgãos responsáveis.

Telefones dos PMPs:

PMP-BS Área SC/PR e Área SP – 0800 6423341

PMP-BS Área RJ (Paraty a Saquarema) – 0800 9995151

PMP-BC/ES (RJ) -0800 0262828

PMP-BC/ES (ES) – 0800 0395005

PMP-SEAL (Piaçabuçu/AL até Conde/BA) – 08000-793434 ou (79) 9 9683-1971

PMP-RNCE (RN) – (84) 98843 4621 e 99943 0058

PMP-RNCE (CE) – (85) 99800 0109 e 99188 2137

PMP-BS

O PMP da Bacia de Santos engloba os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro. 

A extensa área a ser monitorada (mais de 1.500 km de costa) é dividida em PMP-BS Área RJ (cuja execução é coordenada pela empresa Econservation). PMP-BS Área SP (cuja execução é coordenada pela empresa Mineral) e PMP-BS Área SC/PR (cuja execução é coordenada pela Univali – Universidade do Vale do Itajaí).

A área da Univali é dividida em 6 trechos, cada uma de responsabilidade de uma instituição. No Litoral do Paraná, o monitoramento é realizado pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC/UFPR).

Trecho 1: SC – Laguna (a partir da Barra da Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, sentido norte) e Imbituba (Praia da Luz e praias ao sul desta) – UDESC;
Trecho 2: SC – Imbituba (Praia do Rosa e praias ao norte desta), Garopaba, Paulo Lopes, Palhoça, São José, Florianópolis (continente) e Biguaçú – Instituto Australis;
Trecho 3: SC – Florianópolis (ilha) – Associação R3 Animal;
Trecho 4: SC – Governador Celso Ramos, Tijucas, Bombinhas, Porto Belo, Itapema, Baln. Camboriú, Itajaí, Navegantes, Penha, Piçarras e Barra Velha – Univali;
Trecho 5: SC – Araquari, Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul e Itapoá – Univille;
Trecho 6: PR – Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, Paranaguá e Guaraqueçaba – UFPR;

O projeto conta também com a participação de diversas instituições pertencentes à Remasul (Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sul) e à Remase (Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste), ambas as redes componentes da Remab (Rede de Encalhe e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil) e Fundação Pró-Tamar.

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