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Alunas do Magistério em Pontal concluem curso sobre desconstrução do racismo

Edicélia Maria do Santos de Souza, idealizadora do Projeto Afrolip, e a aluna Molinary da Veiga Miranda | Fotos: Prefeitura de Pontal do Paraná

Alunas do último ano do Magistério do Colégio Estadual Paulo Freire, no balneário Praia de Leste, concluíram, nesta terça-feira (6), o curso de Educação das Relações Étnicos-Raciais (Erer). 

O curso faz parte do Projeto Afrolip (Afrodescendentes do Litoral Paranaense), desenvolvido pela Prefeitura de Pontal do Paraná. O Afrolip prevê a desconstrução do racismo desde a Educação Infantil, começando pelos CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil). Professores e educadores buscam ajudar a construir a identidade da criança negra, da criança indígena, da criança quilombola, trabalhando toda a diversidade de etnias desde a infância.

O curso no Colégio Paulo Freire iniciou-se em agosto de 2022 em uma parceria da Prefeitura de Pontal do Paraná com o Núcleo Regional de Educação e teve uma carga horária de 40 horas.

Foram 22 formandas que aprenderam a trabalhar com a temática afro-brasileira, iniciando pelo conhecimento da implementação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tratam da obrigatoriedade do estudo da cultura afro-brasileira e africana como conteúdo em todas as disciplinas do currículo escolar desde as séries iniciais até o ensino superior em Pontal do Paraná.

Depois de formadas as professoras receberão uma extensão do curso com dois bimestres de 40 horas/aula anualmente, com 4 anos de duração, perfazendo 320 horas.

A professora e doutora Edicélia Maria do Santos de Souza, idealizadora do Projeto Afrolip, disse que a formatura é um marco histórico na educação do município: “Hoje é uma data muito importante para o nosso projeto, pois formamos mais 22 multiplicadoras das nossas causas, que são professoras que levarão a educação étnico-racial para a sala de aula. São assuntos que serão incluídos em seus PTD (Plano de Trabalho Docente). Agradeço as nossas autoridades dos poderes Legislativo e Executivo, a diretoria do Colégio Paulo Freire na figura da diretora Tatiane, a coordenadora e pedagoga Leonor, que nos atenderam muito bem durante o ano, fazendo com que esse curso acontecesse”, disse.

A diretora do Colégio Estadual Paulo Freire, Tatiane Navroski, ressaltou a importância deste curso para as futuras professoras: “No curso de formação de docentes sempre buscamos parcerias, como esta do Afrolip e gerenciamos para que elas aconteçam. Estes debates são muito importantes e este é um tema que hoje é trabalhado em todas as escolas do nosso município”.

A aluna do terceiro ano do curso de Magistério (Formação de Docentes) Molinary da Veiga Miranda, de 17 anos, foi coordenadora da turma das aulas do Projeto Afrolip e disse estar muito satisfeita com o curso e o aprendizado que recebeu com suas colegas: “Foi muito gratificante ter participado do curso de ERER, não só como coordenadora, mas também como aluna, pois estou me tornando professora e vou utilizar o que eu aprendi dentro da minha profissão”, disse. 

“Nós precisamos ter uma visão diferenciada, saber interpretar quando estão ocorrendo casos de racismo ou outros problemas em sala de aula. O nosso curso de formação de docentes não aborda tão profundamente estes assuntos. Muitas crianças não conseguem nem terminar seus estudos por ter o psicológico abalado pelo racismo e consequentemente o bullying, infelizmente, essa realidade precisa ser mudada e estamos aqui para isso”, afirmou a formanda.

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