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Conheça a Feira Caiçara – Sabores Naturais de Guaraqueçaba

Texto: Maria Wanda de Alencar Ramos / Fotos: Ivan Bueno, Jean dos Santos Ferreira e Maria Wanda de Alencar Ramos

As feiras agroecológicas, da agricultura familiar ou outra denominação que se possa empregar, a despeito de serem inseridas no setor informal da economia de subsistência, considerada circuito secundário da estrutura econômica, ainda assim, não há razão para a minimização da sua importância, enquanto espaço de comercialização da pequena produção rural. 

Constituindo-se como fonte de renda dos/as produtores/as, bem como re-conhecimento da procedência dos alimentos para consumidores/as, funcionando como uma relevante atividade que promove o desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural local. 

Sendo expressiva à manutenção da vida dos agricultores e artesãos, pois, para muitos deles, essa é a única fonte de renda ou importante complementação salarial, o que ressalta a influência da feira livre para os agricultores/as familiares escoarem a sua produção.

Em Guaraqueçaba a Feira Caiçara – Sabores Naturais se iniciou no ano de 2024. No princípio, acontecia uma vez por mês, depois passou para duas vezes ao mês. Em 2025, a primeira feira, espera-se que de muitas outras, aconteceu na sexta-feira dia 7 de fevereiro. 

Segundo Antônio Soares Dias, 62 anos e Conceição Barreto, 54 anos, guaraqueçabanos da comunidade de Batuva, que comercializam produtos do campo, tais como: tubérculos, biju, cuscuz, queijo de búfala etc. Além de excelentes pastéis e caldo de cana, preparados na hora, proporcionando-nos uma rica experiência gastronômica.

Para a família, a feira é importante como espaço de comercialização dos produtos da agricultura, de modo a aumentar a renda, estimular a produção e assegurar aos agricultores/as a segurança de viver do seu trabalho na terra, dando continuidade à faina iniciada desde os seus ancestrais. 

Espaços como estes, asseguram a manutenção da cultura caiçara, pois as feiras é uma forma de não deixar esta manifestação cultural tão rica morrer. Na feira as pessoas estarão em contato com o modo de produzir e saberes caiçara.  Contudo, para que isso seja assegurado, faz-se necessário o acesso a outros meios, tais como: o acesso ao crédito, à assistência técnica, a melhoria do espaço da feira, entre outras demandas que viabilizem a produção e, sobretudo a comercialização.

Para Leodete Maria Vidal, 59 anos, guaraqueçabana, aposentada que faz diversos tipos de artesanatos, como tapetes, vestuários, amigurumus (bichinhos de crochê), pano de prato, quadros, bolsas etc., a feira representa um espaço de comercialização, pois ela sempre produziu, mas precisava de um local para comercializar, e a praça tem sido este lugar.

Além de que a feira cumpre outra função, que para ela é fundamental ter um momento para sair de casa, socializar com outras pessoas e trocar experiências. Neste sentido, a feira cumpre um papel social importante na aposentadoria das pessoas. 

Conforme Rosilda do Rosário Galdino, 60 anos, guaraqueçabana, que produz tapetes de retalhos e outros artesanatos, a feira é significativa, porque ela tem essa ocupação em casa, e pode levar para a rua, divulgar seu trabalho, e embora, a renda seja pouca, ela continua se esforçando para permanecer na feira.

De acordo com Rosilda, seria bom se tivesse mais apoio, como transporte e outros incentivos, para que os/as feirantes/as pudessem se estabelecer e gerar renda.

Para Arivaldo Carneiro Soares, Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Guaraqueçaba, a feira é um projeto da sua pasta. Segundo ele a prefeitura tem garantido barracas, cadeiras e energia elétrica, mas estão prevendo melhor organização do espaço, como fechar a rua para que as pessoas possam circular melhor.

Também estão buscando meios para viabilizar o transporte, bem como construir parceria com o IDR e demais entidades correlacionadas.

Este imenso território de Guaraqueçaba está inserido na APA de Guaraqueçaba, para nós que atuamos nas entidades socioambientais, o maior desafio é a conciliação entre a manutenção das riquezas naturais e a viabilidade de sustento das famílias. O paradigma do conflito entre sociedade e natureza, como se fossem distinções, quando não são, pois, nós, humanos somos natureza e nos reproduzimos e nos reconstituímos nela, na interação de que transformamos a natureza e ela nos transforma.

Que Guaraqueçaba se mantenha rica de biodiversidade com as suas muitas comunidades humanas que praticam a pequena agricultura e a pesca artesanal na região, abrigando o maior remanescente contínuo da Floresta Atlântica, incluída na Reserva da Biosfera da Unesco e tantas outras qualidades que esse território/maretório se constitui.

Para isto são necessários investimentos por meio de políticas públicas. A feira de sabores de Guaraqueçaba é um dos elos desta corrente, que ela possa crescer e desempenhar o papel daquele microcosmo do panorama socioeconômico e cultural, sendo um ambiente onde as pessoas se encontram, trocam informações, combinam negócios ou estabelecem alianças da forma típica da sociabilidade tradicional rural, baseada na confiança e informalidade. Ou simplesmente se divertem em um dia de feira.

E assim, assegurar emprego, renda, qualidade de vida e desenvolvimento local. Que Guaraqueçaba, originada do tupi-guarani, “Lugar do Guará” que neste ano comemorará 480 anos, prossiga a celebrar encontros de muitas culturas e histórias de vidas. 

Venha iluminar com a sua presença a nossa feira que acontecerá amanhã, dia 27/02/2025.

“Venha iluminar com a sua presença a nossa feira que acontecerá sexta-feira, dia 28/2/2025.”

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