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Fandango Caiçara repudia Temer e desmonte na Cultura

Foto: Mandicuera
Foto: Mandicuera

Defensores do Fandango Caiçara lançaram um manifesto contrário ao “governo interino e ilegítimo” de Michel Temer. Também anunciaram “rompimento do diálogo com as instituições que o representam”.

O Manifesto Cultura Caiçara Resiste é assinado pelo Comitê Provisório de Salvaguarda do Fandango Caiçara. De acordo com o ativista cultural e presidente Associação de Cultura Popular Mandicuera, Thiago Moreira, de Paranaguá, o comitê é formado por coletivos, pesquisadores, gestores públicos e cidadãos que se dedicam ao fortalecimento do fandango caiçara, reconhecido em 2012, no governo da presidente Dilma Roussef, como Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro.

O repúdio ao governo Temer começou com a extinção do Ministério da Cultura e se mantém com após o presidente interino voltar atrás da decisão. Mesmo com a recriação do Ministério, os defensores do fandango caiçara consideram que o “desmonte das políticas públicas voltadas para a cultura” permanece.

A divergência dentro dos fandangueiros pode ser vista na 1ª Festa do Fandango Caiçara de Cananeia (SP), que acontece desde quinta-feira (26) e termina neste domingo (29). De acordo com Thiago Moreira, mestre Aorelio Domingues, de Paranaguá, foi convidado à mesa para debater os desafios do Fandango Caiçara, e se recusou a sentar ao lado de Henry Durante, da Representação São Paulo do Ministério da Cultura. “Não dialogamos com governo golpista”, destaca o paranaense.

Leia o manifesto:

MANIFESTO CULTURA CAIÇARA RESISTE

O Fandango, expressão cultural das comunidades caiçaras, reconhecido como patrimônio cultural brasileiro, cuja área de ocorrência abrange desde o litoral sul do Rio de Janeiro ao litoral norte do estado do Paraná, aqui representado pelo Comitê Provisório de Salvaguarda do Fandango Caiçara e seus apoiadores, manifesta-se contrário ao Governo Federal interino ilegítimo e anuncia o rompimento do diálogo com as instituições que o representam, tendo em vista o desmonte das políticas públicas voltadas para a cultura.

O Fandango, enraizado no cotidiano das comunidades caiçaras, envolve um conjunto de práticas que ultrapassam o trabalho, o divertimento, a religiosidade e a musicalidade, atuando diretamente na afirmação de identidades e padrões de sociabilidade local. Apesar da riqueza cultural de suas práticas, estas comunidades foram historicamente submetidas a processos de exclusão social e política, fatores determinantes na perda progressiva de seus territórios e de seu modo de vida.

Apesar dos processos sofridos, as comunidades têm mostrando-se capazes de manter vivas suas dinâmicas culturais, em particular o Fandango e bens associados como: a Ciranda, a canoa caiçara, os sistemas tradicionais de pesca artesanal, as Folias de Reis e do Divino, entre outras.

Ações fortalecidas pelo reconhecimento do Fandango Caiçara como Patrimônio da Cultura Imaterial brasileira. A consolidação deste processo de base participativa e popular, é desconsiderada e desmobilizada pela corrente agenda do governo interino, deste modo, alertamos ao retrocesso estrutural ao qual estamos expostos neste momento.

A produção, a circulação e a fruição da Cultura são direitos garantidos pela constituição, resistimos e seguimos na luta.

– Pela continuidade das ações inerentes ao decreto 3551/2000, que institui o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI);

– Em defesa das políticas públicas de, para e com as culturas populares e dos espaços de participação popular direta e controle social;

– Pelo Sistema e pelo Plano Nacional de Cultura;

– Pela liberdade de expressão.

 

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