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Estudo mostra como Covid-19 pode ampliar pobreza no Litoral

As professoras do curso de Serviço Social da UFPR Litoral Ane Bárbara Voidelo e Giselle Ávila Leal de Meirelles fazem um alerta no artigo “Pobreza e extrema pobreza em tempos de pandemia Covid-19 – Situação do Litoral do Paraná”.

Os municípios da região registram uma alta desigualdade social, como apontado pelas autoras, segundo dados do Ministério Público do Paraná revelam que a média do Índice de Gini na região é de 0,52 especificados com os seguintes patamares: Antonina 0,55; Guaraqueçaba 0,49; Guaratuba 0,56; Matinhos 0,48; Morretes 0,53; Paranaguá 0,52 e Pontal do Paraná 0,51 (MP 2018, com dados de 2010). O Índice de Gini é a forma geral de medição da desigualdade social. Ele se situa entre 0 e 1, sendo 0 quando a igualdade é total e 1 quando a desigualdade é total.

Com base em projeções feitas em um estudo da Cepal, “América Latina y el Caribe ante la pandemia del Covid-19 Efectos económicos y sociales. 2020”, elas fazem uma projeção dos impactos da pandemia nas famílias pobres da região. Leia trechos:

Pela estimativa da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), a pandemia pelo Covid-19 incidirá no aumento de todas as modalidades de pobreza, o que ampliará consequentemente o número de usuários do Bolsa Família, desde que o planejamento dos municípios seja feito. Caso não exista aumento nas metas do programa Bolsa Família, o mesmo atenderá somente 79% das famílias após a pandemia do covid-19.

Isto ocorrerá, porque ao analisarmos as quatro variáveis de pobreza, temos a seguinte realidade no litoral do Paraná: A pobreza extrema, que hoje é a realidade social de 9.892 famílias, pela estimativa da Cepal de aumento de 2,30%, sofrerá um acréscimo para 10.120 famílias.

A pobreza, que abarca as famílias pobres, mais as famílias de baixa renda e mais as famílias com renda per capita até 3 salários mínimos e meio, hoje soma o total de 24.519 famílias. Ao adotarmos a estimativa da Cepal de 3,50% de aumento para estas 3 variáveis, o litoral do Paraná passará a contar com 25.337 de famílias pobres.

Neste caso, estima-se que o litoral paranaense, que hoje conta com o total de 34.341 mil famílias empobrecidas, passará a contar com 35.427 mil famílias pobres até o final de 2020. Se considerarmos uma média de 3 pessoas por família, encontramos a número assustador de 106.281 mil pessoas em situação de pobreza no litoral do Paraná.

Observe-se que os dados apresentados são bastante preocupantes, não somente pelos maiores investimentos que serão necessários junto às políticas sociais existentes ou mesmo com a implantação de novas políticas diante de novas necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais.

Aqui, o mais preocupante consiste, realmente, em garantir o direito de sobrevivência da população litorânea, mas, sobretudo, alcançar tal garantia mediante condições dignas de sobrevivência.

Há que se considerar que a pobreza, resultado imediato de uma desigualdade social historicamente persistente no país, é multidimensional e não se caracteriza somente pela ausência de recursos econômicos. Entretanto, neste momento de excepcionalidade que estamos vivenciando com a pandemia, não há dúvidas de que a forma mais imediata de enfrentamento à pobreza é a garantia de valores nutricionais de acordo com os mínimos necessários para a segurança alimentar das famílias pobres. Isto é primordial até mesmo frente à própria possibilidade de se contrair o coronavírus, tendo em vista que quanto melhores as condições físicas do indivíduo, mais chances ele terá de se recuperar da doença adquirida.

Confira as conclusões e acesse o artigo na íntegra. Ou aqui

Fonte: UFPR Litoral

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