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Um lobo-marinho é solto e outro morre na praia

Após 12 dias, o lobo-marinho resgatado pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) em Guaratuba foi solto no mar.

A fêmea de lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) foi encontrada na manhã do dia 3 e logo transferido pela equipe do PMP ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Centro de Estudos do Mar/UFPR, em Pontal do Paraná. Na manhã de quarta-feira (15) foi liberado ao mar.

“Devido ao prognóstico positivo, após avaliação via exames sanguíneos e bioquímicos, o animal foi encaminhado até as proximidades da Ilha da Galheta (na baía de Paranaguá) e foi solto”, informa a equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação, que realiza o PMP no Paraná. “A equipe técnica observou boa resposta do lobo-marinho ao tratamento veterinário e durante sua internação demonstrou estar apto ao deslocamento e a busca de alimentação”.

Para o acompanhamento a longo prazo, o animal recebeu um microchip e teve sua pelagem descolorida na região dorsal, o que permite identificá-lo caso ele venha a ser reencontrado.

Já o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis), encontrado na noite de 11, na praia de Caieiras, também em Guaratuba, não resistiu e morreu, apesar de esforço da comunidade, da Prefeitura e do LEC.

Em nota, o Laboratório de Ecologia e Conservação explica que se tratava de uma fêmea, subadulta, com comprimento de 1,27m e aproximadamente 35 kg.

“Apesar de magra, o que é normal para a espécie devido à migração, o lobo marinho não apresentava lesões aparentes e sim sinais de cansaço (fadiga). Seguindo os procedimentos e protocolos internacionais de manejo da espécie e de segurança, os técnicos especializados decidiram monitorar o animal em parceria com a comunidade e a prefeitura por mais 48 horas antes da tomada de decisão em relação ao procedimento de manejo mais efetivo. Infelizmente o animal foi a óbito de maneira súbita durante a noite, foi recolhido por veterinários comunitários para armazenamento e esta tarde foi necropsiado no CEM/UFPR para avaliação de potenciais patologias e esclarecimento da causa morte”.

Os especialistas agradecem a todos que se envolveram no cuidado ao lobo-marinho:

“Deixamos aqui nosso especial agradecimento aos funcionários da Prefeitura Municipal, aos grupos de segurança pública e privada e à população em geral, que juntos não mediram esforços para manter o bem-estar animal. Muito trabalho, muita união e a presença de vários voluntários marcaram este evento de encalhe, com pessoas que se empenharam para cuidar da área em relação aos cachorros, veículos e alguns populares que às vezes cruzavam a área monitorada e ocupada pelo animal”.

Foto de autoria de membros da comunidade local enviada ao LEC durante a mobilização do atendimento

Leia o comunicado na íntegra:

O Laboratório de Ecologia e Conservação, do Centro de Estudos do Mar (UFPR), via Projeto Monitoramento de Praias PMP/BS vem a público esclarecer o atendimento do lobo-marinho-subantártico, Arctocephalus tropicalis, que foi encontrado na praia de Caieiras, em Guaratuba-PR, na noite de 11 de agosto de 2018.

Sabemos que muitos animais marinhos vivos são encontrados encalhados/arribados debilitados nas praias do litoral do Paraná. Essas debilidades têm diversas fontes, podendo ser antropogênica ou natural. Historicamente, os oceanos têm sido manejados como áreas abertas de comum acesso e estão frequentemente sujeitos a ameaças antropogênicas de todos os tipos. Entre as atividades causadoras de impactos à biodiversidade marinha estão a ocupação humana e a pesca que, quando não ordenadas, causam muitas alterações no ecossistema podendo ser responsáveis pela perda de habitat ou captura acidental de animais, respectivamente. Muitas das espécies marinhas de aves, tartarugas e mamíferos encontradas encalhadas mortas ou debilitadas no Paraná estão classificados como ameaçadas de extinção na lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2014) ou mesmo em listas internacionais (IUCN).

No Estado do Paraná entre as autoridades responsáveis pelo atendimento primário de fauna, assim como destinação ou atendimento de animais selvagens estão o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), o Corpo de Bombeiros de Pontal do Paraná, Matinhos e de Guaratuba, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Polícia Federal (PF), as Delegacias de Proteção do Meio Ambiente (DPMA), as Secretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente (SMMA) e as Guardas Municipais (GM). Além destes, o Centro de Estudos do Mar (UFPR) e outras instituições de pesquisa, educação e ONG´s de conservação atuam nesta coalizão e ação integrada com os órgãos citados acima. Caso o animal monitorado, resgatado e/ou recebido seja uma ave, tartaruga ou mamífero marinho, o mesmo será avaliado e dependendo desta o atendimento e os procedimentos veterinários mais efetivos serão planejados e executados para cada caso especificamente. Os fatores que ditam a escolha do método de avaliação, atendimento e contenção apropriada em todas as espécies marinhas incluem a segurança da equipe técnica em primeiro lugar, seguido pela segurança do animal e a habilidade de alcançar-se o objetivo do atendimento e manejo. Este manejo deve ser sempre realizado com segurança, ser cuidadosamente planejado, prevenindo assim acidentes ou mesmo situações de risco.

Na noite do dia, 11/08/2018, recebemos um acionamento do lobo-marinho-subantártico, Arctocephalus tropicalis e a equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (CEM/UFPR) via Projeto Monitoramento de Praias PMP/BS prontamente repassou informações aos parceiros da Prefeitura de Guaratuba, assim como se deslocou para atender a ocorrência. Na chegada à equipe encontrou uma área bem isolada e monitorada por grupos do município, incluindo prefeitura e moradores organizados da região. O atendimento técnico inicial incluiu avaliação a distância do animal e reconhecimento da área de atuação. Simultaneamente informações sobre o animal e procedimentos foram repassadas à comunidade que acompanhou o atendimento desde o início do evento de encalhe.

O animal tem origem subantártica, era uma fêmea, subadulta, com comprimento total de 1.27m e com massa corpórea de aproximadamente 35 kg. Apesar de magra, o que é normal para a espécie devido à migração, o lobo marinho não apresentava lesões aparentes e sim sinais de cansaço (fadiga). Seguindo os procedimentos e protocolos internacionais de manejo da espécie e de segurança, os técnicos especializados decidiram monitorar o animal em parceria com à comunidade e a prefeitura por mais 48 horas antes da tomada de decisão em relação ao procedimento de manejo mais efetivo. Infelizmente o animal foi a óbito de maneira súbita durante à noite, foi recolhido por veterinários comunitários para armazenamento e esta tarde foi necropsiado no CEM/UFPR para avaliação de potenciais patologias e esclarecimento da causa morte.

Deixamos aqui nosso especial agradecimento aos funcionários da Prefeitura Municipal, aos grupos de segurança pública e privada e à população em geral, que juntos não mediram esforços para manter o bem-estar animal. Muito trabalho, muita união e a presença de vários voluntários marcaram este evento de encalhe, com pessoas que se empenharam para cuidar da área em relação aos cachorros, veículos e alguns populares que às vezes cruzavam a área monitorada e ocupada pelo animal. Obrigada à todos.

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

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