Couro de Peixe do Litoral do Paraná pode ganhar registro de Indicação Geográfica
Sebrae se une à Unespar e à Prefeitura de Pontal do Paraná no apoio ao Programa Couro de Peixe
O Couro de Peixe do programa de extensão da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Paranaguá, pode, em breve, conquistar sua própria marca.
O programa capacita mulheres do Litoral ao curtume e à comercialização da pele do peixe e recebe apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para abrir uma associação desde outubro do ano passado.
Segundo portaria (nº 4 de 2022) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a formação de uma associação é condição para obtenção do registro de Indicação Geográfica (IG), outorgado a produtos ou serviços característicos do seu local de origem.
Na prática, a posse do IG representa o direito de ostentar uma marca comercial, atribuindo reputação, valor intrínseco e identidade própria ao bem ou serviço em questão, tornando-o único no mercado. No Litoral do Paraná, obtiveram IG, a bala de banana de Antonina e o barreado do Litoral (Morretes, Antonina e Paranaguá). Estão em processo para obter o registro, a farinha de mandioca do Litoral e a cachaça de Morretes
O papel do Sebrae no processo ocorre por meio da prestação de assessoria técnica gratuita ao Couro de Peixe, mas não se resume a esta atividade. A entidade também atua no treinamento às 22 curtidoras do programa, juntando-se, assim, à Prefeitura de Pontal do Paraná e ao Provopar (Programa do Voluntariado Paranaense), como parceira do Couro de Peixe.
De acordo com Kátia Kalko Schwarz, coordenadora do programa, a documentação necessária à abertura da associação será entregue ainda esta semana à prefeitura. Normalmente, os trâmites do processo levam, a partir deste passo, algo em torno “de dois a três meses”, estima.
Sobre o Programa Couro de Peixe
A iniciativa do Couro de Peixe existe desde 2007, mas só se tornou programa da Unespar em 2017, tendo como objetivo gerar renda e trabalho para mulheres das comunidades ribeirinhas de Matinhos, Paranaguá, Guaraqueçaba, além de Pontal do Paraná, onde o Programa está sediado. Ao mesmo tempo realiza pesquisas ligadas ao aproveitamento comercial de um produto que, em condições normais, seria descartado.
O trabalho, realizado na própria residência das participantes, rende entre R$ 700 e R$ 2,4 mil por mês pela negociação direta do produto ou de artesanato proveniente dele. No entanto, e como lembra Schwarz, “há casos em que essas cifras são excedidas, como o da curtidora Serli, que conseguiu R$ 8 mil pela venda de mais de duzentas necessaires produzidas a partir do couro de tilápia a uma empresa privada”.
Guaratuba teve a primeira associação do couro de peixe
Em Guaratuba, em 2005, as artesãs Angela Sfendrych e Miriam Clock foram pioneiras no curtume de peixe no Litoral do Paraná. Elas criaram a Associação de Curtidoras Ryo & Mar, que reuniu Zilmar do Rocio Castilho, Girlei Temóteo e Josiane Pereira. Euler Batista era o responsável técnico.
Com recursos próprios, muita disposição e parcerias eventuais produziram inúmeras peças como bolsas, sapatos, bijuterias e muitos outros, e participaram de ações fora de Guaratuba e do Paraná e at´do Brasil para promover as técnicas e os produtos.
A falta de apoio chegou a desanimar o grupo diversas vezes, mas foi o falecimento de Euler em 2020, que fez com que o projeto praticamente encerrasse.
Angela, que sempre esteve à frente nas iniciativas, aposentou-se e hoje faz algumas peças de artesanato com o couro que ainda tem de estoque. Ela ainda acredita que o curtume e a associação ainda irão ser reativados, com novas pessoas.
(Redação do Correio com informações da Comunicação da Unespar)