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A caminho do sol

Próximo à virada do ano, um girassol na procura do sol, levou meu pensamento ao velho e ao novo, ou ao novo e ao velho, pouco importa, envelhecer é fato e inexorável.

A velhice, contraponto da juventude está pouco presente. Pouco admirada e muito pouco cultuada. Pouco lembrada e, muitas vezes, pouco respeitada. No dizer do poeta que vivo estaria setentão, tudo o que “respira, transpira e conspira” é juventude.

Meninos, meninas, adolescentes, ‘adultecentes’ e outros ‘entes’ mais, surgem na televisão, cinemas, cartazes, revistas e na mídia como representantes da volátil juventude. Da velhice pouco, muito pouco, e quando muito, algum velhote ‘sarado’, pois velhice não dá Ibope.

O tempo transforma o corpo. Rugas marcam a pele, o cabelo rareia e embranquece, a atividade física é mais calma. A expressão ‘velho’ surge sinônimo de obsoleto, superado, e até mesmo desnecessário e descartável.

Mas, o que fazer na passagem da juventude vibrante, para o novo grupo não tão glamouroso?

O psiquiatra Carl Jung, compara a vida humana com o caminho do Sol. A rota mesmo do girassol inspirador. Ao amanhecer vai, gradativamente, adquirindo luz e calor; a partir do meio do dia, o avanço é menos intenso e segue reduzindo o brilho, até apagar no poente. Difícil é perceber que essa diminuição não significa desvalorização, mas sim uma troca de sentido, pois o sol se põe, mas jamais se apaga. Tal qual o girassol que mantém marcante o amarelo.

Têm pessoas e não poucas, que buscam a eterna juventude, como se o entardecer da vida não tivesse nenhum valor. Outras que se apegam nas realizações do passado e são contrárias a qualquer novidade; renitentes reduzem-se a lembranças.

O jovem sugere Jung, precisa encontrar na relação com o mundo o que o homem na velhice, tem que encontar em si mesmo. “Há necessidade de se reconhecer no engano das convicções até então defendidas, de se perceber na inverdade das verdades”, diz.

Nas sociedades modernas, entre elas a nossa, o idoso não encontra apoio. Não é reconhecido como pessoa experiente, capaz de perceber os acontecimentos que frequentemente fogem à pressa dos jovens.

Deveríamos apreender com a cultura oriental, que honra os velhos pela capacidade de reflexão que têm; que considera a velhice imagem da imortalidade e da sabedoria.

Consta em antigos escritos, que o sábio Lao-Tsé, no século VI a.C., impune e cheio de glória, nasceu com os cabelos brancos e o aspecto de ancião.

Feliz Ano Novo!

Itapoá (verão), 2016.

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