Caminho do Peabiru: jornalista reafirma que vereador de Joinville mente

A jornalista Rosana Bond voltou a afirmar que o vereador de Joinville (SC) Henrique Deckmann (MDB) mente a respeito do traçado do Caminho do Peabiru. Desta vez, ela refutou nota encaminhada pelo vereador ao Correio do Litoral a respeito da polêmica. Também aponta erros na bibliografia citada por Deckmann. Leia no final os textos publicados sobre o assunto.
Matéria publicada no jornal A Nova Democracia (AND) diz que o vereador “continua insistindo em publicar mentiras sobre o Caminho do Peabiru em SC e sobre sua tentativa de censurar e intimidar a jornalista Rosana Bond, de AND, que pesquisa a trilha peabiruana há quase 30 anos e tem vários livros publicados”.
A reportagem começa explicando que o Caminho do Peabiru era uma “a via milenar indígena que ligava o oceano Atlântico ao Pacifico, com cerca de 4 mil km, começando nos litorais de SC, PR e SP, passando pelos Andes e findando no atual Chile (antigo Peru)”.
Leia a reportagem:
“O último feito do vereador foi encaminhar ao noticioso Correio do Litoral, de Guaratuba/PR, uma Nota contendo diversas inverdades, como negar que a Justiça catarinense o derrotou ao arquivar uma ação sua, que acusava a repórter de ameaça, injúria, calúnia e difamação. A promotoria e o juiz consideraram que tais acusações a Rosana não tinham nenhum fundamento delitivo, determinando também “a extinção da punibilidade” da jornalista.
“Petulândia de inverter tudo”
“Deckmann teve a petulância de afirmar ao Correio que o processo que moveu contra mim foi encerrado por decisão sua (e não do poder judiciário como efetivamente ocorreu)”, criticou Rosana. “Com isso ele tenta inverter tudo a seu favor, mais uma vez, como faz desde que criou pontos inexistentes no trajeto do Caminho em SC, ou seja Joinville e Garuva, para montar um projeto turístico fantasioso, bem como uma Lei estadual com erros geográficos/históricos/ arqueológicos, que infelizmente trouxe vergonha aos catarinenses.”
Bibliografia inválida
Na Nota ao Correio o vereador citou uma bibliografia que supostamente sustenta sua tese.
Rosana Bond contesta tal material: “Lastimo que ele tenha mentido também nisso, tentando envolver e desrespeitar a própria credibilidade do Correio, ao dar validade a uma lista de textos que não provam Joinville e Garuva como peabiruanos.”
Um exemplo citado é o livro de Marcos Cruz Alves, Peabiru uma aventura quinhentista. Trata-se de uma obra de ficção infantojuvenil, onde o autor cria uma historieta de pessoas incas do antigo Peru visitando o litoral de S. Paulo, o que nada tem a ver com trilha peabiruana em Joinville e Garuva e nem com uma suposta influência incaica numa escadaria de pedras no Monte Crista/Garuva, outra tese inventada pelo grupo do vereador. “É até escandalosa essa fraude bibliográfica. Uma burla”, definiu Rosana Bond, com indignação.
Uma estultice
Outro exemplo citado na bibliografia foi o livro de Olavo Raul Quandt, O caminho velho.
Trata-se de uma obra criticada por diversos especialistas, pois entre outras falhas, inclui afirmações inexistentes nos originais do famoso “diário” de Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, dos anos 1500, a respeito do caminho das Três Barras/ Ambrósios, que faz parte da tese do vereador.
Sobre isso, Rosana relembrou um encontro importante com um historiador de renome: “Muitos anos atrás participei de uma mesa redonda com o talvez maior conhecedor da história do litoral brasileiro, o almirante e historiador Max Justo Guedes, fundador do Museu da Marinha do Brasil. Ele veio do RJ a Florianópolis para debater conosco os naufrágios históricos na Praia de Naufragados. Aproveitando sua presença, indaguei a ele se lera o livro de Quandt que incluía a baia da Babitonga/Joinville e o Caminho Velho num contexto peabiruano. Ele fez uma expressão facial de desgosto e respondeu: “Li, minha filha, infelizmente. É uma verdadeira estultice.”
Fonte: Peabiru em SC: Vereador divulga nota contendo novas mentiras
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