Agricultores de Guaratuba buscam alternativas no crédito rural

A burocracia do crédito rural do Banco do Brasil acaba deixando muitos pequenos e médios agricultores de Guaratuba fora das linhas de financiamento subsidiadas do Crédito Rural. Os entraves não são apenas na agência que fica no centro da cidade, mas também na vizinha Garuva (SC), para onde muitos produtores recorrem.
Este foi o quadro que o Correio do Litoral pode constatar na quarta-feira (23), nas localidades de Cubatão e Limeira. A reportagem acompanhou o gerente da agência de Guaratuba do banco Bradesco, Henrique Gilberto Cardoso, em visita a diversas propriedades para apresentar o crédito rural da sua instituição, que segundo ele é bem menos burocrático.
A ida do gerente foi um convite da Associação dos Pequenos Produtores do Cubatão (Apruc). A intenção da reportagem foi conhecer uma pouco mais da realidade econômica do setor rural de Guaratuba.

Estradas e Ponte do Cubatão – Também acompanharam a visita o vereador Mordecai de Oliveira, presidente da Câmara de Guaratuba, e Lao Miotto, que trataram, sobretudo, das reivindicações das comunidades.
Eles estiveram na sede da Secretaria de Demandas da Área Rural e, por sugestão dos diretores Alaor Miranda e Daniel Theisen, foram conferir a manutenção que estava sendo feita nas estradas, com colocação de asfalto fresado. O serviço foi iniciado na estrada da Limeira, no limite com o município de Morretes, um trecho de grande aclive.

Oliveira também conversou sobre as áreas de educação e saúde e informou que a obra da ponte do Cubatão deve começar até o final deste ano. Ele explicou que a nova ponte será construída ao lado da atual, para não interromper o acesso durante a obra.
Crise na banana – Além das questões de financiamento, pudemos verificar que a principal produção do município, a banana, vive uma crise pela queda no preço e também segundo alguns produtores, pela falta de mão de obra – um problema cronica na região em virtude da constante oferta de trabalho.
A caixa de banana hoje está sendo vendida pelo produtor R$ 5,00. O preço já foi de R$ 40,00, mas, segundo alguns bananicultores, estaria bom se o preço fosse o ano todo em torno de R$ 10,00.
Aipim – Outro produto em crise são os temperos, como a salsa e a cebolinha, explica o produtor Wilimar de Oliveira. Comerciantes de Garuva e de outros mercados vendem um maço dos temperos por R$ 2,00, mas só querem pagar R$ 0,50. Em virtude disto, ele está trocando o produto pelo cultivo de aipim (mandioca), que dá menos trabalho e maior lucratividade.
Financiamento – Em relação ao crédito rural, o presidente da Apruc, Valdir Machado de Souza, conta que acabou desistindo de um financiamento na agência do Banco do Brasil de Garuva devido a burocracia e ao custo de documentos e projetos. Os juros baixos, principalmente do programa Mais Alimentos, que usam recursos a fundo perdido do Tesouro, acabam não compensando devido a demora, incerteza de aprovação e custo da burocracia. O mesmo quadro foi verificado com outros produtores do Cubatão e Limeira.
De acordo com o gerente do Bradesco, fora estas linhas exclusivas do banco de economia mista, outros financiamentos também com juros subsidiados pela União, também estão disponíveis nas instituições privadas, sem exigir tantos documentos.